13. A Verdade Revelada

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César os conduziu até a biblioteca e pegou um livro grande e grosso feito de couro, colocando-o sobre uma das mesas de leitura. Os irmãos notaram que na capa do mesmo estava escrito "Silveira" e havia a gravura de um conjunto de folhas e galhos.

Provavelmente aquele era o "livro da família" que tia Estela tinha mencionado. 

Lentamente, o empregado o abriu. Cada um dos irmãos se postou de um lado seu para observar melhor. No livro, havia uma fotografia bem antiga e quase se apagando de uma grande família.

— Ok. — O homem respirou fundo. — Nossa história... digo, a de vocês, começa em 1840, aqui mesmo em Sombria, quando seus antepassados, os primeiros Silveiras, vieram morar aqui. Como eram pessoas vindas do exterior, especificamente de Portugal, não tinham um lugar próprio aqui e sua primeira moradia foi na zona rural. Acho que vocês viram as minas perto dos morros enquanto vinham para cá pela estrada, certo?

Thiego concordou com a cabeça. Thábata não se lembrava muito bem.

— Então — continuou —, os primeiros Silveiras vieram para cá e trabalharam nas minas. Eles haviam trazido algum dinheiro com eles e compraram alguns lotes de terra para fazerem a mineração. — César virou a página. — Eles tinham esperança de encontrar ouro e pedras preciosas ali, mas acabaram encontrando outra coisa...

O adolescente percebeu que no livro havia um desenho feito à mão do que parecia ser uma porta estranha na forma de um ômega, a última letra do alfabeto grego. Nos outros espaços da página, havia descrições detalhadas das pessoas que realmente tinham visto aquilo.

— O que eles encontraram? — a jovem perguntou.

— Uma porta — o empregado respondeu. — Como eles ficaram curiosos para saber o que tinha atrás dela, resolveram abri-la. Só não esperavam encontrar o que tinham encontrado ali.

César virou mais uma página e os irmãos observaram um desenho meio assustador de olhos reptilianos.

— Eles se depararam com um portal — explicou. — Um portal para uma dimensão demoníaca. As criaturas que viviam ali estavam sempre espreitando a passagem e, quando viram que a mesma estava aberta, aproveitaram a chance para tentarem fugir. Só que no instante em que atravessavam a porta, eles se transformavam em ferro, que mais tarde seus parentes o chamaram de ferro sussurrante. Bom, como essas criaturas não conseguiam passar para o nosso mundo, sem serem transformados em ferro, eles resolveram usar os humanos como hospedeiros.

O homem apontou para as folhas.

— Ninguém da família de vocês sabe ao certo como eles faziam isso, mas essas criaturas tinham uma espécie de poder hipnótico. Bastasse que alguém olhasse para elas e a pessoa entrava em um estado de transe, caminhando para dentro do portal. Elas aproveitavam essa oportunidade e possuíam a pessoa, usando-a como um hospedeiro.

Ele virou a página.

— O indivíduo que era possuído virava uma pessoa completamente diferente. Violenta e cheia de ódio. Quando os primeiros Silveiras abriram o portal, um deles acabou sendo possuído. Eles entraram em um confronto e bem... a família teve que matá-lo.

Thiego e Thábata trocaram um olhar.

— Seus antepassados perceberam os pedaços de ferro que a "fuga" de algumas dessas criaturas tinha ocasionado nelas mesmas e resolveram usá-las para criarem uma chave. Uma chave que mantivesse o portal trancado e aqueles demônios longe deles.

Ele virou mais uma página. A imagem de uma chave apareceu.

— O plano era arriscado e eles não tinham certeza que funcionaria. Por sorte, um dos membros da família era ferreiro e sabia manipular os instrumentos necessários para construir a chave. Eles a chamaram de Chave Armageddon, a primeira chave criada.

Chaves Tropicais [✔]Where stories live. Discover now