Cleopatra

218 34 9
                                    

Nova Iorque 02:37 AM

Já era sua segunda balada na mesma noite, Naruto conversava com umas pessoas estranhas e sentiu seu corpo esbarrar com um cara porquê o mesmo já havia deixado o controle do seu corpo há uns shots de tequila atrás.

- Desculpa— ele gritou, estava tão bêbado que nem percebeu que não seria escutado.

O loiro invocado foi até atrás do cara com cabelos vermelhos e cutucou as costas, não percebendo quanto tinha irritado o desconhecido, prosseguiu cuspindo palavras.

-Desculpa por trombar contigo. Eu sou o Naruto.

-Impossível não trombar com ninguém aqui, prazer Gaara—o desconhecido abriu um sorriso ladino e cumprimentou-o.

Não tinha condições daquela conversa continuar naquele local, os dois saíram para respirar um pouco, principalmente Naruto- ele não era muito resistente ao álcool. Naquela conversa, além de conhecer o ruivo com uma tatuagem legal no rosto, conheceu Kiba, um homem falastrão e impulsivo que fedia cachorro as vezes. O Uzumaki passou mal minutos depois e precisou ser levado para o hotel pelos novos amigos.

Hotel 04:01

-Eu não querooooo

-Vamos, Naruto. Se não vou te empurrar embaixo dessa água- Kiba falava sem paciência.

-Rikudou, pode me levar que eu tô mortinho—disse o loiro no momento que a água excruciantemente gelada caiu em suas costas.

O ruivo ria por observar a ingenuidade do japonês que nem sequer perguntou o que ele fazia da vida e já foi levando para sua casa. Gaara era um fugitivo da polícia inglesa já ia completar dois anos e estava se escondendo nos Estados Unidos, podemos dizer que vender drogas nunca lhe pareceu tão custoso. Ao menos aquela noite com o loiro, se sentiu um pouco menos julgado e mais humano. Kiba era seu capanga mais fiel- e o único que não havia sido preso- desaparecia esporadicamente para ficar com mulheres desconhecidas, sempre foi assim... Porém, naquela noite estavam unidos cuidando do jovem que gritava umas palavras em japonês e dizia amar todo mundo.

Após o banho, o loiro sentou-se na beirada da cama e desatou a chorar. Como uma criança. É fato que a bebida o deixava mais sensível, mas aquilo era a acumulação da culpa, da dor. Sendo ou não, um dia ele amou aquela mulher de olhos perolados como sua vida e agora a abandonou como se não fosse nada. Os novos amigos ouviram a história atentos em meio aos soluços do jovem e se compadeceram. Depois dessa noite a tríade foi montada: Kiba, Naruto e Gaara eram quase um só. Viajavam conhecendo cassinos, bares e cidades pequenas com nomes complicados.

Fredericksburg- Texas 21:09

Naquele dia, o ruivo decidiu explicar para o novo integrante mais sobre suas vidas, afinal agora que Naruto fazia parte, precisava saber que corriam perigos maiores do que sair do bar sem pagar a conta. O de olhos azuis espantou-se com o histórico dos colegas, mas aceitou porque além de perceber a mudança, eles nunca haviam matado ninguém- aquilo era suficiente para ganhar a confiança.

-E como você escapou daquela prisão? — Uzumaki perguntava com um olhar curioso.

-Sempre tive bons contatos.

-Por Hashirama, eu estou no poderoso chefão!

-Só falta a briga de máfia italiana, uma família e a porra do resto do filme inteiro- disse Kiba rodopiando na frente de uma Jukebox antiga.

Riram bebendo whisky num bar beira de estrada de uma cidade que Naruto jamais conseguiria pronunciar o nome nem sóbrio, botaria culpa na sua língua de origem. Até que o loiro voltou ao assunto:

-Você vai continuar vendendo cocaína?

- Por quê? Quer comprar? —disse o de cabelos castanhos rindo alto, ainda sozinho dançando. Gaara revirou os olhos e disse:

-Não, eu saí dessa vida há muito tempo. Enquanto a polícia não me encontrar eu vou aproveitar e ser o cara que eu deveria ter sido. Eu fui um covarde, me envolvi com o crime pela glória e dinheiro.

Naruto sabia muito bem o que a palavra covardia significava, não da mesma maneira. Pensava que Gaara era melhor que ele, pois drogas não machucavam ninguém diretamente (a menos que escolhesse).

- A gente precisa ir- avisou Kiba quando viu pela janela do bar umas luzes vermelhas.

Eles levantaram rapidamente, pagaram a conta e entraram no carro em direção a um hotel próximo. O ruivo não estava se sentindo bem há tempos, contudo naquele momento sabia que a doença havia progredido em um estágio irreversível -insuficiência renal crônica- não tinha muito o que fazer e ele não se importava o suficiente. Oras, se não morreu com um tiro, morreria por coisa mais simples?

Ao chegar no hotel, cada um pegou um quarto para si, mas estavam todos no de Kiba para conversarem e esperarem a pizza chegar. Gaara disse tudo sobre sua condição. O loiro surtou ao pensar na morte do amigo e começou a pesquisar o que poderiam fazer. Os três mosqueteiros se viram em uma enrascada quando descobriram o valor da cirurgia: rim novo, médico clandestino, aluguel do local, medicamentos, equipamentos para a cirurgia. Ou seja, sem condições nenhuma de pedir um descontão ou parcelamento no cartão. Ao menos a pizza havia chegado.

-Naruto—escutou o amigo ruivo lhe chamar enquanto estava deitado na cama recém-alugada na pequena cidade texana.

-Está com dor? Quer que eu ligue para alguém? Compre algo? - diz o loiro comendo um pedaço de pizza.

-Preciso que você faça um favor para mim. Marquei um horário com um homem essa noite para conseguirmos dinheiro para a cirurgia. Você poderia falar com ele por mim?

-Como assim dinheiro, Gaara? Você me disse que não ia fazer nada ilegal, que já saiu dessa vida.

-É a única forma, Naruto. Não tem como fazer empréstimo em banco e eu não tô afim de morrer.

-Eu faço no meu nome.

-Isso é problema meu, e o cara me deve uns favores. Por favor, vá.

Naruto balançou a cabeça tentando relembrar quando ele havia se metido em tal coisa, era apenas um mochileiro recém-solteiro em um bar. Em poucos dias havia se tornado em cúmplice de um fugitivo da polícia da Inglaterra- POR DROGAS. A parte certinha do jovem fritava seus neurônios- ele não queria ser deportado, mas o mesmo tentava não ligar e apenas ajudar seu amigo, como ele lhe ajudou no dia da bebedeira.

Aquele dia estava mais frio que o usual, fazendo com o de olhos azuis vestisse uma jaqueta preta de couro acompanhado de uma calça jeans e um tênis que de acordo com sua ex-noiva, era horrível. Pegou a chave do carro de Kiba e partiu pela noite escura, indo até o endereço marcado no papel. Quando recebeu um estalo mental, não estavam no Texas para conhecer mulheres bonitas e armas, o ruivo já planejou isso há um tempo- ele já sabia que estava piorando e iria precisar do dinheiro.

"Aquele cara é bom, por isso que nunca foi encontrado"

Naruto pensou enquanto dirigia naquelas ruas vazias cortando a noite fria e seus pensamentos. Ao chegar no local, se irritou um pouco por suas mãos parecerem mais frias que o usual, afinal estava nervoso. Iria conhecer um criminoso. Já imaginava as imensas tatuagens e cicatrizes pelo rosto, com um olhar de assassino e um chapéu legal. Deixou os pensamentos de lado e observou a casa moderna, ampla e extremamente cara- até pensou em ser criminoso também, seu salário de professor jamais cobriria isso.

Estacionou o carro e fechou a porta lentamente- deveria admitir que estava com um certo palpitar além da conta, mas era tudo pelo seu amigo doente. Fingiu esquecer-se o fato do criminoso/traficante/tatuado que havia pensado e bateu na porta da casa.

"CARALHO, AQUELE CARA É ASSUSTADOR, GAARA VOCÊ ME DEVE CACHAÇA PRO RESTO DA VIDA"

The Lumineers •NarusasuOnde histórias criam vida. Descubra agora