CAPÍTULO XLIII

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Quando ela diz isso, começo a notar coisas diferentes. Pontadas de dor por todo o meu corpo. Estou machucada e com dor. Tateio meu corpo e percebo que minhas roupas estão ensopadas de sangue. Não aquele óleo preto e morto que coagulou em minhas veias. Sangue vivo, brilhante e vermelho. Camila aperta a mão contra meu peito com tanta força que é quase um golpe de kung fu. E contra a pressão da mão dela, eu sinto, um movimento dentro de mim. A pulsação.

- Lauren! — Camila diz quase gritando. - Acho que... você está viva!

Ela pula em cima de mim e se enrola no meu corpo apertando tão forte que sinto meus ossos semicurados estralarem. Ela me beija de novo, sentindo o sangue salgado do meu lábio inferior. O calor dela se irradia para dentro do meu corpo e sinto uma onda de sensações quando o meu próprio calor responde a esta investida. Camila para repentinamente, me soltando, indo um pouco para trás e baixando o olhar. Um sorriso criativo aparece em seu rosto.

Olho para baixo, para o meu corpo, mas nem precisava. Posso sentir. O sangue corre por ele, inundando capilares e acendendo células como se fossem fogos de artifício. A gratidão por esta segunda chance que nunca imaginei que teria. A chance de recomeçar, de viver, amar e de ascender em uma nuvem poderosa e nunca mais ser enterrada na terra molhada e lamacenta. Beijo Camila para esconder o fato de estar ficando corada. Meu rosto está tão vermelho e quente o suficiente pra derreter um aço.

...

Normani está na praça que fica perto do portão principal do Estádio, em pé, ao lado do Coronel Rosso e em frente a uma enorme multidão.

- Muito bem, minha gente — Rosso começa, falando alto para que sua voz chegue também às pessoas espalhadas lá atrás. - Nós nos preparamos para este momento o melhor que pudemos, mas sei que ainda poderá ser um pouco desconfortável.

Não são todas as pessoas do Estádio que estão aqui, apenas as que quiseram vir. As outras estão escondidas atrás de portas trancadas e com suas armas à mão, mas Normani espera que eles acabem saindo para ver como as coisas vão.

- Quero assegurar mais uma vez que vocês não estão correndo nenhum perigo. — Rosso continua. - As coisas mudaram. — Ele olha para Normani que assente com a cabeça. Os guardas abrem os portões e Normani grita:

- Vamos lá pessoal, podem entrar! — Um por um, ainda desajeitados, mas andando praticamente eretos, eles entram no Estádio. Os meio-mortos ou os quase-vivos. A multidão troca sussurros ansiosos e se retrai quando os zumbis formam uma linha meio solta em frente ao portão.

- Estes são apenas alguns. — Normani diz, andando para a frente para falar com o povo. - Mas têm mais deles lá fora a cada dia. Eles estão tentando se curar, se livrar da praga, e precisamos fazer o que pudermos para ajudar.

- Como o quê, por exemplo? — Alguém grita.

- Vamos estudar o que está acontecendo. — O Coronel Rosso responde. - Vamos ficar perto do processo, observar e participar até que algumas respostas comecem a emergir da coisa toda. Sei que isso é vago, mas temos que começar de algum lugar.

- Conversem com eles. — Normani continua.

- Sei que dá um pouco de medo no começo, mas olhem nos olhos deles, digam seus nomes e perguntem os deles. - E não se preocupem — Rosso fala. - Cada um terá um guarda ao lado o tempo todo, mas tentem acreditar que eles não vão machucar vocês. Temos que acreditar que isso vai funcionar.

Normani dá um passo para trás e deixa as pessoas passarem. E, com cuidado, elas se aproximam dos zumbis, enquanto guardas precavidos mantêm suas armas preparadas. Da parte deles, os zumbis estão lidando com esta experiência constrangedora de maneira bastante paciente. Ficam ali parados e esperam, alguns deles até tentando esboçar sorrisos amigáveis.

Minha namorada é uma zumbiWhere stories live. Discover now