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- Nos encontramos a quatro e meia, Lili. Não se atrase.

- N-não irei.

As duas se despediram com um demorado selinho antes de cada uma entrar em seu devido apartamento, Jennie cumprimentando Leo que a esperava deitado em seu sofá de uma forma preguiçosamente tediosa, já Lalisa sendo recebida pelo o seu pai que se encontrava na quarta garrafa de cerveja enquanto esticava os pés na mesa de centro. A mãe de Lalisa odiava quando ele fazia aquilo, a loira se lembrava bem daquilo, até ela mesma odiava.

Seus olhos se cruzaram, o alcoolismo claro nas órbitas castanhas claras de Andrei e o desespero real nos de Lalisa a fizeram fechar seus olhos respirando com um pouco de dificuldade, tudo perto dele era difícil.

- Já que não está mais trancada em seu quarto, e andando com várias amiguinhas, está na hora de termos uma conversa.

- E-eu não t-tenho nada p-pra conversar com você.

- Nós temos muitas coisas nas quais conversar, Lalisa. Sente-se aqui.

- Eu n-não quero.

- Sente-se.

- Eu n-não-

- AGORA! - a menina deu um pulo assustado ao escutar o grito do homem, sendo alto o suficiente para machucar os seus tímpanos.

Ela não trancou a porta, caminhou silenciosamente até o sofá se sentando ali, tendo cada medo acordado em uma fração de segundos, cada sentimento sendo revirado em questão de milésimos, querendo ser salva, mas não sabendo para aonde correr ao certo.

O velho deu mais um gole em sua cerveja limpando os resquícios com a mão. Ele cambaleou quando se levantou dando uma risada amarga de dor, olhando para a sua filha, para a cópia fiel de sua esposa, a dor, a ira, a culpa tudo estava se acumulando em Andrei da forma mais rude e fria possível.

- Está pagando elas para serem suas amigas?

- Q-que?

- Está pagando a sua vizinha para sair com você?

- N-não, claro q-que não!

- Ah qual é, Lalisa, ninguém em sã consciência sairia com você ou seria seu amigo. Você não passa de uma estranha analfabeta. Vamos, me diga, está usando drogas com ela?

- Eu... eu n-não sou v-você.

- Como?

- N-não estou usando d-drogas.

- Você contou a ela sobre a sua mãe? - a loira negou com a cabeça, começando a sentir uma grande falta de ar, uma crise de pânico habitava o seu corpo, precisa de ar, precisava respirar, precisava da Jennie naquele momento - Eu juro que se você falar algo eu te mato igual eu matei a puta da sua mãe.

- V-você é um m-monstro...

- Ah não... não, não, não... sua mãe que era uma puta barata e que decidiu dar para alguém com bem mais condições que eu. Ela não passava de uma interesseira de merda, e creio que você seja igualmente a ela.

Lalisa começou a se sentir tonta pela falta de ar, não conseguia se levantar para sair daquele ambiente pesado e completamente perturbador, não conseguia fazer nada a não ser se prender a lembrança de sua mãe morta bem ali na sua frente. Seus olhos se encheram de lágrimas, a fazendo sair correndo até o apartamento vizinho, mas falhando ao bater à porta.

Mesmo assim, quando ela se virou para ir até o terraço, a porta se abriu e a voz doce de Jennie entrou em seus ouvidos. A morena a olhou confusa, mas feliz por vê-la ali, mas tudo sumindo quando viu o estado pálido da loira.

- Você está bem?

A loira negou puxando o ar de uma forma frenética, mas os seus pulmões não recebiam nada a não ser uma queimação continua pela falta de oxigênio. Jennie a trouxe para o seu apartamento a sentando no chão enquanto acariciava as suas costas, a outra mão sentia a sua pulsação que era fraca. A loira já não ouvia tudo nitidamente, os zumbidos pela falta de bombardeamento do sangue em seu corpo começaram a ser mais frequentes.

Jennie segurou o seu rosto, a fazendo olhar fixamente para ela, começou o exercício de respiração altamente controlada perto dela, que tentava de todos os modos acompanhar a morena que começava a demonstrar muito desespero.

- Olha pra mim, Lisa, olhe para mim. Preste atenção em mim, amor.

Jennie olhou no fundo das órbitas verdes escuras, respirando como da primeira vez que ajudará a garota no elevador, aquilo seria o marco na relação das duas, sempre seria. Até que Lalisa focou naquela respiração imitando aos poucos a morena, o oxigênio entrando devagar em seus pulmões e os zumbidos junto a tontura começaram a apaziguar em seu corpo a fazendo voltar aos poucos.

Não pensou antes de se jogar nos braços de Jennie, recebendo um carinho acolhedor e maravilhoso que a fez soluçar enquanto soltava lágrimas pesadas de dor e culpa, porque aquele sentimento era tão vivo nela?

Jennie a puxou para mais perto beijando o topo da sua cabeça a protegendo de tudo e de todos que a faziam mal, não sabia o que havia acontecido, mas estava disposta a proteger aquela garota como se fosse a sua própria vida.

- Estou aqui, estou aqui... está tudo bem...

Lalisa assentiu escondendo e se confortando no corpo de Jennie sentindo o calor e a proteção daquela menina especial. Sentindo o cheiro suave e doce que impregnava em suas roupas nas quais ela sorriu em agora titular como sua favorita, cada coisa que Jennie fazia por ela virava a sua coisa favorita, o seu lugar favorito, a sua pessoa favorita. Era tão bom respirar, tão bom poder ser normal, poder ser tratada como uma pessoa normal, não só com Jennie mas com Jisoo e Chaeyoung também. Era querer demais que todos fossem assim?

- O que aconteceu?

- A m-minha v-vida aconteceu, Nini...

- Não fala assim, Lili... - Jennie pediu voltando a segurar o seu rosto novamente, passou o seu polegar em suas lágrimas tirando a dor a qual não aguentava ver vindo da loira. A morena raspou seu nariz levemente no de Lalisa, suspirando aliviada em sentir os carinhos calmos em sua cintura, aquele específico carinho que só Lalisa sabia fazer - Tudo bem?

- A-acho que a-agora sim...

Lalisa sussurrou se sentindo em casa perto dela. As duas se aproximaram ainda mais - mais do que fosse realmente possível - respirando de uma forma diferente, a forma que as suas línguas conversavam entre elas, enquanto as duas giravam a cabeça em lados opostos, as mãos de Jennie perdidas e reconhecendo os fios claros da menina, que a puxava pela cintura com mais força e precisão como quisesse sentir mais do que suas bocas coladas, mas não sabendo o quão além podia ir.

Lalisa a trouxe para o seu colo encostando suas costas no sofá podendo descansar as suas mãos na cintura da morena que aceitou aquela posição de bom grado, levando suas mãos para o rosto de Lalisa o segurando com leveza e compaixão.

Elas se separam por segundos, se olharam tendo uma breve conversa pelo o olhar, Jennie sorrindo ao ver o quão estavam dilatados os olhos de Lalisa, não podendo controlar a vontade de morder aquele lábio carnudo.

- Não estamos na casa da Chaeyoung... e temos uma certa privacidade aqui, não acha? - Jennie sussurrou olhando para as bochechas ruborizadas de Lalisa.

Mas o sorriso que foi trocado mostrava que coisas acometeriam a seguir.

[...]

Letras (Jenlisa)Onde histórias criam vida. Descubra agora