Capítulo 7

226 43 656
                                    

Algumas lendas são contadas, algumas se tornam poeira e outras ouro .

- FALL OUT BOY.

Sinto a adrenalina pulsando em minhas veias, assim como também sinto o meu coração acelerado, sem freio. Quero sair de onde quer que eu esteja, mas as minhas forças de dissiparam. Não tenho mais controle sobre o meu próprio corpo, não consigo me mover e isso me apavora.

Quero gritar por ajuda, chamar alguém, clamar por socorro, mas estou completamente imóvel. Sinto uma dor latejante na cintura, no lado direito. É como se alguém tivesse cortado, como se eu tivesse me cortado. O cheiro de sangue está pelos arredores e sei que é o meu, sinto que é o meu sangue. 

Em um sobressalto eu acordo. Respiro fundo puxando todo o ar do ambiente, como se eu estivesse sem respirar há muito tempo, surpreendo-me ao sentir uma pontada de dor. Passo a mão na testa e percebo que ela está molhada, seco-a no meu moletom e ao fazer isso um lampejo de dor reflete por todo o meu corpo. Solto um grito estridente e a minha irmã levanta assustada, uma delas pelo menos. Júlia, a mais nova, tem o sono pesado.

— Laura? Está tudo bem? — Natália pergunta, entrando no meu quarto junto com o meu pai.

Seus semblantes refletem o medo e preocupação que sentira e os dois parecem ter acordado agora.

— Não sei...

Levo a mão por dentro do moletom lilás, percebendo que ele está molhado. Passo a mão em um lugar perto da cintura e torço para ser suor, mas a dor surreal que se apodera da minha cintura até uma parte da barriga não pode ter sido causada pelo suor. 

— O que está acontecendo? — Thiago pergunta aparecendo no batente da porta, sonolento. Ignoro-o enquanto o meu pai diz alguma coisa. Crio coragem e olho para a ponta dos meus dedos, começando a tremer instantaneamente. Há sangue ali, meu sangue.

 — Laura, o que é isso? — Meu pai pergunta, preocupado, aproximando-se.

Levanto-me e sinto as minhas pernas fraquejarem, fazendo-me sentar outra vez. Mas o que é que está acontecendo comigo?

— Não sei, pai — respondo-lhe com a voz fraca.

Minha cabeça começa a rodar e tudo o que quero é chegar até o espelho, tirar a conclusão que mais temo agora.

— Isso no seu moletom é sangue? — Thiago pergunta, preocupado e vejo diversão brilhando em seus olhos. — Acho que alguém vai precisar de absorventes.

 — Eu não estou menstruada, idiota!

Levanto de uma vez, usando a cama de apoio e chego até o espelho, tirando o moletom com dificuldade. Todos ficam perplexos ao ver que a minha blusa branca está completamente manchada de sangue.

— Ah. Meu. Deus — balbucia Duda, pausadamente, pela primeira vez hoje, descendo da cama de cima.

— Laura, o que você fez? — Natália questiona, horrorizada.

Coloco a mão na boca e meu pai me ajuda a levantar a camiseta até a altura dos meus seios, deixando apenas a barriga à mostra. Sinto-me cada vez mais fraca e confusa. Quando respiro dói e noto que inspiro e expiro cada vez mais lentamente.

— Natália, ela está pálida — Duda ressalta, perplexa.

— Eu não fiz nada, Nat — respondo e olho o reflexo do corte no espelho, ficando boquiaberta. 

Interligadas [DEGUSTAÇÃO]Where stories live. Discover now