Uma História em Hogwarts

O Pedido de Desculpas

No dia seguinte estou na mesa da grifinória tomando café da manhã ao lado de Emily, quando vemos Jason entrar no salão com um curativo em volta do nariz.

- Por Merlin, o que será que aconteceu? - Emily pergunta curiosa. Devo estar com uma expressão muito culpada porque ela logo completa - O que você sabe?

- É... Eu meio que posso ter dado um soco na cara dele ontem depois que sai da ala hospitalar. - eu digo tentando soar natural e não muito orgulhosa de mim mesma.

- Por quê?! - ela pergunta assustada.

- Como assim por quê? Ele foi super gentil comigo antes do jogo e se aproveitou que eu baixei a guarda pra me acertar um balaço na cabeça. Ele se aproveitou do meu momento de fragilidade. Eu estava tendo a porra de uma crise de ansiedade! - eu digo e ela continua parecendo confusa.

- Espera, mas por que você ficaria brava com o Delacrox se foi o Flint que te acertou o balaço? - ela pergunta.

- Como assim? O Delacrox não mandou aquele balaço? - minha ficha começa a cair.

- Não, achei que você soubesse. - ela diz.

- Ai meu Deus. Eu fiz uma cena no salão comunal da sonserina atoa. - eu digo me sentindo culpada - Pela primeira vez na vida, Jason foi legal comigo e eu dou um soco nele por isso.

- Você bateu nele por que achou que ele tinha se aproveitado de você? - Emily diz com uma expressão indecifrável.

- Sim! E agora eu tenho que me desculpar com ele, não acredito nisso. - sinto minhas bochechas queimarem só de imaginar a expressão vitoriosa no rosto de Jason quando eu admitir meu erro.

- Mas por que você se surpreenderia se ele tivesse tirado vantagem de você pra beneficiar a sonserina? É algo de se esperar dele, né?

- Eu sei, mas ele pareceu tão sincero e por um minuto eu achei que ele não fosse o babaca que finge que é.  - eu digo com sinceridade. 

- Anna... Eu não esperaria nenhuma atitude legal do Delacrox de novo. Ele é o que é. Ninguém pode fingir tão bem. - ela diz.

Infelizmente eu acho que Emily está certa. Não faz sentido mudar minha opinião sobre ele baseado em uma atitude legal em anos de brigas e provocações. Não é como se ele fizesse bullying comigo ou algo do tipo, eu faço questão de responder a altura, é só que ele nunca foi legal comigo nem com ninguém que eu saiba.

- É, você está certa. Mas eu ainda devo um pedido de desculpas a ele. - digo pensando no quanto isso vai ser humilhante.

- Isso é verdade. Por mais que ele mereça levar uns socos de vez em quando, deveria ser por algo que ele realmente fez. - ela diz rindo.

- Ele está saindo do salão. E está sozinho. - eu digo e me levanto - Vou acabar com isso logo.

Saio do salão e o alcanço em um corredor.

- Jason! - eu chamo e ele para de andar.

- O que foi, Young? Veio aqui pra brigar de novo? Porque eu não estou a fim. - ele diz e se vira pra continuar andando e eu seguro seu pulso.

- Espera. Preciso falar com você.

- O que é? - ele diz irritado, acho que ainda não superou o soco.

- Eu preciso te pedir desculpas. - sua expressão suaviza e eu continuo - Eu acordei na ala hospitalar e me contaram que eu tinha levado um balaço na cabeça... - ele me corta.

- E você imediatamente assumiu que fui eu. - sua expressão está indecifrável.

- É, mas... Eu sinto muito. Não devia ter gritado com você daquele jeito. E muito menos dado um soco em você... - eu digo encarando meus pés.

- É, você não devia. Eu sei que é isso que vocês pensam de mim mas eu não mandaria um balaço na cabeça de alguém que está a 15 metros do chão. Você podia morrer, porra. - ele diz irritado.

- Agora eu sei disso. - eu não podia estar mais constrangida. Isso seria mais fácil se ele fosse arrogante e sarcástico.

- E o que foi aquilo sobre você achar que eu podia ser mais que um babaca ou sei lá? - ele parece realmente curioso.

- Então você estava realmente prestando atenção. - eu digo tentando desviar o assunto, não quero falar sobre isso.

- É claro que eu estava prestando atenção! Você estava gritando e apontando o dedo na minha cara, o que mais eu poderia fazer? - ele diz com uma expressão divertida - Não desvia o assunto, Young. O que você quis dizer com aquilo?

- Eu... - minhas mãos pareciam subitamente muito interessantes - Você foi tão legal comigo no jardim e eu assumi que você pudesse ter um lado gentil - eu falei tudo rápido e de uma vez antes que perdesse a coragem.

- E na primeira oportunidade você mudou de opinião. - ele diz sério e sua expressão se fecha novamente

- Bem, você não pode me culpar, são seis anos de grosseria e provocação. - eu argumento.

- Eu entendi, Young. Só não espere que nós vamos virar melhores amigos e vamos correr de mãos dadas rumo ao pôr do sol. - ele diz com sarcasmo, vira as costas e sai andando antes que eu possa falar mais nada.

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