02 | você não deveria ter voltado.

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Eu estava apavorado

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Eu estava apavorado.

Passei quase todo o trajeto até Nova Jersey em um debate interno entre seguir até o fim ou dar meia volta com o carro. Meu ato impensado estava começando a pesar e eu, é claro, considerei todas as opções que estavam a minha altura. Inclusive a de largar aquela ideia maluca e voltar para a minha vida e a minha Tour, de onde eu nunca deveria ter saído, para começo de conversa. Não era como se tudo ainda estivesse completamente perdido para mim. Afinal, no pior dos casos, o que eu receberia seriam algumas horas de atraso e um Jeff muito furioso. E isso, em comparação às milhares de recepções que já projetei em minha mente me pareciam menos difíceis de se enfrentar do que um ataque de chilique do meu assessor.

Principalmente porque eu não fazia a menor ideia do que encontraria quando chegasse lá.

Não sabia como os meninos reagiriam com o meu reaparecimento, e, por incrível que pareça, nem como a Maeve agiria ao me ver. Até porque era inevitável pensar neles e não pensar nela também. Ou era o que eu tentava me convencer.

Apesar de ter sido taxativa na última vez que falou comigo, haviam se passado oito anos desde a sua promessa. É natural que alguns ressentimentos, sejam eles quais forem, se percam durante o caminho... não é? Por isso não deixei de me perguntar se ela realmente a levaria ao pé da letra ou se falaria comigo, ao menos em nome da nossa antiga história. Pelo que eu conhecia da Maeve, a estética rancorosa não fazia bem parte da sua essência. Ela costumava dizer que tinha o coração mais mole de todos. E era verdade.

Só que eu conhecia. Pelo menos a versão de 18 anos.

Mas agora eu estaria lidando com uma mulher de 26 anos. Não sei o que posso acabar encontrando.

E mesmo que eu deteste admitir, tal incógnita mexeu com a minha cabeça o caminho inteiro.

— Chegamos, chefe.

O carro parou de repente, e eu visualizei, através da janela, que meu tão temido destino estava ali, apenas há alguns metros de mim. Meu corpo todo se arrepiou em um misto de ansiedade e medo. Era real. A igrejinha que reconheci dos meus tempos da adolescência me fez cair em mim que não havia mais como recuar.

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