⍟ sixty four

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O caminho até o hospital pareceu mais longo do que normalmente era. A madrugada em Vancouver trouxe um silêncio ensurdecedor nos corredores da clínica, haviam pouquíssimos enfermeiros perambulando entre um quarto e outro com suas pranchetas em mãos.

Jungkook e Layla tinham percorrido para o hospital mais próximo e igualmente capacitado. Juntos, eles transferiram Hannah para a unidade de emergência, desacordada, enquanto Jimin foi orientado a uma sala de atenção primária sob a disposição de Maryse, que também trabalhava naquele hospital quando não estava na sua clínica particular. 

Layla estava sentada em uma cadeira enquanto Jungkook caminhava de um lado a outro. Os olhos dele estavam inexpressivos, sem foco, mas a preocupação era nítida na palpitação de seu coração. Jimin estava sob observação a cerca de vinte minutos e até agora não houve nenhum sinal sobre o seu estado.

A porta se abriu em um retângulo de claridade e Maryse saiu. Layla levantou-se apressadamente na mesma hora que Jungkook parou de andar. A médica se aproximou deles com um olhar favorável no rosto, então lhes deu um sorriso tranquilo. Apesar de não saber quais eram as notícias que ela trazia, Jungkook se descobriu começando a relaxar.

– Então – ele disse. – Como ele está?

– O menino está bem. – Maryse garantiu, ouvindo suspiros de alívio. – Eu potencializei o antídoto, isso permitiu que o organismo dele expulsasse o veneno voluntariamente para fora.

Layla deslizou seu braço pelos ombros de Jungkook e lhe deu um aperto amigável, gesto esse que serviu de conforto, ou melhor dizendo, de colo. A boca dele se contraiu um pouquinho para cima ante aquilo, realmente mais leve com aquela notícia. Jimin não falou muitas palavras no meio do caminho, e quando dizia, eram barulhos indistintos, incapazes de serem ouvidos.

Foi Layla, aliás, quem o tentou manter calmo ao passo que também se esforçava para deixar Hannah acordada. A menina havia perdido muito sangue, ainda que Layla tivesse improvisado uma faixa para estancar o fluxo de sangue. O detetive também arrumou formas de segurar a atenção de Hannah, mas um pouco antes de chegar no hospital, ela desmaiou.

– Como a Hannah está? – Jungkook perguntou em seguida. Pela reação de Maryse, a resposta não parecia ser boa.

– Ela está agora sob o processo de drenagem. – seu olhar firme alternou entre ambos detetives. – Ela perdeu muito sangue, estamos aguardando doações. Por enquanto, é recomendado que ela esteja em observação até que as memórias voltem.

– Isso pode demorar? – Layla perguntou.

– Depende. Não temos noção da quantidade de droga que foi injetada nela, a depender disso, talvez ela nunca mais recupere as memórias por completo.

Jungkook levou um segundo para assimilar aquela informação. Apesar de ele estar usando um casaco grosso, Layla pôde sentir o músculo dele endurecendo sob seus dedos, mesmo através da camada dupla que os separavam. Com isso, a agente se virou para olhar para ele, igualmente surpresa.

Em algum lugar de sua mente, Jungkook encontrou Jimin ouvindo aquela notícia — que também poderia não ser nada além de uma terrível possibilidade —, e o imaginou tristinho, os pequenos olhos cheios de lágrimas. Hannah tinha desafiado as fronteiras do que é considerado uma amizade para reencontrá-lo e agora nem mesmo se lembrava do nome dele.

Pior, ela corria o risco de nunca mais se recordar de nada. O passado simplesmente seria apagado de sua memória para sempre, como se nunca tivesse existido. Por um momento, Jungkook se perguntou como contaria para Jimin sem toda essa situação parecer tão preocupante.

– Você falou sobre doação de sangue? – Layla perguntou a Maryse, arrancando Jungkook para fora de seus próprios pensamentos.

– Sim.

dangerous || 1ª TEMPORADAWhere stories live. Discover now