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No momento que acordei já havia uma mensagem de Adora em meu celular e eu dei a desculpa esfarrapada de que precisaria ficar o dia inteiro fora para poder evita-la. Como esperado a garota disse que tudo bem e que poderiamos nos falar mais tarde. Depois disso passei a manhã toda longe do meu celular, fazendo qualquer coisa que pudesse me distrair e tirar da minha cabeça a vontade imensuravel de falar com a loira dos olhos azuis. 

- O que você está fazendo?- Não percebo a presença se Hordak até ele abrir a boca pra falar e continuo a amassar o pão que eu acabei de pegar no armario.

- Preparando algo pra comer, você quer também? - Pergunto por educação e recebo um "não" como resposta. Eu deveria me acostumar com a ausencia emocional do meu tio, já que há anos que nós não temos uma relação tão intima.  Ele é o tipo de homem "old man", que me vê mais como uma obrigação do que com alguém que possa confiar, não que eu me importasse com isso. 

O resto do domingo passou como todos os outros: ele trancado no seu escritorio resolvendo papeladas e mais papeladas e eu como sempre na sala vendo TV tentando matar o tempo que eu tenho sobrando. Passando de canal em canal tentando prender a minha atenção em qualquer coisa, até que no começo das 4 da tarde o telefone da sala toca e uma Entrapta animada começa a falar coisas desconexas como " a placa explodiu preciso de mãos novas." 

- Ok Ok eu estou indo, mas tenha certeza que nada ai vá me queimar ou me dar um choque, não estou em um dia bom.- Reclamo ao telefone e outro ruídos de coisas arranhando e arrastando são altos na outra linha.

" Pensei que o encontro com a Adora faria você ficar mais alegre, já que passou a semana toda falando sobre ele." Tento rebater Entrapta mas antes que eu pudesse abrir a boca a garota já tinha desligado a ligação.

Apenas coloco meus sapatos e aviso a Hordak que irei sair e não precisei ouvir nenhuma permissão para por meus pés na rua, já que a unica coisa que o homem pálido dizia é "Só não se machuque na rua." Chego na casa de Entrapta e vejo a garagem com o portão aberto e os cabelos longos e roxos voando para lá e para cá e a fumaça saindo de um dos seus projetos.

- Graças a Deus que você chegou, se eu não arrumar isso agora nós duas vamos ficar pretas de fumaça vem me ajuda. - Sou puxada por suas mãos e começo a segurar uns fios coloridos enquanto a garota vai colando eles com sei lá o que. - Vocês se beijaram ou algo assim?

- Do que você tá falando sua maluca? -  Tento me fazer de desentendida mas Entrapta ignora minha fala e repete a pergunta. Vejo que não tenho escapatória, já que ela não entende nada de regras sociais e assim faz perguntas um tanto quanto invasivas.

- A gente não se beijou e nem fomos no encontro, era uma aposta se lembra? - Ela vira seu rosto com a máscara assustadora para proteção em minha direção e eu sei que ela está se controlando para não falar mais coisas invasivas.

- Mas... Você disse que era um. Não entendo como você disse para mim que era mas na verdade não é? - Levo um choque por causa dos fios e os largo em cima da mesa. A garota os junta de uma vez e passa a fita isolante para não ocorrer outros acidentes.

- Que tal nós terminamos de fazer isso aqui e eu te conto tudo o que você quiser saber? - Ela concorda e voltamos a soldar fios aqui, juntar peças ali e as vezes seus pais aparecem para perguntar se ela precisava de algo, mas a garota não ouvia então eu respondia por ela.

Seus pais deixaram sanduíches e sucos na bancada e saíram e eu acabei comendo sozinha vendo Entrapta fazer códigos e criar sistemas para seu robozinho redondo. Coisa que é no mínimo entediante mas não tem nada  que eu possa fazer. Quando coloquei o último pedaço de pão na boca a garota anuncia que havia terminado e no chão um robô está rodando pela garagem.

- Você disse que estava animada pra ir nesse tal encontro com a Adora porque ela tem um cheiro bom, segundo você mesma. - Ignoro a menção da minha fala a alguns dias e tento me explicar.

- E estava mas percebi que não é uma boa ideia. - Entrapta limpa suas mãos em um pano velho e faz uma careta, mas não se identificar se é pelo pano estar sujo ou pelo o que eu acabei de dizer.

- E porque não seria? As vezes você é tão má com você mesma que não se permite ser feliz... AH DARLA NÃO. - De algum jeito as palavras de Entrapta entraram na minha cabeça pelo resto da noite que acabará de se iniciar. Depois de ajudá-la em seu robô que só gira e falar sobre coisas sem sentido e outras com um sentido absurdo eu volto para casa e sem novidade nenhuma Hordak continua em seu escritório.

Subo as escadas correndo e quando pego meu telefone vejo uma nova mensagem de Adora que foi mandada a pouco tempo. " Você estava com cara de besta nessa foto. Eu gostei. "

E em anexo, uma foto minha em seu quarto enquanto eu olhava seus CDs. Ela é uma burra. Uma loira de olhos azuis burra mas... Talvez esse seja o charme dela.

" Você deveria tomar cuidado com as coisas que você faz, posso ganhar uma boa grana com essa foto. Sabe como é processos de exposição de imagem. "

Na mesma hora ela começa a digitar e eu me sinto ansiosa.

" Não devia ser crime compartilhar obra de arte." Seguro meu oxigênio em meus pulmões e tento falar algo que faça sentido.

" Os museus estão aí pra isso né loirinha. "

Meus dedos digitam uma resposta rápida mas parece que Adora tinha outra na ponta da língua pois um minuto depois de eu mandar a mensagem eu recebo outra.

" Queria que meu quarto fosse teu museu."

Gimme Love ( Catradora)Where stories live. Discover now