Capítulo 4

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Sim, eu preciso de você agora, mas ainda não te conheço.

- Alexander 23

☀ 

Assim que eu o vejo, meu corpo estremece. Eu não fazia ideia de que ele estudava aqui. Como eu nunca percebi? Talvez ele seja novo, mas quem entra no IFSC no meio do semestre? Perguntas rondam a minha cabeça, deixando-me tonta. Elena que a essa altura já está em pé outra vez, olhando-me com uma expressão confusa, estende a mão que eu aceito de bom grado.

Bato as mão na calça clara que estou vestindo, para tirar a sujeira. Não quero nem pensar na cor que ela deve estar, Natália vai me matar. Disfarçadamente, ergo o olhar para o mandrião de cabelos ondulados e pele bronzeada, mas para a minha surpresa, ele não está mais aonde estava. Onde deveria estar.

Elena me encara perplexa e com uma expressão confusa, à espera de uma resposta. Ela cruza os braços e bate o pé, impaciente, perguntando logo em seguida:

— E então, que merda foi essa?

— Eu o vi... — murmuro confusa, sem entender como alguém desaparece do nada.

— Quem, Laura? — Ela pergunta outra vez, olhando em volta e certificando-se de que está tudo bem. — Você está me assustando, para de fazer cara de songa monga e me explica o que droga está acontecendo!

— Ruan. Eu o vi bem ali. 

Aponto para o lugar em que eu vi o garoto da cantada péssima.

— Ruan? — Elena pergunta pensativa, até que ela para e arregala os olhos em espanto. — Aquele Ruan?

Confirmo com um aceno de cabeça.

— Tudo bem. Admito que é estranho saber que o cara estuda aqui, mas não precisa ficar com essa cara, Laura. Parece até que viu um assassino — ela brinca.

— Sim, você está certa — concordo, voltando a realidade e tentando parecer melhor.

— Vamos! Falta um minuto.

Elena olha para o lugar em que apontei uma última vez e juntas caminhamos para dentro do enorme corredor.

Tem algo em Ruan que me deixa apreensiva, como um sinal talvez? Provavelmente eu estou ficando maluca e complexada, mas não posso evitar ou reprimir isso. Não dá para simplesmente ignorar e olha que só nos falamos por mensagens. 

Estou confusa e não quero me precipitar, sinto que além de estar confusa, também estou trazendo as pessoas ao meu redor para esse furacão. Ignoro esses pensamentos, pelo menos por agora. Estamos perto das semanas de prova e as pessoas estavam totalmente corretas quando disseram que fim de semestre é um inferno. É uma correria gigantesca e um desespero horrendo.

O professor de biologia entra na sala e eu me arrumo na cadeira, uma das matérias que eu sinto prazer em assistir. Amo estudar sobre o corpo humano e fico fascinada com tudo o que há no nosso corpo, deve ser impressionante fazer cirurgias e saber onde fica cada coisa. Poder retirar tumores, por exemplo, salvando a vida daquela pessoa.

Lucas me encara com o cenho franzido e eu sorrio amigavelmente. Pego meu caderno e o meu material, ansiosa para anotar o que o professor Marcos está escrevendo. Ele dá de ombros e faz o mesmo. Isso foi bem esquisito.

A minha aproximação com Lucas foi da forma mais natural que eu me recordo, viramos amigos porque ele virou melhor amigo da Elena. Como eu vivia com ela e ele também, nos aproximamos e foi uma decisão maravilhosa. Lucas é uma pessoa maravilhosa, apesar de ser dramático e sentimental às vezes. Ele é um palhaço, mas também é um ótimo conselheiro e sabe falar sério nas horas que realmente é preciso.

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