Capítulo 1 - Chuva

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— Bom, a cidade está segura. Então... até mais, Ladybug.

Ainda era tão estranho ouvi-lo dizer "Ladybug" ao invés de "Bugaboo" ou "my lady"...

— Cuidado com a chuva, gatinho! — Brinquei, mas ele nem sequer olhou para trás.

Ok, eu não podia julgá-lo. Quer dizer, eu também me sentiria mal se a pessoa que eu gosto me dissesse que não é recíproco e que está apaixonado por outra. Como nunca cheguei a confessar o que sinto pelo Adrien, então nem faço ideia de como é ser rejeitada. Bom, talvez eu faça.

Uma chuva fina começou a cair, mas eu permaneci onde estava, sentada em um telhado perto da mansão. É isso mesmo, a mansão Agreste. A casa dele.

Eu ainda não conseguia parar de pensar no que eu tinha visto no mês passado. Adrien e Kagami sorrindo um para o outro. Adrien e Kagami tomando sorvete juntos. Adrien e Kagami quase se beijando...

Seria pedir muito que a chuva que a essa altura encharcava meus cabelos lavasse também aquelas lembranças? Sei que eu tenho que parar de pensar nisso, seguir em frente... E eu realmente venho tentando, mas às vezes esses pensamentos chegam sem permissão, sem que eu possa evitar.

Nesse segundo, ele invadiu minha mente. Luka. Eu não queria estragar nossa amizade e nem usá-lo para esquecer o Adrien, não queria que ele se sentisse como... uma segunda opção. E foi o que eu disse para ele na semana passada, depois de quase nos beijarmos. Como foi difícil...

Bom, se a minha intenção era não estragar a nossa amizade, já era. Com certeza vai ficar um clima estranho entre a gente... Espero que, com o tempo, tudo volte a ser como antes.

A chuva estava mais forte. Senti um arrepio percorrer minha nuca. Por que parecia tão difícil levantar dali e ir embora? Por que eu não conseguia tirar os olhos daquela casa? Por que eu insistia em olhar para trás para ver se o Chat tinha voltado?

Nem sei quando tempo passei ali, mas, ao chegar em casa, conferi que já era uma da manhã.

Me joguei na cama, apesar de ainda estar encharcada por causa da chuva. O cansaço parecia maior do que a minha vontade de tomar um banho quente, mas fui para o chuveiro mesmo assim. Se eu ficasse doente, Ladybug também ficaria.

Logo, eu colocava meu pijama e me jogava na cama, exausta.

— Boa noite, Tikki. — Consegui dizer, sentindo as pálpebras pesarem.

Mas, ao invés da resposta dela, ouvi um espirro. E logo vieram outros.

— Você está bem? — Perguntei, me levantando, mas fui respondida com mais espirros e uma tosse insistente.

— Ah, não! Foi a chuva, não foi? Eu sinto muito, Tikki.

— Está tudo bem... — Ela tossiu um pouco mais e eu me senti muito culpada. Tinha esquecido completamente de que a chuva não fazia bem para a Tikki.

— Não está não. Vamos até o Mestre Fu, ele vai resolver que nem da última vez. — Eu já estava de pé, colocando os sapatos, quando Tikki me impediu.

— Não precisa, Marinette. Está muito tarde, ele já deve estar dormindo, e você também devia estar. Amanhã tem aula... — Ela tossiu de novo.

— Nada disso, vamos lá agora.

— Não, eu vou ficar bem. Você está exausta, precisa descansar para cumprir seus deveres como estudante e como Ladybug amanhã. Por favor, durma um pouco antes que o despertador toque. Amanhã eu vou acordar melhor. — Eu suspirei. De qualquer forma, com a Tikki doente não dava para me transformar e ir à casa do Mestre Fu agora. E era uma da manhã, não dava para sair pela porta da frente sem acordar meus pais.

Verdades Aprisionadas - Parte IWhere stories live. Discover now