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Estamos danificados demais para sermos consertados . - The originals.

Penúltimo capítulo

Beatriz

A atitude de Bruno era muito bonita, mas não seria justo com ele. O mesmo já sofreu muito por minha causa, e deixar que ele assumisse um filho que não é dele, seria a gota d'água.

A única atitude que tive foi de abraçá-lo, o aperto em meus braços sentindo seu delicioso perfume.

- Obrigada, mas isso é demais pra mim. Não posso aceitar. - digo, após nos separamos do abraço.

- Ei, eu posso fazer isso. - pega na minha mão. - eu sempre quis ser pai. - confessa.

Sorrir com o que ele acabou de dizer. Bruno com certeza seria um belo pai, mas não comigo. Não iria mais interferir na vida dele.

Surge um longo silêncio entre nós. Bruno se levanta e vai até minha prateleira com todas as nossas fotos.

- Está vendo? - sussurra. Concordo que sim e ele continua. - estaremos sempre juntos, um cuidando de outro. Bea, não quero que fique comigo como um casal. - ele olha para mim e deixa nossa foto sobre a cama. - só me deixe da um nome pra sua filha, ela será apenas um bebê que não pediu para vim ao mundo.

- Posso pensar? - pergunto.

Bruno diz que tudo bem. Seus olhos fixam-se nos meus por vários longos segundos.

- Tenho que ir, mais conversamos. Está bem? - Bruno pergunta.

- Tá bom.

Ele ainda acreditava e via que eu era a mesma Beatriz de antes. Mesmo estando grávida e ter me casado com outro.

Só o que preciso agora é de um tempo.

Pensar em tudo e na proposta de Bruno, não quero que ele se sinta na obrigação de cuidar da minha filha.

Minha mãe coloca a cabeça pra dentro do quarto, sorrir e entra.

- Tá tudo bem? - pergunta.

- Bruno quer assumir a Lua. - digo.

- Que atitude linda minha filha.

Mamãe sentar-se na beirada da cama e sorrir feito boba novamente.

- Não quero que ele tenha obrigação comigo, fiz ele sofrer demais.

Queria saber o que Bruno estava pensando. Talvez eu o entendesse.

- Por que não dá uma chance e descobre? - minha mãe pergunta.

É, talvez.

4 meses depois

Bom, estou com finalmente nove meses. Esses quatro meses foram ate que bons, é claro que tive alguns surtos durante esse tempo. Quando completei sete meses, tive um sangramento e quase foi feita uma cesariana de emergência.

Porém graças a Deus, Lua conseguiu segurar a vontade de vim antes do tempo.

Não aceitei até hoje a proposta de Bruno, me sinto culpada e envergonhada por tudo que fiz com o mesmo. Pensei e repensei, e não cheguei a nenhuma conclusão.
Bruno apesar de eu não ter aceitado ainda, sempre me acompanha nas consultas. E em uma madrugada, eu tive um desejo inusitado.

- Não Beatriz, não vou deixar você comer isso. - ele diz.

Faço gestos e tento fazer minha carinha de menina triste. Mas não adiantou.

- Deixa ela comer, se não minha sobrinha vai nascer com a cara do desejo. - Clystoff dizia largado no sofá.

- Quer que eu deixe sua irmã comer barro com leite? - Bruno pergunta.

- Sim. - Clystoff diz simplesmente.

Bruno não me deixou comer, e acabou com eu vomitando feito louca.

Esse não foi o único desejo estranho que eu tive.

Agora estou no meu quarto arrumando os últimos detalhes do quarto de Lua, meu quarto foi pintado de rosa. Não curto muito essa cor, mas foi tudo presente das dindas babonas dela.

Tudo pronto pra chegada dela.

- Posso entrar? - Clystoff pergunta já entrando.

- Já entrou. - respondo.

Resolvo fazer uma pegadinha com ele. Passo minhas mãos sobre a barriga e finjo estar sentindo dor.

- Ai, aí. - finjo dor. - Lua vai nascer Clystoff.

- AI MEUS DEUS! tem certeza? - pergunta segurando na minha mão. E eu finjo que sim. Meu irmão andava de um lado para o outro sem saber o que fazer. - Tudo bem, eu vou chamar um Uber.

Caio na gargalhada, Clystoff me olha sem entender. E eu digo que estava apenas brincando.

- Não tem graça Beatriz, quer me matar do coração? - pergunta.

Paro de sorrir quando sinto um líquido escorrer sobre minhas pernas. Só podia ser brincadeira. No mesmo instante começo a senti cólicas super fortes.

- Ai. - digo.

- Não vou cair dessa vez. - coloca o celular sobre o bolso.

- Não tô brincando, dessa vez é sério. - gemo de dor. - minha bolsa estourou. - choramingo.

- Espero do fundo do meu coração que você esteja falando a verdade. - Clystoff continuava parado sem fazer nada.

- ANDA LOGO SUA ANTA. - grito com dor.

E foi no meio de uma brincadeira que Lua decidiu que era a hora de vim ao mundo.

Clystoff gritava com o motorista para ele ir mais rápido, e eu tentava não gritar com meu irmão.

Quando chegamos no hospital trouxeram logo uma cadeira de rodas para mim.

- Clystoff não me deixa sozinha.

- Bruno já está vindo, se eu entrar com você sou capaz de desmaiar. - ele dá um tchauzinho e fica pela recepção.

Ahh eu vou matar ele.

Nem checaram para ver quantos centímetros tinha dilatação, Lua já estava com a cabeça para fora.

- Você precisa fazer força. - O médico disse.

Bruno não havia chegado, talvez tenha pegado trânsito ou algo parecido. Chorei triste, queria meu melhor amigo aqui nesse momento.

Parei de fazer força, eu não iria conseguir.


Ainda amo você Onde as histórias ganham vida. Descobre agora