Uma História em Hogwarts

O Expresso de Hogwarts

É o meu sexto ano em Hogwarts e posso dizer com certeza que atravessar a plataforma 9 3/4 não fica mais fácil. Sempre tenho a impressão de que algo vai dar errado e eu vou bater de frente no concreto sólido. Para quem nasceu em família bruxa esse tipo de coisa é extremamente comum, mas até os meus 11 anos eu não sabia que nada disso era possível. Ainda hoje parece que tudo é uma alucinação e que a qualquer momento eu vou acordar de um coma ou algo do tipo.

Me despeço dos meus pais que me acompanham e apesar de já termos feito isso antes, minha mãe está chorosa. Meu pai se mantém firme e com um sorriso me diz pra tomar cuidado na escola. Prometo que vou escrever sempre e com o coração pesado da despedida, empurro meu carrinho rapidamente em direção a parede entre as plataformas 9 e 10 e quando parece que vou acertar a cara nos tijolos, eu passo para o outro lado. 

Um piado alto de irritação chama a atenção de algumas pessoas em volta e eu olho para Hope de cara feia.

- Já disse que vou te soltar quando o trem sair, não posso fazer isso antes.

A coruja preta me olha entediada. Comprei Hope no meu primeiro ano e é sempre difícil transportá-la porque ela odeia ficar presa. Ela pia, me olha de cara feia e tenta bicar o cadeado da gaiola. 

- Controla sua coruja, Young. - ouço uma voz grave e ácida dizer ao meu lado.

- Cuida da sua vida, Delacrox. - eu digo com irritação e me direciono pra dentro do trem.

Jason Delacrox é um sextanista loiro alto da sonserina que gosta de infernizar tudo e todos. Insuportável, eu diria. Não perde a oportunidade de fazer um comentário maldoso e debochado, principalmente com nascidos trouxas. 

Nem todos os alunos da sonserina são adeptos de magia das trevas e dessa idiotice de pureza de sangue, como todos pensam. Mas Delacrox é o exato estereótipo da casa, arrogante, convencido e anti-trouxas.  Alguns dizem que seus bisavós eram simpatizantes de Grindelwald e depois seus avós apoiaram o Lorde das Trevas na primeira guerra bruxa, mas são só boatos, ninguém sabe se é verdade. 

Acho uma cabine vazia e acomodo meu malão no compartimento de bagagens. Quando termino, Emily entra na cabine e me surpreende com um abraço apertado. Emily Prewett é minha melhor amiga e a pessoa mais inteligente do mundo. Seus cabelos e olhos escuros contrastam com sua pele muito branca e seu rosto é angelical e delicado.

- Eu senti tanta saudade sua. - ela diz me soltando.

- Eu também. Me desculpe não ter ido passar uns dias na sua casa esse verão, as coisas estavam um pouco loucas em casa. 

-Tudo bem, eu entendi melhor que minha mãe pra falar a verdade. Ela ficou devastada quando eu disse que você não vinha esse verão. - ela disse rindo.

Emily vem de uma família inteiramente bruxa que mora em uma casa bem afastada da cidade, ir pra sua casa no verão é quase uma tradição. Nós nos divertimos muito voando de vassoura com seu irmão Dylan, ele está no sétimo ano e é batedor do time da grifinória. 

Nos sentamos e conversamos sobre nossas férias e elas não podiam ser mais diferentes.

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