Capítulo 1 | Laura

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Laura, 26 anos

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Laura, 26 anos

" Marry olhou dentro dos olhos de Andrew e deu ao seu amado a sua surpreendente resposta. -Sim! Eu me caso com você!"

Após a luz do lampião se apagar, Laura Lewis soube que era hora de parar de escrever. Olhou para os dedos já bastante calejados e suspirou.

Laura era uma escritora. Escrevia sobre romances. Romances que ela nunca teria igual e que ninguém leria, afinal as mulheres não eram bem vistas, mulheres escritoras então? Um absurdo!

O que ela tinha de diferente das suas personagens? Laura sabia que não se casaria. Diferentemente de suas outras três irmãs.

Após a morte de sua mãe e o abandono repentino de seu pai, Laura Lewis ficara encarregada da criação de suas outras três irmãs, Lyana, Elizabeth e Arabella.

Apesar da pouca idade na época, Laura fez o que estava ao seu alcance, uma criança. De fato, cuidando de outras crianças.

Tratou de envelopar e engavetar as folhas escritas na sua escrivaninha, ao lado da lamparina estava a carta mais recente de seu pai. Ao reler a carta, seus olhos pararam em uma linha específica:

Espero que em meu regresso, todas hão de estarem devidamente casadas, caso contrário, vergonha cairá sobre a família.

Seu pai, sempre tão duro. Lembrou de quando os tempos eram outros, por mais nova que fosse, naquela época, Laura tinha uma boa memória.

- Ora, pare de se lastimar Laura Lewis! - Falou para si mesma.

Levantou-se de sua cadeira, passando a mão pela saia desajustada e seguiu para a saleta principal onde as suas irmãs se encontravam.

- E o que fazem acordadas a essa hora da noite? - as três, que cochichavam ao pé do ouvido, se voltaram para Laura e sorriram.

- Estávamos conversando sobre o Elijah, nosso vizinho, sabia que ele vai se casar amanhã com Sabine? - Arabella suspirou.

- Ele deve ter sido um cortejador e tanto! - falou a Senhora Havany, sempre com as suas aparições repentinas e assustadoras.

- Não encha a cabeça das pobres coitadas com esses ideais Senhora. Todas nós sabemos que os homens só pensam em uma coisa! - riu Laura.

- O quê? - Falaram as três mais novas em conjunto.

- Bom... Ninguém nunca me contou! - Laura piscou para as irmãs sentando-se junto a Lyana que puxando Laura pelo ombro, cochichou em seu ouvido:

- Eu preciso de um favor!

- Venha, vamos até a dispensa, sim? - falou Laura.

Laura sempre foi uma boa confidente para as duas irmãs. Sempre fora uma boa amiga, embora ela não pudesse contar os seus próprios segredos.

- Eu preciso que você leve Seraphia na ferraria do Senhor Alban. - Lyana demonstrava certa urgência na sua voz.

- Quem? - Ela tirou um embrulho de dentro de seu corpete, estava tão compacto que era de se imaginar como cabia algo ali dentro. Desfez as amarras e mostrou uma adaga partida ao meio.

- Laura, conheça Seraphia, Seraphia, conheça Laura. -  Ela esticou as mãos para que Laura pegasse o pacote.

Rapidamente fechou a porta da dispensa para que ninguém a escutasse.

- Lyana... Sabes que não podes continuar com essas brincadeiras de molecote. Você está prestes a arrumar um pretendente, o que ele diria se soubesse de seu segredo, Han?

- Eu juro, pela alma de mamãe, última vez! - cruzou os pequenos dedos em forma de juramento.

- Tudo bem, tudo bem! Mas não hoje, por hora, trate de dormir.

                         ¤¤¤¤

Já deitada em sua cama, Laura pensava em todas as possibilidades de vida que poderia ter, mas nenhuma delas incluiria um casamento. Ela já tinha 26 anos, nenhum cavalheiro queria uma dama velha. Todos os anos que passará cuidando e educando suas irmãs haviam lhe roubado o interesse nesses tipos de coisa. Pensou em Rupert. O rapazote escocês que conheceu a três dias atrás. Lembrou da troca de olhares e dos toques trocados, do quanto ele beijava bem, beijos esses que ficaram escondidos em segredo no fundo de sua memória.  De fato ele seria um bom partido, se não fosse tão velha.

Desde os seus 20 anos decidiu que viveria a vida assim. Solteira, sozinha, se permitindo sentir alguns prazeres da vida.

Olhou para janela, a noite estava estrelada.

Oh, mamãe... Seria tão mais fácil se a senhora estivesse aqui. Pensou enquanto se perdia em seus sonhos.

as irmãs Lewis Where stories live. Discover now