Capítulo 23

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Na manhã seguinte, acordei com o ronco de Noah. Abri meus olhos para vê-lo dormindo pesado. Eu não queria acordá-lo porque sabia que estava exausto depois da viagem a Paris. Não podia acreditar que ele havia trabalhado tanto só para conseguir voltar mais cedo.

Estudei os traços de seu rosto enquanto ele dormia para guardar todos os detalhes em minha memória. Acho que nunca me cansaria de olhar para ele. O que havia me surpreendido no último mês era o quanto eu adorava ficar com ele. Não achei que seria possível me sentir tão confortável com Noah, mas estava começando a me perguntar como é que tinha vivido tanto tempo sem ele. Meu telefone tocou na mesa de cabeceira e eu me soltei do braço dele com cuidado para ver quem estava ligando.

Quando vi que era o meu pai, rolei na cama e saí do quarto na ponta dos pés.

- Alô?

- Oi, Any. - Ele parecia cansado e tentei calcular o horário nos Estados Unidos, mas minha cabeça ainda estava devagar demais para fazer cálculos matemáticos. Eu sabia que era cedo demais para uma ligação telefônica.

- O que aconteceu, pai? - Fui até a biblioteca e peguei um dos cobertores no pequeno sofá.

- O médico quer que eu adie minha viagem.

- Por quê? - Roí minha unha, esperando pela má notícia. Não podia ser outra coisa.

- Não houve nenhuma mudança no exame e eles estão me dando um remédio diferente. - Ele parecia tão cansado que meu coração se apertou.

- Então precisamos trazer você para cá mais rápido ainda.

- Eu quero esperar. O remédio faz com que me sinta muito mal. - Ele suspirou. - Eles disseram que levaria um tempo para me acostumar com ele.

- Papai, por que eles não experimentam outra coisa? - Sacudi minha cabeça com raiva. - Isso é loucura! Eles precisam mudar o tratamento. - Ele ficou um tempo sem dizer nada e eu ouvi sua respiração pesada. - Pai?

- Isto é o melhor para mim agora. Até mesmo o Dr. Bielefeld acha isso.

- Você falou com o Dr. Bielefeld? - Aquilo fez com que eu me sentisse melhor. - Ele está conversando com seus médicos nos Estados Unidos?

- Sim. Eles entraram em contato com ele quando receberam os resultados dos meus exames. Já falei várias vezes com ele. - A voz dele estava tão tensa.

- E por que está acordado a esta hora? Sua voz está horrível.

- Nossa, obrigado, querida. - Ele riu e, por um segundo, pareceu ser ele mesmo.

- Estou falando sério. Por que está me ligando tão cedo?

- Eu queria falar com você antes que seu dia começasse. Sei que está bastante ocupada e não queria atrapalhar ligando mais tarde.

- E o que é que o remédio faz? Quero dizer, por que está se sentindo tão mal?

- O remédio me deixa ruim do estômago. - Ele suspirou. - E tenho dificuldade para dormir.

- Eu vou para casa. - Cocei meu rosto. - Krystian pode conseguir um voo para mim hoje à noite ou amanhã.

- De jeito nenhum - gritou ele. Fiquei paralisada, surpresa, afinal, ele nunca levantava sua voz. - Eu vou até aí, lembra? - A voz dele se suavizou. - Só preciso esperar o remédio fazer efeito.

- Quero ir até aí. Eu não teria vindo se soubesse disso.

- Eu sei. - O tom de voz dele me fez franzir a testa. - Está tudo bem. Não queria te deixar chateada, mas sabia que iria querer saber.

Suddenly Royal •Noany• [✔]Where stories live. Discover now