CAPÍTULO 02

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Carmin






— Vou pedir mais uma dose de morfina para ela e vocês podem ir. — A médica que nos atendeu concede. Aplicaram o medicamento para a dor, após verificarem vimos que Desirée tinha duas costelas quebradas. — Ela passou por muita coisa, não deveria estar perto da pessoa que fez isso.

— Eu não a conheço, mas vou me esforçar para não deixar ela voltar para esse relacionamento. — Afirmo. Ela assente com a cabeça e caminha para fora.

— Vou preparar a papelada da alta e chamar a enfermeira. Assim que ela acordar vocês podem ir.

— Obrigada, doutora.

Alguns minutos depois uma enfermeira entra na sala, aplica a morfina na bolsa do soro e pede para que eu assine a alta na saída. Tentamos entrar no celular dela mas sem a senha não conseguimos acessar nada além do teclado para chamada de emergência, então não conseguimos entrar em contato com a família. Além disso, pelas circunstâncias não tenho certeza se ela iria querer que alguém soubesse o que aconteceu – é algo bem pessoal.

Anoiteceu e acabei ficando aqui e esquecendo de ligar para minha mãe. Desirée ainda dorme, então aproveito e retorno, vendo que minha mãe já tinha me ligado outras trocentas vezes. 






Ligação on ~

— Onde em nome de Deus você se enfiou garota? — Atende brava.

— É minha culpa, eu sei. — Levanto a bandeira branca. — Me desculpe, mas aconteceu um imprevisto no estacionamento e tive que resolver. Não se preocupe, está tudo bem comigo. Só vou ter que cancelar o café, infelizmente.

— Carmin, eu te liguei o dia inteiro. Precisava te pedir algo importante de início, depois começou a ser por preocupação já que você desapareceu e não costuma ficar longe do celular. Filha, o que custava avisar que estava bem? Até uma mensagem eu aceitaria, sabe como me preocupo.

— Prometo que vou te explicar tudo depois, está bem? Você vai entender. Podemos remarcar para amanhã?

— Sinceramente, café é a última coisa que estou pensando agora. Mas preciso que venha até aqui ainda hoje, preciso que me leve a um lugar.

— Um lugar? — Começo a me preocupar. Isso é bem estranho. — Onde? 

Minha mãe não me pede para leva-la a algum lugar se não for na cidade já que ela precisa de carro para vir e ela detesta passar tempo no meio de toda essa agitação, a não ser que seja estritamente necessário. Além disso, ela não me pediria para fazer essa viagem no volante depois de escurecer. Sair daqui e ir busca-la, depois ir levar de volta... Ela nunca pediria nada disso se não fosse algo...

— Promete que vai vir com todo cuidado e que só se estiver bem para isso, caso contrário pede um daqueles homens de aluguel para vir me buscar. — Eu daria risada se isso não fosse ainda mais assustador.

"Homens de aluguel" que minha mãe chama são os motoristas de aplicativo, outra coisa que ela odeia porque morre de medo.

— Mãe, não me assusta assim. Vamos, me diga o que aconteceu e onde precisa ir.

— Preciso ir na casa da Beatrice, é urgente.

Gostaria de dizer que apenas a menção desse nome não me deu um arrepio na espinha, que meu cérebro não congelou por um tempo.

Até quando essa história vai mexer comigo?

Definitivamente odeio o fato de ter toda a minha vida sobre controle, exatamente como eu gostaria, mas não conseguir controlar meu próprio coração quando se trata disso.

MEU DOCE PECADO! / Spin-off Da Série Jóias [DEGUSTAÇÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora