Capítulo 38

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   Lorena me fez ficar completamente pensativa e com um leve, mas significativo peso na consciência que, se eu alimentasse, poderia me matar. Conversamos ali por um tempinho, e ouvir os conselhos dela era mais do bom. Me sentia menos perdida quando havia alguém me contando a sua visão das coisas. E confiava em Lorena o suficiente para a ouvir e saber que, se ela disse, podia ouvir.

— Por mais que conversar com você seja ótimo, preciso ir. — a morena suspira.

— Eu também já deveria estar no restaurante. Mas, me diz uma coisa, você não me disse que tinha uma hora disponível?

  Lorena arruma sua postura, sorrindo enquanto balançando o corpo de forma faceira. Piscando freneticamente, já sabia que havia coisa.

— Não te contei que estou oficialmente sendo o braço direito, do braço direito do Harry? — a moça segura minha garrafa de água enquanto arrumava os folhetos dentro da sacola de papel.

  Eu apenas neguei  e ela logo encolhe os ombros.

— Pois estou. Matt está atolado de trabalho assim como Harry, então ele me pediu ajuda. Eu converso com alguns fornecedores daqui, enquanto os dois resolvem os problemas das floriculturas de Harry lá nos Estados Unidos!— ela explica orgulhosa —Me sinto tão útil. Acrescentando que eu também fico perto de Matt e não de Harry, sinto menos pressão!

  Com os olhos semicerrados a encarei, assim que  começamos a andar lado a lado.

— O que foi?

— Matt né, Lorena? Hmmm...— desviei meus olhos encarando o caminho.

   Ela já havia me dito que achava Matt um homem bonito, mas que não fazia o seu tipo. Mas gostava de ver a mulher mordendo a própria língua. Eu aposto que ela sabia que eu havia me lembrado disso agora, pois seu olhar para mim, junto ao seus ombros encolhidos e sorriso safado, lhe entregou.

— Matt é muito bonito, não posso negar que ficar perto dele vinte quatro horas, com aquele perfume bom demais, pode ter afetado meus sentidos. — ela joga uma desculpa deslavada.

— Não é errado você dizer que está afim dele, ok Lorena?

   Ela ergue a sobrancelha e logo cruza os braços.

— Faço suas, as minhas palavras... ouviu, Willou?— retruca provocativa.

  Dou de ombros.

— Sequer sei do que a senhora está falando. Desculpa.

  Ela solta uma risada empurrando levemente meus ombros.

  Caminhamos até o outro lado da rua. O tempo estava fechando e o céu cada vez mais escuro. Bom, pelo calor que fez todos esses dias, acho mais do que merecido uma chuvinha. Mas não tinha necessidade de ser tão exagerada, gostaria de deixar isso claro. Tinha que ir para casa e não queria chegar toda encharcada.

— Conseguiu falar com seu irmão ? — Lorena chama minha atenção — Você me disse que iria tentar falar com ele. Como estão as coisas?

— Na verdade eu esqueci completamente. Hoje de manhã perguntei para o japonês se podia usar o telefone livre que tinha no restaurante, e ele disse " contanto que compre fichas ". Acho que isso foi um sim! — balancei a cabeça sorrindo — Vou ligar para ele quando chegar lá. Estou preocupada mesmo.

— O que prende seu irmão lá no interior? Por que ele não tenta a vida aqui?— Lorena me olha.

— Renan é um bicho do mato. Crescemos lá, e ele conhece a todos. Ele gosta da selva original, e não a de " pedra" como ele diz.

As cores em você |H.S| 🦋Where stories live. Discover now