Regra Número 01: Sem Conversas Pessoais

1.1K 88 76
                                    

- Bom dia senhorita Romanoff – vou escutando essas palavras até chegar a minha sala. Óbvio que cumprimento meus funcionários de volta, mas estava agindo em modo automático, minha mente nesse momento só tinha foco para certo estagiário que as quintas, como hoje, chega pela tarde.

- Você tem duas reuniões hoje pela manhã, uma entrevista para o The New York Times, o senhor Stark mandou avisar que vai precisar da sua ajuda com os novos negociantes e... – Wanda, minha assistente, para de falar de repente olhando para a própria agenda de forma nervosa.

- Eu não tenho o dia inteiro Maximoff, simplesmente diga de uma vez – vou entrando em minha sala e ela faz o mesmo. Observo a pequena mesa vazia no canto me perguntando como seria quando a mesma ficasse assim de vez.

- O senhor Barnes marcou um almoço com a senhorita – saio dos meus pensamentos e volto a encará-la, meu olhar continuava impassível. Eu odiava aquela insistência de James, qual parte do "não existe mais nada entre nós" era difícil de entender.

- Desmarque – respondo e volto a focar nos papéis a minha frente – E Wanda, da próxima vez que ele entrar em contato encaminhe a ligação diretamente para mim ou desligue na cara dele se eu não estiver disponível. Entendeu?

Observo a mesma acenar categoricamente com a própria cabeça antes de se retirar. Estava exausta, fisicamente, por conta de mais uma noite incrível de sexo graças a Steve Rogers, e mentalmente por conta da confusão de sentimentos que estava sentindo nesses últimos dias também cortesia de Steve Rogers. "É só um garoto de vinte anos Natasha, não seja irracional", a forma como minha cabeça doía cada vez que repetia esse pensamento mostrava que o dia não seria fácil.

A entrevista para o The New York Times foi exaustiva, brigar com James pelo telefone quando chegou o horário de almoço foi estressante e mesmo assim nenhum dos dois conseguia me preparar para o fato de ter que encarar meu estagiário que ultrapassava as portas da minha sala naquele momento. "Boa tarde senhorita Romanoff", foi o que o mesmo me disse antes de sentar na pequena mesa que foi designada para ele. O silêncio de sempre reinava no ambiente, nem parecia que ontem à noite estávamos na minha cama e o som que preenchia meu quarto eram os nossos gemidos.

- Você está bem? – a voz relativamente grossa me retira de meus devaneios, sem saber o que responder simplesmente olho para ele – Está com as bochechas um pouco coradas senhorita Romanoff – dou um sorriso constrangido e reviro os olhos, tinha que tirar esses pensamentos da minha cabeça – Posso te ajudar em alguma coisa?

- Claro – assumo minha postura séria novamente – Faça seu trabalho em silêncio.

- Natasha... – o fuzilo com o olhar e é o suficiente para que o mesmo pare de falar – Okay, vou ficar quieto e fazer meu trabalho.

- Escolha inteligente – infelizmente não consigo evitar o sorriso que apareceu no canto dos meus lábios e o ver balançar a cabeça em negação enquanto sorria também, não fazia bem para minha sanidade mental.

- Vou te ver mais tarde? – respiro fundo para tentar acalmar as batidas descompassadas do meu coração.

Levanto o olhar rapidamente ao sentir o cheiro de seu perfume invadir meu espaço pessoal, só então percebo que o mesmo está de pé em frente a minha mesa.

- Sua mãe sabe que você sempre chega em casa durante a madrugada? – o sorriso some do rosto dele.

Steve simplesmente põe alguns papéis sobre minha mesa e volta para a dele bastante sério. O olhar dele era o mais distante possível, na verdade nunca o tinha visto daquele jeito, nem quando estabeleci as regras do nosso "não relacionamento". Pela primeira vez eu me vi desejando que Steve não ligasse para o que eu dizia e continuasse a trabalhar do jeito animado de sempre, não naquele silêncio esquisito e desconfortável.

Cinco horas. Foi o tempo em que ficamos no mais absoluto silêncio. Se um alfinete caísse no chão da minha sala nesse exato momento, seria possível ouvir o barulho. Eu não sabia o porquê de ele ter ficado daquele jeito e mais importante, não sabia por que ligava para isso. As trocas de olhares que geralmente aconteciam não se fez presente durante o dia inteiro, e por mais que detestasse admitir, aquilo estava me incomodando muito.

Começo a arrumar os papéis sobre a mesa, organizando minhas coisas para ir embora. Precisava sair dali, podia continuar o trabalho em casa, mas não conseguia aguentar mais aquele clima esquisito. Obvio que não ia admitir, era cabeça dura demais para isso e ele também, então nenhum dos dois daria o braço a torcer.

- Boa noite Rogers – resmungo quando já estava na porta, mas ele continua calado. Fecho os olhos ainda sem acreditar no que estava prestes a fazer. Jogo meu casaco sobre o sofá que ficava na sala, e apoio meu corpo na mesa dele, finalmente conseguindo que o olhar dele recaia sobre mim – O que aconteceu? Não faça essa cara de quem não sabe do que eu estou falando. Fiz aquele comentário sobre você morar com sua mãe e... Ah meu Deus! É isso? Você ainda mora com sua mãe?

- Isso é uma conversa pessoal – detestava aquele sorrisinho atrevido de quem tinha ganhado uma competição.

- Quer saber de uma coisa? Dane-se, eu não ligo, continue me ignorando – ia sair, mas ele segura meu braço impedindo.

- Se você me deixasse conversar com você como uma pessoa normal e não tivesse todas essas regras ridículas... – aquilo era demais até mesmo para mim, dessa vez me solto do aperto dele e vou em direção ao sofá pegar meu casaco de volta, entretanto ele continua falando – Minha mãe tem Alzheimer e vive em uma casa de repouso, nunca conheci meu pai porque ele a abandonou quando a mesma estava grávida e eu divido apartamento com mais duas pessoas para conseguir pagar o aluguel. E então não, eu não moro com minha mãe e você não vai falar dela.

- Eu sinto muito – sentia minhas bochechas esquentando e queria procurar um buraco para me enterrar agora mesmo – Meus pais morreram ano passado – nem Deus era capaz de saber o porquê de eu estar contando aquilo para ele – Morreram juntos enquanto dormiam, eram extremamente apaixonados um pelo o outro e morreram juntos. Como... eu não sei, Noah e Allie?

- Você acabou mesmo de fazer uma referência ao filme "Diário de uma Paixão"? – o sorriso que ele me deu era capaz de iluminar tudo ao meu redor.

- Cala a boca – saio da sala, mas volto rapidamente – E era um livro antes de virar filme.

- Boa noite Romanoff – não consigo evitar sorrir de volta e vou embora depois de sussurrar boa noite para ele também. 

 

Oops! This image does not follow our content guidelines. To continue publishing, please remove it or upload a different image.
Take it Easy - RomanogersWhere stories live. Discover now