Capítulo 4 - Presos

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Ao invés de gritar, eu tentava, desesperadamente e em vão, abrir a porta do quarto.

Um akumatizado atacava a cidade naquele momento e eu estava trancada em uma casa com um sistema de segurança bizarro. Não podia me transformar porque a Tikki estava na casa do Mestre Fu e, mesmo que ela saísse de lá, eu não tinha avisado que estava na casa do Adrien, então, naquele exato minuto, minha kwami devia estar me procurando na minha casa e, provavelmente, estar achando que fui levada pelo vilão.

Meu celular estava sem bateria, e eu nem sequer sabia o número do Mestre Fu de cor para ligar pelo celular de Adrien.

E, pelo visto, eu ficaria trancada ali por horas, até que Gabriel Agreste voltasse à mansão com suas benditas digitais para desativar aquele sistema de segurança infeliz.

— Não, não, não, não! Eu preciso sair, eu preciso sair!

Ok, agora eu estava gritando. Adrien devia achar que eu estava maluca, batendo na porta como se fosse possível abri-la daquele jeito.

— Eu não acredito que isso está acontecendo! — Eu desabafei, encostando a testa na porta.

Droga! Eu sabia que era arriscado deixar a Tikki lá, sabia que um akumatizado poderia surgir enquanto eu estava sem ela. Mas achei que acabaríamos nos encontrando e tudo ia dar certo, eu nunca imaginaria que ia ficar trancada na casa do Adrien.

As pessoas da cidade deviam estar desesperadas se perguntando onde estava a Ladybug, enquanto eram atingidas pelo poder do vilão, que eu nem fazia ideia de qual era!

Senti uma lágrima de desespero correr pela minha bochecha, mas logo passei as mãos rapidamente ali, para secá-la antes que Adrien a visse. Ele com certeza devia estar se perguntando por que eu parecia tão louca para sair dali se aquele com certeza era o local mais seguro para se estar no momento.
Mas, para minha surpresa, ele tocou meus ombros, fazendo com que meu olhar se voltasse para ele.

— Ei, fica tranquila. Seus pais vão entender seu atraso na padaria. — Eu estava com o semblante confuso até lembrar que essa fora a desculpa que eu tinha inventado para explicar meu desejo de sair dali.

— Não é isso... — Eu sussurrei, sentindo um nó formar-se em minha garganta.

Ele me olhou como se perguntasse "então por que você está tão desesperada para sair?"

Senti novamente uma lágrima se formar em meus olhos, mas resisti a ela. Eu não ia chorar ali, de jeito nenhum.

Mas acho que ele percebeu que eu lutava contra as lágrimas, porque me abraçou.

— Vai ficar tudo bem, Marinette. A cidade está praticamente parada nesse momento, mesmo que tenha alguém te esperando, essa pessoa vai entender.

Ah, Adrien, se esse fosse o problema...

Eu sabia, desde o dia em que tinha colocado aqueles brincos, que era uma grande responsabilidade. Mas não imaginei que sentiria tanto peso nos ombros quanto sentia naquele momento. As pessoas estavam sendo atacadas agora porque eu não estava lá. E elas continuariam sofrendo por pelo menos mais duas horas, o tempo que Gabriel levaria para voltar à Paris, de acordo com Adrien.

— Vai ficar tudo bem. — Ele repetiu e só então eu percebi que ainda estávamos abraçados.

Quando nos afastamos, sorri com gratidão para ele e Adrien retribuiu o sorriso. Nossos olhos se encontraram e, de novo, eu vi. Aquele brilho nos olhar dele enquanto me encarava, como eu tinha visto na escola.

Mais cedo, eu tinha achado que era coisa da minha cabeça, que eu estava me iludindo com um simples olhar amigável dele. Mas agora eu via que aquele olhar era tudo, menos o olhar de um amigo.

Verdades Aprisionadas - Parte IOnde histórias criam vida. Descubra agora