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Interior da Bahia. Junho de 2020.

Manu: "Pera, deixa eu ver se entendi direito." - a menina levou a mão ao queixo. "Você é amiga de infância da Gi e você é chefe da Gi, certo?" -apontou para Rafaella e Bianca, que assentiram. "E vocês nunca se encontraram, nem viram fotos uma da outra, nem souberam os nomes uma da outra?"

As mulheres agora estavam sentadas na sala de estar. Manu, Rafa e Gi em um sofá e Bianca em uma poltrona lateral.

Gi: "Olha, a culpa não é minha se essa aqui é um bicho do mato, nunca nem viu foto da patroa e não deixa eu comentar muito sobre ela por aí." - falou abraçando Rafa.

Rafa: "Eu já vi foto dela sim! Mas faz muito tempo, e eu acho que ela tava bem diferente."

Bia: "Olha minha senhora, não julgo pois realmente fiz uma coisinha aqui e outra ali mesmo, mas porra que loucura."

Manu: "Que história bizarra. E as duas ainda vieram parar logo aqui? Nessa cidadezinha fim de mundo? Qual a chance?"

Gi: "O velho bobão chamado destino deve estar sentado na cadeira dele rindo tanto da nossa cara agora!" - levou a long neck de cerveja à boca.

Gizelly havia crescido com Rafaella em Minas Gerais, porém, após ter que voltar para o Espírito Santo, lugar onde nasceu, as duas acabaram perdendo o contato. Muitos anos depois Rafaella se mudou para São Paulo e a advogada também, então elas acabaram se reencontrando e restabelecendo a amizade.

Um ano antes desse encontro, a capixaba havia sido contratada por Bianca e assim que se conheceram construíram uma amizade fortíssima.

Rafa, devido ao medo de ter seu nome envolvido nos escândalos da empresa da família do ex marido, era muito reservada, não gostava de ter sua vida exposta, o que Gizelly compreendia e respeitava muito.

Rafaella acabou se fechando para o mundo. Não tinha redes sociais ou vida social, o auge das suas semanas eram os momentos em que encontrava Gi.

Bianca no momento estava com as engrenagens dentro da cabeça em ação. O grande questionamento era o que havia acontecido de tão grave com a mineira ao ponto de ter que fugir para aquele lugar, sem contar o que será que fez Gi ter que ir ali.

Além disso, ela começava a juntar em sua mente as falas da mineira no banheiro do Paris 6 Karaokê Pub com as pequenas coisas que ela contou no dia do jantar delas, e a conclusão daqueles pensamentos lhe assustavam.

Gi: "Né, Bia?" -a carioca não estava prestando atenção na conversa.

Bia: "Oi? O que?" -encarou Gizelly.

Gi: "Que você vai me dar um aumento." - falou segurando a risada.

Bia: "Que? Por que?" - franziu as sobrancelhas.

Manu: "Não era isso." -sorriu. "Ela disse que acha que a Rafa não devia ter desistido da carreira de modelo e que deveria voltar pra São Paulo e investir."

Bia: "Ah sim. Eu concordo!"

Gi: "Ela é linda né?" - arqueou a sobrancelha.

Há um pintor italiano chamado Carlotti que definiu "beleza". Disse ser o somatório de todas as partes a trabalharem em conjunto de tal forma que nada necessite ser acrescentado, retirado ou alterado. Bom, Bianca não tinha dúvidas de que ele havia dito isso pensando em Rafaella. A mulher não tinha um único defeito, uma mísera coisa fora do lugar. Era simplesmente deslumbrante.

Bia: "Sim, ela é." - sorriu levemente para a mineira.

Rafa: "Enfim, chega desse papo." -levantou do sofá. "Gi, me ajuda a pegar os trens na cozinha." -pegou a mão da capixaba e a puxou, porém, Gi não quis se levantar.

Where Is The Sun?Onde as histórias ganham vida. Descobre agora