71. A Última Chave

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Depois de pensarem um pouco, Thiego e César concluíram que tia Estela poderia ter escondido uma mensagem na carta do bruxo também. Thábata pegou seu papel e o homem fez o mesmo, colocando-as abertas, lado a lado, sobre a mesa de escritório da biblioteca.

— Tem certeza? — Diego perguntou aos dois. — Independente do que estiver escrito aqui ou não, lembrem-se que a Estela amava muito vocês. — Ele encarou o bruxo. — Vocês dois.

César suspirou e assentiu com a cabeça. Thábata fez o mesmo. A jovem, que segurava a Chave Segredo, disse em voz alta:

— Revele um segredo.

De repente, um buraco de fechadura surgiu no canto de cada uma das cartas. Todos os presentes soltaram um suspiro de surpresa e emoção ao perceberem que a teoria deles estava certa.

— Qual vamos destrancar primeiro? — Thiego perguntou, ansioso.

— Você primeiro, Thábata — César pediu.

— Ok. — A jovem encaixou a chave na fechadura da sua carta e a girou. Todas as palavras que estavam ali desapareceram, trazendo novas para o papel.

Ela ficou impressionada ao ver no que a carta havia se transformado.

— É o documento! — exclamou. — É o documento da transferência da empresa! O que isso significa?

— Que vocês estão ricos. — Diego sorriu.

— Ricos? — perguntaram ao mesmo tempo.

— Muy ricos — Madalena brincou. Os dois irmãos comemoraram, animados.

— Viu? Eu disse que ia aparecer — Diego comentou.

César sorriu para eles, feliz, e recebeu a chave de Thábata. 

Era sua vez. 

Ele hesitou por alguns instantes, com medo do que poderia ler ali. Suspirando, deixou o receio de lado e encaixou a chave na fechadura da carta, girando-a.

As palavras foram desaparecendo, sendo substituídas por outras. Ele ergueu a carta para si, lendo aquela nova escrita no papel. Seus olhos marejaram e sua respiração se tornou pesada. Nenhuma das pessoas ali presente teve qualquer reação. A euforia que tomara os irmãos Silveira havia sumido, ao perceberem a expressão do bruxo. As palavras contidas naquele pergaminho estavam atingindo-o de alguma forma.

César começou a chorar e Thábata achou que era a melhor hora para intervir. Ela se aproximou do bruxo, tocando em seu ombro.

— Você tá bem? — perguntou.

— Estou sim — disse, passando o papel para ela. — Leia, em voz alta, por favor. É pra você também.

O bruxo se sentou na poltrona próxima, enquanto Thábata limpava a garganta prestes a ler.

Queridos César e Thábata, esta carta é para vocês dois. Se estiverem lendo isso é porque descobriram toda a verdade e tudo que posso pedir é perdão.

Primeiro a você, Thábata. Acabei ficando sem ideias e por isso que tive que escrever essa mensagem junto com a carta de César. Não quero que se sinta excluída por ter separado uma única mensagem para Thiego, mas como você é adulta, acredito que vai compreender. O documento que está na sua carta lhe passa os direitos do manejo, comércio e renda das joias SLVR (Se pronuncia "Silver" e foi ideia do Diego, meu primo, que acredito que logo conhecerá. E também é uma referência a nossa família: Silveira.).

Além disso, não era algo que uma empresa de advocacia pudesse cuidar. Estávamos falando do comércio bruxo, certo? Eles não iam entender.

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