Capítulo 5

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Sinto ciúmes de tudo o que é meu, e de tudo o que eu acho que deveria ser.

- Bob Marley.

A casa está silenciosa, o que é um pouco estranho. Thiago e eu entramos e franzimos o cenho ao ver tudo apagado. O meu celular vibra e vejo que é uma mensagem da Natália avisando que eles saíram para fazer compras e que a Eduarda está na casa da Giovana com a Júlia. Mostro a mensagem para Thiago e ele comemora, silêncio é tudo o que nós precisamos depois de um longo dia no IFSC.

 Caminho até a cozinha e pego um copo d'água, sentando-me na mesinha e pensando um pouco.

— Tá pensando no quê?

— Ruan me chamou para sair esse fim de semana — revelo, brincando com o restante de água no copo.

Percebo a sua expressão mudar, o olhar ficar mais sombrio. Estranho.

— Não gosto desse cara, ele parece ser aquele típico babaca pegador que se acha o bonzão. Depois que ele sair com você não vai nem lembrar o seu nome — ele avisa, irritado.

Thiago olha em volta e eu o encaro. 

— O que? — Pergunto-lhe franzindo o cenho, levantando e pegando o pote de bolacha recheada. — Se eu saísse com ele esse fim de semana, seria como amigos, não um encontro.

— Avá, Laura. Está estampado na testa dele que ele só quer comer você. — Ele exclama ainda mais irritado e eu o encaro surpresa, franzindo a testa. As palavras fogem da minha mente por alguns segundos, de tão absurdas que foram as dele.

— Você está insinuando algo? — Pergunto irritada também. — Até onde eu sei, você não é o meu pai.

— Que bom que eu não sou, porque você é uma boca mole³.

— Boca mole? Você que é um idiota por estar me falando essas besteiras, até parece que eu vou fazer essas coisas! Achei que você me conhecesse, Thiago — despejo, olhando no fundo dos olhos dele.

Além de usar um linguajar completamente vergonhoso, ele ainda insinuou que eu deixaria o Ruan ficar comigo dessa forma. Para uma garota que não deu nem o primeiro beijo ainda, ele deve pensar que eu já fiz coisas até piores. Sei que essa é a forma desengonçada e confusa dele me proteger dessas coisas, mas eu posso estar maluca, porque eu senti um pouco de ciúmes em seu tom de voz.

Termino o meu banho demorando mais do que o habitual. Enrolo-me na toalha branca e abro a porta, fazendo o vapor quente sair junto comigo. Assusto-me ao ver Thiago encostado no batente da porta, esperando-me. Seus cabelos cacheados estão caídos sobre a testa, seus olhos castanhos me encaram com culpa e tento não parecer magoada. Ele está com uma expressão mais calma, conhecendo-o como eu o conheço, ele vai me pedir desculpas.

— Desculpa — ele pede e dá um meio sorriso. 

Concordo com a cabeça e faço menção de seguir em frentre, mas ele me impede.

— Só isso? 

— Só isso o que?

Viro-me para encará-lo e seguro mais firme a toalha contra o meu corpo. 

— Você ficou magoada?

— Um pouco — admito e ele me encara, parecendo querer dizer alguma coisa, mas pensando melhor e desistindo. — Preciso me vestir. 

Vejo que ele só percebeu agora que eu estou de toalha no meio da sala.

Fecho a porta e visto o meu pijama favorito, deitando-me na cama e aproveitando a pouca privacidade que tenho antes das minhas irmãs chegarem.

Interligadas [DEGUSTAÇÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora