O torneio de talentos

982 13 0
                                    

Vozes femininas são escutadas atrás da porta da terma.

"Takeda-sama, por favor, nos deixe ajudar! ".

"Eu já mandei irem embora! ". Takeda diz, de pulsos firmes. "Já disse, não preciso mais que vocês me ajudem! ".

"Seu pai nos deu ordens, não podemos deixá-lo sozinho". Uma delas retruca de volta. "Só queremos te deixar confortável! ".

Takeda desiste de as convencer, apenas desconhece a presença delas e afunda na água, até seus ouvidores serem tapados.

"Por que meu pai fez isso comigo? Me tratar como criança não basta? ".

Ele bate a mão na água, pingos espirram no piso de madeira entorno da terma.

"Onde Hayabusa foi se meter? ... Ele não apareceu para me treinar".

Terminando de se banhar e já coberto com a toalha, Takeda abre a porta, dando de cara com as empregadas.

"Aqui estão suas vestes". A primeira diz com um sorriso.

"O mestre Yamato escolheu pessoalmente, vocês irão a um evento feito uma verdadeira família feliz, é uma ocasião especial! ". A segunda salienta, chegando seu rosto para perto de Takeda. Ele suspira e toma as roupas das mãos dela, fechando a porta.

"Estaremos aguardando aqui fora! ". Dizem juntas, com risos de fundo.

"Insuportáveis! ". Takeda retruca, seu rosto fica um pouco vermelho, ele balança a cabeça. "Não pense nisso, pense no monte de gente importante que vai estar assistindo à competição, ele vai estar lá, o senhor Manzo! ".

Depois de vestir as roupas lhe dadas e deixar a terma, Takeda se reúne com os membros que assistirão ao torneio. Olha Yamato e Iwaki juntos, equipados com suas armas, pareciam estar disponíveis para uma batalha. O que mais surpreende seu olhar, é ver o mestre Hayabusa logo atrás. Takeda percebe um sentimentalismo nos olhos de seu tio que depressa, se perde em um sorriso.

"Sobrinho. Está formidável". Hayabusa diz.

"Tio, por onde esteve? ". Seu contentamento por ver Hayabusa fica visível, deixando Yamato inquieto.

As empregadas também se juntam a Takeda.

"Mentira...". Ele vê seu mundo cair em pedaços.

"É para sua segurança". Iwaki diz amavelmente.

Yumi acena para as empregadas, mas Takeda olha para ela de um modo intimidador, fazendo-a recolher a mão.

"Só vocês dois não são o suficiente? ". Pergunta.

"Elas são mais que capacitadas de cuidar de você caso fiquemos ausentes, é o que importa". Yamato responde.

"Poderia procurar saber o que penso as vezes". Takeda rebate, não aceitando a resposta.

"Enquanto for criança o que você pensa não me importa. Apenas procure me obedecer". Yamato ralha. "Vamos, é um pouco longe".

As competições na cidade de Yasu aconteciam duas vezes por ano. Ver tantos clãs dar as faces com seus oficiais a luz do dia, era um evento raro para os cidadãos comuns, portanto, eles se surpreendiam ao ver o mais forte clã, a Lótus Negra com seu uniforme sombrio e chamativo, expondo os seus mais valiosos membros e discípulos que somavam quinze homens.

As pessoas abriam espaço para eles passarem, ninguém queria se pôr a suas frentes, não depois do boato sobre a confusão daquela noite onde o cheiro de carne humana a queimar, pôde ser sentido se disseminar da residência da Lótus Negra. Porém, estarem todos os mestres juntos fez a outra metade do rumor esfriar, agora sabiam não ter sido um desentendimento entre eles.

Yumi se aproxima de Takeda durante a caminhada.

"Muito obrigado por me convidar, mestre".

Takeda olha para ela, apesar de todos os problemas que trouxe, sua mudança era aparente. Ele dá com os ombros.

"É normal que venha, até onde eu saiba você prometeu me proteger, o mínimo é andar junto comigo". Responde.

As empregadas que andavam a frente dele escutaram a conversa e sorriram, junto ao mestre Hayabusa logo atrás. Hoje todos os discípulos usavam, por razões óbvias, lâminas de verdade, para serem capazes de retaliar qualquer desventura no caminho.

Yumi se alegra com a resposta, ela não consegue olhar para Takeda, não sem sentir vergonha. Takeda percebe a animação dela e também sorri, obviamente, de uma maneira a não deixar muito evidente, mas além de reparar nela, tinha um bom tempo que mantinha seus olhos em Hayabusa e Yamato, sem se falarem desde o começo.

As coisas deveriam ter se resolvido entre eles, mas o clima de animosidade persistia no ar. Takeda volta seu olhar para Yumi quando nota o estranho comportamento dela que passeava seus olhos por todos os lados, conforme pela multidão andava.

"Eles morreriam antes de pensarem em nos atacar".

"Desculpe? ". Yumi retorna à realidade.

"Sei que está assustada, sua preocupação me sufoca e ela é quase sólida, mas com nossos mestres por perto ninguém ousaria sonhar em tentar alguma coisa".

"Sim! ". Responde com entusiasmo. Assim, eles continuam pelas ruas da cidade, cada vez mais perto de chegar no local da competição. Takeda assistia aquela quantidade de pessoas a preencher as lacunas de Yasu.

Não somente elas, como também figuras jovens e misteriosas que participariam da competição, todos eles equipados com diferentes estilos de armas e roupas, cada um representando uma família, a fim de tornar o nome dela conhecida.

Pensasse na dificuldade que as pessoas tinham de se tornar alguém em meio a tantos artistas marciais. Ele se perguntava, por ter nascido em uma posição privilegiada como herdeiro do mais forte clã da cidade, a sua posição fazia jus a suas habilidades?

Takeda tocou sua espada, cada competidor deveria ter uma runa própria, sabia estar envolto de dezenas de habilidades misteriosas e isso lhe dava calafrios. A sua carecia de seu controle e talvez isso tornasse aqueles à sua volta melhores do que ele.

Temporariamente sentiu a necessidade de participar do torneio, mas sabia não ser aquela a melhor hora para pôr seus interesses acima das palavras de seus pais. Tudo o que ele queria era ser forte, mas olhando para suas mãos, as vias tão pequenas, jamais poderia alcançar o mundo através delas, mas daria o seu melhor.

Bone Breaker (Novel)Donde viven las historias. Descúbrelo ahora