Capítulo 06

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O barulho das cozinhas era silenciado ao filtrar pelo escudo de abafamento ao redor deles. Draco inclinou ligeiramente sua cabeça e examinou Potter por trás de seus cabelos. Potter estava absorvido em seu trabalho, prato de panquecas esquecido na mesa.

Os sonhos de Potter eram horríveis; Draco, pelo menos, havia podido experienciá-los lúcido. Ele sabia muito bem o que era ter um sonho: sem controle, e em que todas as ações eram, no fim das contas, fúteis. Ele viu isso em cada linha tensa do corpo de Potter nos sonhos — e pior, Potter havia vivido esses eventos. Era surpreendente como Potter — o acordado — não havia se tornado amargo, depreciativo, e sarcástico.

Potter havia quase parado suas andanças noturnas. Ele estava resignado com Potter dormindo em sua cama, mas isso significava que ele tinha motivos para estar um pouquinho orgulhoso em vê-lo alerta e revigorado.

Draco ainda estava incerto sobre Potter ser seu amigo, no entanto. Ele havia aceitado a companhia de Potter no início das manhãs, mas... o que sua mãe faria depois? Draco já sabia o que seu pai iria querer que ele fizesse, no mundo pós-guerra. Ele aceitaria imediatamente as propostas de amizade de Harry Potter e, então, usaria essa amizade para impulsionar a reputação dos Malfoy.

Draco supunha que sua mãe aceitaria essa amizade também. Draco sorriu internamente. Sua mãe nunca faria algo tão evidente como usar uma amizade para impulsionar reputação. Ela faria de Potter um amigo próximo, de forma que um aumento na reputação pareceria algum efeito colateral.

Mas talvez, Draco deveria ser amigo de Harry Potter meramente porque Draco desfrutava de sua companhia, não importa o quão estúpido isso possa ser.

Observou Potter remexer pelos livros, escrevendo em sua letra de médico¹ no pergaminho. Depois de suportar um minuto de suspiros frustrados de Potter, Draco ficou com pena e se virou para ajudar.

Draco não achou que sonserinos o emboscariam, mas eles o fizeram, quinta-feira pela manhã quando Draco estava indo das cozinhas até a biblioteca. Eles o rodearam em um dos corredores empoeirados e normalmente vazios que ele frequentava — o que significava que haviam estado observando, e Draco teria que estender o alcance de seus feitiços de detecção. Ou talvez ele tenha se tornado complacente com a companhia de Potter.

Era um grupo formado por majoritariamente anos intermediários — terceiro, quarto e quinto. Sua porta-voz era do sétimo ano, no entanto. Ela era tão alta quanto Draco, pele igualmente pálida, mas cabelo escuro como a noite.

"Draco Malfoy." A maneira como ela curvou o lábio ante seu nome o divertiu. Era algo que ele costumava fazer. "Há algo que deseja de nós? Sua ajuda é para ganhar nosso favor?"

Draco encontrou seu olhar inexpressivamente.

Alguns segundos se estenderam para um minuto. Quando Draco pestanejou, a garota do sétimo ano ergueu e desviou os olhos.

"O-olha." Ela parou, provavelmente mortificada por ter gaguejado. Ela levou apenas um segundo para se recompor, mas seus olhos se fixaram em um espaço logo acima dos olhos de Draco. "Entenda isso, Draco Malfoy, que não necessitamos de sua ajuda. Qualquer coisa prestada a nós será considerada sem laços ou vínculos de dívida."

Draco voltou seu olhar para os sonserinos atrás dela. Eles se erguiam quase como grifinórios e encontraram seu olhar, ainda que apenas brevemente. Draco se entreteu com a ideia de falar com eles, ou usar Legilimência em grupo. Seus olhos se estreitaram levemente. A maldição ainda zumbia ligeiramente sob sua garganta, cortesia de um bruxo do lado da "Luz". A pressão reconfortante da magia do pingente, de gerações de Malfoy e da magia de seu pai, lhe deu coragem. Ele se decidiu pela Legilimência.

The Standard You Walk Past • drarry [portuguese version]Where stories live. Discover now