Capítulo 2 - "Salvo pelo gongo"

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Adivinha? O sinal tocou na hora! Eu ainda não acredito nisso.

— Pode falar. — Eu disse, percebendo que os alunos já estavam indo para a sala. Notei que minhas amigas se levantaram do banco em que estavam sentadas, mas antes de caminharem até a sala, olharam na minha direção, parecendo surpresas ao me ver com Adrien, e se aproximaram.

— Marinette, hoje não vai dar. Acabei de lembrar que tenho que ir ao dentista. — Disse Juleka.

— Tudo bem, vamos deixar para amanhã então. — Respondi e ela sorriu, saindo dali com as outras meninas.

Alya levantou as sombrancelhas e fez um sinal positivo com as mãos. Sem emitir nenhum som, ela mexeu os lábios no que eu entendi como um "pergunte à ele!". Eu devo ter feito uma expressão um tanto confusa, pois Alya mexeu os lábios em silêncio novamente, dizendo um "Kagami" silencioso.

Eu me voltei para Adrien de novo, esperando que ele dissesse o que queria. Mas a resposta que tive foi:

— Depois eu falo, você tem aula de artes agora, não é?

— Tenho! — Gritei, pois tinha me esquecido completamente. Achava que, dali, eu iria direto para casa, ou melhor, para a casa do Mestre Fu. — Obrigada por me lembrar. — Eu disse, pouco antes de correr dali até a sala.

Quando cheguei na sala de artes, Rose, Juleka e Alix me esperavam com um sorriso sugestivo.

— O que ele falou? — As três disseram em coro e eu ri.

— Seja lá o que fosse, ele foi... como é aquela expressão? Ah, "salvo pelo gongo". Já disse para vocês pararem de criar expectativas...

Alix fez uma careta.

— Tá bom, tá bom. — Ela disse.

— É que ele estava te olhando de um jeito tão apaixo... — Interrompi Rose.

— Nem ouse terminar a palavra. — Falei em um tom brincalhão e elas riram. — Bom, agora vamos para a aula porque temos um projeto para terminar. — Minhas amigas sorriram e logo estávamos trabalhando no projeto.

Acredite ou não, estava sendo fácil não pensar no Adrien. Na verdade, era um exercício que eu vinha fazendo bastante nas últimas semanas. Bom, a não ser ontem, quando fiquei sentada em um telhado na chuva olhando para a casa dele de longe, o que inclusive causou o resfriado da Tikki. Mas isso nunca mais vai acontecer. Eu realmente estou disposta a superar o Adrien. Talvez, com o tempo, eu até consiga gostar de outra pessoa sem sentir que estou tratando-a como uma segunda opção. Quero amar alguém como um dia eu pensei amar o Adrien.

De novo, a imagem de Chat Noir veio à minha mente. Por que isso estava acontecendo tanto nesses últimos dias? "Talvez eu sinta falta dos trocadilhos dele, ou dos apelidos...", pensei, lembrando que estávamos um pouco afastados ultimamente.

Não brigamos, nem nada, mas... não sei, era estranho. Acho que eu tinha me acostumado àquela personalidade galanteadora dele, que tinha desaparecido nas últimas semanas. É claro que uma hora ele pararia de insistir em mim, não é? E... não era isso que eu queria desde o início? Que focássemos nas batalhas? Então por que eu parecia sentir falta daquelas piadas de gato? Ou de ouvir o "my lady" no final das frases?

Esses pensamentos logo deram lugar a outra preocupação: Tikki. Por que ela estava demorando tanto? O Mestre Fu disse que ia demorar um pouco para curá-la, mas eu não achei que ia ser tanto. Talvez ela e o Plagg tenham resolvido aproveitar que estavam lá para visitar os outros kwamis na caixa, como fizeram no dia do aniversário do Nooroo.

Fiquei feliz só de imaginar todos os kwamis reunidos. Mas aquela preocupação insistia em invadir meu peito. E se um akumatizado surgisse enquanto Tikki e Plagg estivessem lá?

Verdades Aprisionadas - Parte IWhere stories live. Discover now