Capítulo 1

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UM ESTRONDO pairou no ar enquanto sete armas explodiram sucessivamente. Um, dois, três. Vinte e um tiros. Com uma expressão impenetrável no rosto, os membros da guarda de honra levaram as armas aos ombros e mantiveram-se eretos e rígidos como os carvalhos que se enfileiravam ao longo do cemitério.

O silêncio profundo foi, enfim, interrompido pelo som do corneteiro. O tenente Jeon Jungkook se manteve em posição de sentido, estreitando os olhos contra o brilho do sol matinal. As palavras do capelão sobre honra, bravura e sacrifício envolveram-no como a brisa suave, instigando de leve, insinuando, mas sem realmente exercer impacto.

Não houve menção ao senso de humor de Woo, nem ao fato de que ele sempre levara uma cobra de borracha nas missões para quebrar a tensão. Sempre costumara ir diretamente ao McDonald's para comprar batata frita no minuto em que houvera chance. O capelão não sabia que, antes de pular de um avião, Woo beijara infalivelmente a foto da mãe, esfregando em seguida um amuleto de pata de coelho. Não mencionaria quanto ele adorara a praia. Não importando quanto a missão deles fosse complexa, bastava que estivessem de folga e Woo ia à praia – sol, surfe e garota de biquíni. Costumara dizer que era sua recompensa pelos tiros que levava regularmente.

Mas esse não era o Woo que estavam homenageando no momento.

Ali, no Cemitério Nacional de Arlington, o tenente Choi Wooshik era um soldado. Ali, a tradição sagrada de honrar o nobre guerreiro focava-se no serviço prestado, na dedicação e no sacrifício ao país.

Com o pelotão inteiro dos fuzileiros navais presente, Jungkook mantinha-se ombro a ombro com a sua equipe. Seus companheiros de esquadrão. Os homens com quem servia, lutava e treinava. Preparados para oferecer o sacrifício máximo por seu país.

Logo mais à noite, celebrariam em homenagem a Woo, o homem. O companheiro de pelotão de elite, o parceiro, o amigo. O piadista.

Ele endureceu o maxilar e percorreu o caixão coberto com uma bandeira rapidamente com o olhar antes de desviá-lo para as árvores a distância. Agora, o capitão dava início ao ritual de dobrar o tecido vermelho, branco e azul. Enquanto o capelão dizia as palavras finais de conforto, o capitão pousou gentilmente a bandeira dobrada nas mãos da Sra. Choi.

Jungkook fixou, então, o olhar nesse triângulo de tecido e não o desviou enquanto o funeral era encerrado. As pessoas ao redor se moveram, começando a se dispersar, mas ele permaneceu onde estava. Não conseguiu sair dali.

Eles tinham passado juntos pelo treinamento de Demolição Subaquática, que levava os soldados ao limite físico e psicológico. Ele, Woo e Jaehyun. Todos vaidosos, determinados a ultrapassar os próprios limites, para serem super-heróis. Os "Três Amigos", como o restante da equipe os chamara. Inseparáveis.

Um homem corpulento se aproximou, interrompendo-lhe o rumo dos pensamentos. Grato pela distração, Jeon dirigiu a atenção ao almirante. Com o cabelo tão branco e reluzente quanto o uniforme, o homem mais velho era de estatura maior do que o próprio 1,80 m de Jungkook em uns cinco centímetros.

— Tenente — saudou-o o almirante Park num tom sério — Sei que esta é uma perda difícil para você e a sua equipe. Os meus sinceros sentimentos.

— Obrigado, senhor. — As palavras de Jungkook soaram tensas enquanto observava a mãe de Wooshik alisar gentilmente a bandeira dobrada, como se corresse os dedos pelo rosto do filho. Encolheu-se por dentro quando a viu perder o controle e soluçar trêmula com o rosto de encontro à bandeira.

Ansiando por manter algum tipo de distância, desviou o olhar para o arvoredo ao longe, onde carvalhos se enfileiravam, fortes e altos. Eram provavelmente simbólicos. Mas ele estava tendo dificuldade em encontrar consolo.

Atração Fatal ↠  jjk • pjmWhere stories live. Discover now