Capítulo 20 - Byun Beakhyun

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P.O.V's Byun Beakhyun (Point Of View's Byun Beakhyun)

Meu dia estava mais ou menos bom. Acontece que, hoje, por algum motivo, Alecsander não apareceu. Não sei o que deu, mas tomara que tenha morrido.

Agora são 8 horas da noite e eu não tenho nada pra fazer e não estou com sono. Olhei para o meu teto com um ventilador e uma lâmpada simples. Meu quarto todo é simples, só tem alguns objetos pessoais em cima de uma mesa e alguns desenhos meus pendurados nas paredes. Não gosto de muito exagero. Começo a me lembrar de antes daqui, eu era bem agitado e adorava exageros.
Também, que criança de 10 anos não é imperativa?


Oito anos atrás...

Eu ria para minha mãe enquanto dizia que não adianta mais me bater, pois agora eu gostava disso.

Sim, eu sei que é estranho, mas... É mais forte que eu. Depende a força com que minha mãe me bate, eu sinto prazer.

- Pare de dixer maluquices, seu garoto idiota! - seu chicote preto de couro deixava marcas que ardiam em minhas costas. Ela bateu muito forte desta vez - Eu já te disse que se não parar com essas suas merdas, você vai para o inferno e eu mesma te levo! - histérica, minha mãe não parava de me bater. Cada chicotada liberava uma lembrança minha -

Quando eu nasci, ninguém me queria. Fui um bebe indesejado, causado por um "acidente". Bem, vocês sabem como os bebês nascem.
Meu pai nos abandonou um ano depois de eu nascer e minha mãe enlouqueceu. Ela começou a beber e fumar e passava a maior parte do dia fora e só voltava a noite.
Minha tia que cuidava de mim, tinha dó de me deixar sozinho pois quando ela chegava à noite, minha mãe, Kaylee, praticamente expulsava minha tia e ia dormir ou tomar um banho. Se eu chorava, no outro dia meu corpo estava todo marcado. Eu era pequeno para lembrar, mas minha tia não parecia brincar quando me contava essas coisas.
O tempo foi passando e depois de anos e anos, sem sinal do meu pai ou de uma mãe sóbria, eu continuei apanhando. Tudo só piorou pois com o tempo, meu corpo ficou mais resistente e com essa desculpa, minha mãe me batia com mais frequência e mais força.

No dia em que eu disse aquilo pra ela, no dia que eu falei que não adiantava mais me bater, eu ria pois acreditava ter achado a cura para a dor. Para um garotinho de 10 anos, sentir prazer na dor era como descobrir a cura do câncer. Se eu não sofresse, não teria porque ela me bater e assim, na minha cabeça, ela ia parar de me bater e ser uma mãe melhor, a mãe que ela deveria ter sido esse tempo todo. Como eu era bobo, Deus.

Como você pode prever, tudo só piorou. Minha mãe encontrava prazer e um jeito de viver se alimentando da minha dor e sofrimento. Se ela não tivesse isso, ela não viveria em paz. Acontece que ela não estava brincando quando disse que se eu não parasse, ela mesma me levaria ao inferno. O Inferno chamado Henry Willians Hospital Pisquiátrico.

No dia seguinte, a mulher simplesmente me deixou na frente do hospital e fugiu. O cara que estava de recepcionista me perguntou se eu era paciente ou coisa do tipo (acho que ele era novato) e quando eu expliquei para ele que minha mãe tinha me deixado ali e ido "passear" ele disse que ali seria a minha nova casa.
O homem era alto, branco pálido e usava uma roupa como as de um enfermeiro. Seu cabelo era preto enroladinho e seus olhos castanhos. Ele parecia preocupado comigo e eu aceitei sua ajuda. Quem me dera ter fugido essa dia, quem me dera.
O nome dele era Jack. Jack foi muito legal comigo enquanto trabalhou no hospício. Ele era como um pai pra mim, um pai que eu nunca tive. As outras crianças não gostava de mim pois eu sempre tive várias marcas devido as agressões que sofria da minha mãe. Por isso, comecei a usar roupas largas, camisas de manga comprida e não falava muito com ninguém. Digamos que os pacientes não eram muito amigáveis. Na época, eu era o mais novinho do lugar. Com o tempo passando, percebi que todos iam embora menos eu. Me perguntava por que eu continuava ali e por que minha mãe não havia chegado do passeio dela. Ela nunca voltou, nem uma vez sequer, nunca mandou nem uma carta, nem nada. Nunca me visitou. Eu sempre tentava mandar cartas mas acho que nem chegavam a ela, por eu ter apenas dez anos quando vi minha casa pela primeira vez, não tenho certeza se sabia meu endereço direito. Eu nunca fui uma criança muito esperta.
O tempo passou e eu aprendi a viver aqui. Eu até gosto desse lugar, se não fosse o Alecsander e alguns babacas aleatórios por aí, eu poderia viver aqui tranquilamente.
Sinto muito a falta do Jack, nunca soube o seu sobrenome, ele nunca quis me contar. Jack me acompanhou até meus 15 anos, eu o amava, como um verdadeiro pai. Mas um dia ele... Ele simplesmente sumiu. Eu nunca mais vi ele.
No dia do seu desaparecimento eu pensava que ele havia cansado de mim e desse lugar e tivesse fugido para longe, ido passear como a minha mãe. Eu chorava dia e noite e me disseram que nunca poderia sair se não, eu morreria. De fome ou talvez me suicidasse.
Eu prefiro me matar do que continuar vivendo nesse inferno, sem ninguém.
Eu só tinha a Kimberly e a Cistine. E a Kim se foi. Eu continuo vendo ela as vezes, pelos corredores. As vezes me parece que ela tenta falar comigo mas eu dou risada e ignoro. Eu já devo ter ficado louco com tantos remédios que me deram.
Alecsander me deu. Ele é o próprio demônio encarnado. Foi ele quem apareceu depois que o Jack sumiu, mas infelizmente ele não ficou de recepcionista. Eu não sei bem qual é cargo dele, mas pra mim, é torturador profissional.
Por culpa dele, Kimberly se matou. Por culpa dele, eu quero me matar. Por culpa dele, eu não falo mais direito com Cistine. Por culpa dele, eu não vivo mais direito. Por culpa dele, eu não durmo a noite. Por culpa dele, eu não aguento mais! Eu não tenho mais motivos... Não tenho mais motivos pra viver...

Meus olhos saíram do teto e se concentraram na minha mesa. Eu não podia ter nada com ponta, nem se quer uma caneta, pois eles sabiam que eu poderia tentar me matar. O único jeito então, seria me enforcar.

Coloquei minhas mãos ao redor do meu pescoço e comecei a apertar. De repente, uma voz ecoou pela minha cabeça:

- Por favor Beak, não faça isso! Eu... Eu preciso de você! A Cistine também e todos os outros. Com você, podemos vencer!

A voz era da Megan. Pensei no que teria sido isso e desabei em lágrimas. Chorei até dormir. Já fazia algum tempo que eu não chorava, foi bom me aliviar.
Na manhã seguinte, fui me encontrar com Megan mas sem mencionar a noite passada.

- Eu... Eu tenho uma proposta pra te fazer... - Megan dizia hesitante enquanto enrolava uma mecha de cabelo no dedo e olhava para os lados -

- Pode falar Mavis, eu deixo - ri e ela sorriu para mim -

- Você aceitar testemunhar contra esse lugar comigo? A gente fala as coisas para o Connor e ele vai entregar os donos para a polícia! - a loira dizia animada - Por favor, por mim - Megan fez um biquinho muito fofo, como se já soubesse que mjnha resposta seria não -

Pensei por um tempo e me lembrei de ontem. "Eu preciso de você! Cistine também e todos os outros!". Será que... Eu previ que isso aconteceria? ...
Bem, ontem, você salvou a minha vida. Acho que te devo essa.

- Tá bem, mas só porque eu sou um amor de pessoa - nós rimos -

The Madhouse (O Hospício)Where stories live. Discover now