A carta

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POV JASON

Estou no salão principal em uma manhã quente de abril tomando café com o resto dos alunos da sonserina quando o correiro chega. As corujas voam acima das nossas cabeças soltando pacotes, jornais e cartas e avisto minha coruja das neves Frost chegando, ela deixa cair o pacote com os artigos de manutenção de vassouras que eu pedi, o Profeta Diário e junto de tudo uma carta em um envelope preto fechado com cera verde carimbada com uma letra "D" adornada. Reconheço o envelope que meu pai usa, mas nunca recebo cartas dele, só nos falamos bem superficialmente quando eu vou pra casa nas férias.

Abro o envelope e me deparo com o papel de carta elegante e algumas poucas linhas  escritas com sua letra brusca: "Jason, estou escrevendo com antecedência para informá-lo que partirei esta semana para uma viagem de 10 semanas para a França para tratar de assuntos oficiais do ministério. Voltarei na primeira semana de julho, mas você pode permanecer em casa na minha ausência no primeiro mês de suas férias. Elly cuidará de tudo enquanto estiver lá, se precisar de dinheiro sabe onde achar. Certifique-se de escrever para sua avó em seu aniversário na próxima semana. Assinado Henry Delacrox."

Olho incrédulo para o papel em minhas mãos, nada de "como você está filho?" ou "sei que não nos falamos desde o último verão mas estou com saudade" ou "estou ansioso para revê-lo depois de um ano". Não sei por que ainda me surpreendo. Me levanto da mesa subitamente sem apetite e me retiro do salão irritado. Clássico de Henry Delacrox, não vê o filho há 10 meses e tudo que ele sabe falar sobre é sua viagem pelo ministério, dinheiro e escrever uma carta estúpida, como se eu fosse me esquecer do aniversário de 90 anos da minha avó. Ele nem se preocupou em mencionar que não estaria lá para meu aniversário de 18 anos e parece não dar a mínima, ele provavelmente vai me dar um daqueles presentes genéricos que foram obviamente comprados pela sua secretária.

Mas eu não deveria estar tão surpreso, esse é meu pai: educadamente distante, sempre foi e sempre será. Tudo que importa pra ele é seu estúpido status de funcionário importante do ministério e dinheiro. Me sento com a cabeça entre as mãos na minha cama no quarto de monitor-chefe com um mau humor infernal. Decido me ocupar em abrir e testar meu novo kit de cuidados com vassouras para tentar me acalmar. Não sei quanto tempo se passa mas de repente estou irritado para minha aula de poções.


POV ANNA.

Jason saiu como um tornado do salão principal mais cedo e eu não tive tempo de segui-lo para perguntar o que tinha acontecido, mas algo não está certo. Estamos na aula conjunta de poções e ele evitou meu olhar a manhã inteira, seu mau humor parece pior do que o usual e ele parece completamente distraído. O professor disse apenas que sua poção estava "boa" ao invés de "excelente" ou "impressionante" como sempre.

Tento contato algumas vezes mas ele me evita o máximo que pode e finge não notar minha preocupação. A aula termina e ele sai rapidamente antes que eu consiga falar alguma coisa. Começo a me perguntar o que está acontecendo mas não tenho nenhuma oportunidade de esclarecer isso ao longo do dia porque ele simplesmente desapareceu.

Estou em meu horário livre e decido dar um tempo e terminar minha redação sobre a revolta dos duendes no campo de quadribol para poder respirar algum ar que não tenha cheiro de velho e guardado. Quando estou chegando vejo de longe alguém que identifico como Jason sentado sozinho nas arquibancadas preso em seus pensamentos. Ele parece abatido e irritado. Me aproximo delicadamente e coloco a mão em seu ombro.

- Oi - eu digo insegura.

- Oi - ele diz sem me olhar.

- O que aconteceu, Jason? - eu pergunto gentilmente.

- Não quero falar sobre isso - ele diz ainda sem me olhar.

- Mas se você não conversar comigo eu não consigo te ajudar - eu argumento.

- Eu não preciso de ajuda - ele replica.

- Você claramente precisa - eu digo obstinadamente - Por que não está na aula?

- Eu já disse que não quero conversar, Anna - ele se irrita.

- Eu fiz alguma coisa, Jason? - eu pergunto quando a ideia de que ele poderia estar irritado comigo surge.

- Não, você não fez Anna - ele diz com uma falsa paciência.

- Então por que está me evitando? - eu questiono.

- Por que eu estou tendo um dia ruim - ele diz impaciente.

- Mas eu posso te ajudar com isso - eu tento convencê-lo a me deixar ajudar.

- Eu já disse que não quero conversar! - ele levanta a voz e praticamente grita - Eu não preciso da sua ajuda!

Me surpreendo com o jeito que ele fala comigo e aquilo perfura minha alma em uma mistura de emoções confusas. Sinto meus olhos marejarem e a raiva sobressai sobre os outros sentimentos.

- Tudo bem - eu digo entredentes - Faça o que bem entender sozinho - eu cuspo a última palavra e me viro saindo dali.

- Anna, espera! - ouço Jason chamar mas não me viro. Se ele quer agir como um idiota eu não vou ficar aqui pra ele me tratar assim.

~~~~~~~~~~~~~~~~~

Estou no corredor indo para o salão principal na hora do jantar quando Jason me alcança.

- Podemos conversar? - ele pergunta.

- Pra você gritar comigo de novo quando eu tento te ajudar? Não obrigada - eu digo irritada.

- Me desculpa por isso, tá? - ele diz se aproximando - Eu agi como um idiota.

- É você agiu - eu baixo a guarda - Eu estava tentando te ajudar, Jason.

- Eu sei disso, e eu agradeço - ele diz envergonhado.

- O que aconteceu? - eu pergunto.

- Recebi uma carta estúpida do meu pai essa manhã - ele explica - A primeira vez que ele me escreve esse ano e é pra avisar que não vai estar em casa no começo do verão. Nem se deu ao trabalho de se desculpar por perder meu aniversário.

- Sinto muito por isso - eu digo sinceramente e colo a mão em seu ombro - Gostaria de poder ajudar.

- Você já ajuda só de estar aqui comigo - ele sorri fracamente.

- Você não pode passar seu aniversário sozinho, não é justo - eu digo - Quando é?

- 20 de junho.

- O que você acha de eu passar uns dias com você? Assim podemos passar seu aniversário juntos - eu ofereço animada.

- Você faria isso? - ele diz surpreso.

- É claro! - eu digo - Eu adoraria.

- Eu adoraria que você fosse - ele diz com um sorriso genuíno.

- Então está marcado - eu me animo - Vou para casa nas primeiras duas primeiras semanas de junho e te vejo na sua casa no seu aniversário.

- Não achei que pudesse ficar ansioso para meu aniversário - ele diz com um sorriso leve - Você vai adorar. Tem jardins e terrenos a perder de vista, um lago que passa por lá, é perfeito para se estar com alguém.

- Parece perfeito - eu sorrio.

- Obrigado por fazer isso por mim - ele diz sincero.

- Não precisa agradecer. Estou aqui por você, Jason - eu relembro - Você pode conversar comigo. 


Oiii lindezas! E esse casal hein? Fofos né? Espero que estejam gostando, não se esqueçam de votar, comentar e adicionar à biblioteca pra me ajudar e não perder nada. Vejo vocês no próximo capítulo. O que vocês acham que vai acontecer? Beijinhossss <3.

Uma História em HogwartsOnde histórias criam vida. Descubra agora