Capítulo 9

3.1K 471 65
                                    

JIMIN sentia a mente rodopiar. Não soube ao certo se o mesmo não acontecia ao seu corpo.

Os cinco dias anteriores tinham sido surreais. Como algo saído de um terrível pesadelo, algo com que nem mesmo o subconsciente o teria torturado. E agora terminara?

Ou quase terminara? pensou, olhando ao redor da tenda.

Era uma tenda espantosamente bem equipada para uma parada temporária. Dois catres, um fogão portátil, um conjunto de aparelhos que pareciam até capazes de controlar foguetes. Um pequeno arsenal a um canto e uma mesa e cadeiras no outro. E Jungkook no centro. Caixas estavam empilhadas junto a uma das paredes de lona grossa e vários livros encimavam um dos catres.

Jimin tornou a olhar para ele enquanto se dava conta de que seus nervos e músculos que haviam ficado dormentes durante o avanço veloz pela neve começavam a protestar.

Mas Jungkook não estava prestando atenção. Baixara o capuz e deixara os óculos de proteção de lado para colocar fones de rádio.

Observou-o atentamente, notando quais botões ele apertava e quais interruptores acionava.

— Base, aqui é Escoteiro. Refém a salvo. Vamos esperar suas instruções. Escoteiro desligando.

— Isso é tudo? — Jimin franziu a testa ao vê-lo desligar tudo com um simples toque de um botão. Quis pegar o rádio e berrar pelo fone. Insistir para que alguém aparecesse e os tirasse dali. Queria voltar para casa, droga.

— Sim, é tudo.

Não, ele quis gritar. Queria um banho e roupas quentes. Muito chocolate. Sua própria cama, pipoca, abraçar o irmão.

— Onde estamos? — sussurrou, mais do que preparado para ouvi-lo responder "Em algum lugar congelado do inferno".

— Na Sibéria. Na Encosta Norte — explicou Jungkook, movendo-se pela tenda para ligar pequenos aquecedores.

Não demorou para que um agradável calor se espalhasse ao redor. Em seguida, ligou uma série de pequenos monitores. Em princípio, pareceram todos brancos, como se estivessem desligados.

Aproximando-se mais para olhá-los, Jimin compreendeu que as imagens brancas eram neve. Enfim, viu no último monitor a rocha atrás da qual ele escondera a motoneve. Eram câmeras de segurança.

Jungkook achava mesmo que havia o risco de alguém segui-los? Essa e milhares de outras perguntas fervilhavam na mente de Jimin. Mas as primeiras que brotaram de seus lábios foram:

— Quanto tempo vamos esperar aqui? Alguém virá nos buscar? Quem enviou você para me salvar?

— Ficaremos aqui até recebermos novas instruções — respondeu Jeon sucinto.

— E isso vai demorar horas? Um dia? Dois? O que significa exatamente?

Jimin deu-se conta de que sua voz soara estridente, nervosa, mas não conseguiu evitar. Sentindo-se preso, mal conseguindo respirar, arrancou o lenço do rosto e, freneticamente, tentou desatar os cordões do capuz. Como estava com as mãos enluvadas, não conseguiu.

Estava ofegante agora. Pontos pretos espocavam diante de seus olhos. Antes de poder sucumbir ao grito que se formou em sua garganta, Jungkook estava a seu lado.

O contato de seus dedos quentes e gentis no rosto gelado dele enquanto desatava os cordões acalmou-o um pouco, especialmente depois que lhe removeu os óculos de proteção e lhe baixou o capuz.

— Respire pausadamente — instruiu. — Inspire, prenda o ar e solte-o devagar. Isso mesmo, garoto. Continue assim.

Sustentando-lhe o olhar, Jimin seguiu as instruções, respirando lenta e pausadamente, até que começou a recobrar o frágil e abalado controle.

Atração Fatal ↠  jjk • pjmOnde histórias criam vida. Descubra agora