Capítulo 22

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Harry Styles







     O celular sobre a mesa estava vibrando e  mais uma vez, era minha mãe. Não queria simplesmente atender e ouvir da mulher um discurso sobre " Carga de trabalho excessivo". Ela  sabia que hoje iria chegar tarde, havia avisado para que não se preocupasse, mas era como falar com uma parede.

        As coisas não estavam indo tão bem quanto eu queria na floricultura, e para ser bem sincero, chegar em casa e dizer para mulher que estava tudo bem, me deixava incomodado. Queria lhe dar uma boa noticia, mas no momento não conseguia. Com o baixo movimento da loja e com a antiga péssima administração, só poderia lhe dizer que Trifolium iria fechar as portas. Mas me negava a fazer isso, então no momento, mesmo odiando, mentir que tudo estava bem era necessário.

— Senhor Styles.- as duas batidas na porta junto a voz de Lorena chamaram minha atenção. - Já está  tarde  e estou indo embora, posso então deixar a chave da loja com o senhor? Amanhã é minha consulta e quem provavelmente vai vir abrir a loja é o Miguel.

     Apenas confirmei. Claramente desconfortável ela trouxe até minha mesa a chave, acenando com a cabeça sem jeito antes de dar as costas e sair porta a fora. Deveria ter agradecido, ter lhe dito que havia feito um bom trabalho, mas ela fugiu rápido demais para que eu fizesse. O relógio marcava as dez horas da noite, havia segurado Lorena e exigir demais dos funcionários não era minha intenção. Ela já tinha seus problemas, e mesmo sabendo que a mesma precisava das horas extras, não podia permitir. O cansaço chega e o desempenho dela na loja baixaria, assim como em sua vida pessoal.

     Pateticamente, de repente ao pensar sobre isso, Rebecca veio a minha cabeça. Sua insistência e teimosia em permanecer em um lugar como aqueles, me causava grande raiva. Eu tenho os problemas de visão, mas ela absurdamente parece ser mais cega. Eu sabia, sabia que a moça necessitava de dinheiro, era compreensível, as vezes quando só temos uma saída, nos submetemos a certas coisas. Mas Rebecca não estava precisando daquilo, não quando ela tem a nós para lhe dar suporte. 

     Conhecia aquele indiano, sabia que sua arrogância predominava sobre sua simpatia. Não podia julgá-lo por isso, já que eu não era de muitos sorrisos. Mas não negava ser quem eu não sou, e o indiano era um falso hipócrita. Sua boa conduta era apenas para conquistar as pessoas. Quando elas veem seu lado bom, e as coisas gentis e "legais" que ele faz, se encontram presas. Quando sua real personalidade surge, não importa o quão ruim ele seja, sua mente te faz lembrar das coisas boas que ele fez por você e vai sentir como se estivesse em divida. Não vai sair.  E mesmo alertando a Rebecca, a mesma não quis me ouvir. Agora ela teria que lidar com isso sozinha.

     Havia passado pela mesma situação, era tão burro quanto Rebecca. Mas havia resolvido tudo com um  soco na cara do homem. Como Rebecca havia constatado, nunca fui bom em me comunicar. Ainda estava surpreso pelo mesmo não ter me reconhecido no acidente, pois do contrario, claramente Rebecca viria falar comigo.

— Harry?

  Matteo surgiu a sala me olhando. Ele sequer deveria estar ali. Me lembrava de pedir para ele ir embora mais cedo, do contrario assim como minha mãe ele me impediria de trabalhar em paz.

— O que faz aqui?

— Vim buscar uns papeis, estou fazendo uns gráficos e ...- ele para de falar cruzando os braços, me olhando desconfiado- ... O que você está fazendo aqui?

— Eu sou seu chefe. Você realmente não tem medo de ser demitido?

  Ignorei a ele, voltando o foco para os papeis em minha frente. Era mais trabalho do que eu esperava. Contratos nos quais eu teria que cancelar e dores de cabeça entre linhas, chamados de boletos. Haviam propostas de compra, mas elas seriam jogadas no lixo assim como as outras.  

As cores em você |H.S| 🦋Onde histórias criam vida. Descubra agora