Capítulo 4

670 75 48
                                    

Ainda encostada à geladeira, Patterson só consegue pensar em tudo que ela disse e isso corria dentro da cabeça dela com uma certa velocidade, deixando-a tonta e ansiosa. Ela sabia que a morena era orgulhosa demais para admitir qualquer sentimento. Ela não admitiria a demissão, ainda mais por um motivo ruim, não admitiria seus sentimentos por ela, com medo de estragar a amizade como fez com Read. Sobre ela saber que o Borden estava vivo, a deixava magoada e em pânico. E até sentia orgulho dela ter sido corajosa em contar tudo depois da missão. 

Os sentimentos contraditórios estavam deixando Patterson louca. Não sabia o que fazer. Ela queria “sua” Tash de volta? Ou queria que ela explodisse junto com o Borden? Ou preferia ter explodido? Ela voltaria a ver a morena? Ela quer ou não quer Natasha Zapata? Amigas ou inimigas?

Patterson levanta e sai correndo, não acha Tasha no corredor, desce as escadas o mais rápido que consegue, na esperança dela estar cambaleando no Hall. Mas não estava. Uma ansiedade se forma em seu ventre e logo atinge seu peito. E se ela não achasse mais Natasha Zapata? Como lidaria com esse sentimento de perda?

— Bob, você por acaso viu a Tasha? — Pergunta Patterson assustando um pouco o porteiro que estava lendo um jornal.

— Sim chérie, tem uns cinco minutos que eu vi a “señorita” Zapata passar por aqui feito uma bala com uma caixa nas mãos. Tem tempo que não a via... — Responde Bob apontando o lado que a garota seguiu. Sim, Tasha passou a frequentar tanto a casa de Patterson que o porteiro apelidou ela se “Señorita” Zapata pela garota ser, obviamente, hispânica. 

— Obrigada Bob! — Agradece a loira correndo na direção indicada.

— Uma pessoa bêbada não consegue andar muito rápido... — Murmura Patterson enquanto corre olhando para os lados.

Não demora muito para Patterson encontrar Tasha sentada num banco chorando e abraçando o Mrs. Caolho, um urso de pelúcia alaranjado usando um tapa-olho e chapéu de pirata que ela conseguiu pegar numa máquina de brindes de um shopping. Zapata disse que ele ficaria de olho para que nada de mal acontecesse com ela, e que tudo ficaria bem se ela o abraçasse. Funcionava nos momentos em que Patterson passava pelas crises de pânico. Mas na verdade ela só conseguia lembrar de Tasha.

— Tash... — Sua voz sai rouca como um sussurro. A morena a encara já soluçando, seu rosto estava molhado e seus olhos vermelhos e inchados.

Patterson se senta ao lado de Tasha que encosta a cabeça no seu peito e chora. A loira não sabia o que fazer, estava brava, chateada, mas não conseguia se ver sem sua “Chica Caliente”. Ela simplesmente não sabia o que fazer. A não ser admitir derrota e engolir seu orgulho. Zapata sabia como desarma-la. Era isso! Teria que perdoar. Fim de jogo!

Tasha limpa seu rosto e encara a garota, descalça e de pijamas leves no meio do frio. Tira seu clássico sobretudo e entrega a ela que, desajeitadamente, o veste. As duas se abraçam sem dizerem uma palavra. Precisavam daquilo. O reencontro fora difícil.

— Patty... Eu... Te... — Tasha começa a dizer, mas acaba mordendo os lábios. Patterson não entende direito, mas sorri. “Está divagando por estar bêbada” pensa a loira. — Quer saber? Vai pra casa... Está muito frio, vai ficar doente...

— Vem comigo... Você não está em condições de sair andando por aí sozinha... — Levanta Patterson do banco e estende a mão esquerda para a colega. Tasha a encara, sorri de leve e obedece. Afinal, a loira tinha razão... Não estava em condições para ficar sozinha. Acontecera muita coisa em um espaço muito curto de tempo.

— Tá bem... — Responde entregando a caixa para Patterson que não entende. Tasha pega a garota com caixa e tudo e sai andando em direção ao prédio. 

— Hey! O que está fazendo? — Pergunta Patterson tentando não deixar as coisas da caixa caírem pela rua — Você vai me deixar cair, está bêbada! Socorro!

— Cala a boca sua chata! — Responde Tasha rindo das palhaçadas da Patterson

All The Things She SaidWhere stories live. Discover now