CAPÍTULO TRÊS

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A atenção que recebia Ana das pessoas da escola levava-a ao topo da cadeia alimentar do ensino médio.

Amizade jurada a eternidade e o namorado quarterback. No imaginário, essa era a vida que toda garota de 15 anos deveria ter.

Sua família patrocinava todo ano o maior evento da escola e esse era mais um dos motivos para que todos quisessem ter o mínimo de atenção da sorridente menina de olhos apaixonados.

Atravessando o largo e tumultuado corredor a caminho da aula de Biologia, Calista chamou atenção não só de Ana, mas de todos ao seu redor.

O que havia levado a uma desgrenhada menina de longos cabelos tingidos de preto e um desbotado laranja transferir-se para aquele renomado colégio no meio do ano?

Calista não se encaixava no padrão impulsionado pelos pais e professores.

Desde então, Ana passou a observar aquela estranha garota. Seu olhar curioso, prestes a capturar uma presa, encontrava o jeans surrado e fazia a contagem de piercings que haviam nas orelhas de Calista todo dia durante o intervalo.

O movimento de colocar o cabelo atrás da orelha, atiçava a curiosidade dela e o quarterback passava a buscar cada vez mais a atenção da namorada para si.

— Por que você não chama logo a esquisitinha para comer com a gente? – Disse George e em seguida beijou o pescoço de Ana.

Ela não havia conseguido se esquivar a tempo e logo assovios soaram na mesa. Ana detestava os infantis amigos de time de George.

— Qual nome dela mesmo? – Riu Tiffany.

— Até o nome é difícil – Irritou-se Maya – Vamos só chamar ela de castor – Todos riram, exceto Ana.

— Quem se importa com o nome da novata? – Jeremy pulou em cima da mesa e ajeitou sua jaqueta do time.

Ana comeu seu almoço sem saborear, estava irritada demais com a atitude dos amigos para dizer qualquer coisa. E também por medo de ser alvo em algum momento das estúpidas brincadeiras.

O retorno das aulas no ano seguinte, estava a excitar Ana. Ela esteve toda as férias pensando em Calista e no que ela estivera fazendo.

Seu relacionamento com George havia chegado ao fim e a estranheza na amizade com Tiffany levou-a a verdade: estava sendo traída pelo namorado e a melhor amiga.

A indiferença dela transpareceu quando viu George aos beijos com Tiffany perto do estacionamento e sua atenção logo fora tomada pelo ronco do motor de uma moto. Ao olhar na direção e fazendo sombra com as mãos em cima dos olhos, viu Calista.

Seu cabelo estava mais curto e no tom natural. Sua pele levemente bronzeada, indicava que ela havia passado pelo litoral. Sua expressão estava mais convidativa e Ana admirou o tom alaranjado de sua aura.

Um mês mais tarde, depois de noites de sonhos incontroláveis e rebeldes, Ana parou de se punir em pensamento e se aproximou de Cali na biblioteca.

— Por que está sentada aí? – Perguntou Ana depois de encher o peito de coragem.

Calista elevou sua atenção ao passo que deixou pender o grosso livro na mão esquerda.

— Porque eu quero.

— O que está lendo? – Não desanimou e sentou ao lado da menina que era alguns dedos mais alta – A Convidada – Sussurrou Ana ao ler – Não é muito...? – Terminou a pergunta ao encontrar os olhos de Calista.

— Muito o quê? Para falar algo você precisa ter lido – A sobrancelha da menina de cabelo escuro arqueou ao franzir a testa.

Ana sabia o que todos não gostavam de falar. Ela sentia o que a levava inúmeras vezes ao toque instintivo em seu clitóris.

SouvenirWhere stories live. Discover now