Capítulo 1

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Outro capítulo enorme, meus amores e o próximo será narrado pela Brianna.

Boa leitura!

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SPENCER

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SPENCER

Acordei com dor por todo o meu corpo e uma ressaca absurda.

Demorei a abrir os olhos. Na verdade, fiquei um bom tempo num estado confuso entre o adormecer e o acordar. Queria voltar a dormir, mas meu corpo parecia recusar a oferta. Assim fiquei deitado durante o que me pareceu horas, mas provavelmente foram apenas minutos. Quando me dei por vencido, abri os olhos. Não de uma vez, mas entre piscadas longas.

Primeira coisa que fiz ao raciocinar foi olhar aos arredores para ter noção de onde eu estava. De nada adiantou, porque não conhecia aquele quarto. As paredes eram brancas e tinham lençóis pendurados como decoração. O bocal da lâmpada no teto estava vazio. No canto ao lado da porta fechada, algumas sacolas e uma mala grande. Ela estava aberta e com roupas transbordando pela beirada, como se quem morasse ali fosse apenas um hóspede temporário. "Quem morasse ali", pensei nas palavras por segundos.

Tentei adivinhar quem poderia ser, mas minha memória estava toda enevoada e não tinha sequer certeza se lembrava de o que havia acontecido após entrar no bar na noite anterior. Lembrava-me de beber, lembrava-me de sorrir para o espelho. Mas isso eu fazia quase todas as noites. Olhei para o lado e percebi que colchão em que eu estava deitado ficava no chão. Ao meu lado algumas roupas, inclusive minha camiseta preta com algumas gotas de sangue seco, minha jaqueta de couro, e meus tênis embarrados. Aonde eu tinha vindo parar dessa vez? Pisquei algumas vezes e cocei meus olhos. Estava zonzo e minha cabeça latejava.

Havia bebido demais. De novo.

Em cima de mim tinha uma janela e por ela podia-se ouvir o barulho do trânsito lento. Não havia muitos carros passando, o lugar podia ser afastado do centro da cidadela. Pelo vidro fechado entrava alguns raios de sol que ardiam meu rosto. Já devia ter passado do meio dia pela altura do sol. Bocejei e me espreguicei lentamente, como um gato doméstico numa tarde preguiçosa. Um gato doméstico que acorda numa casa desconhecida. Decidi fazer alguma coisa e busquei minha camiseta caída sobre o chão de madeira.

Quando terminei de me vestir — o que levou inúmeras tentativas, pois meus braços não me obedeciam —, ouvi barulhos do lado de fora do quarto. Então não estava sozinho ali. Uma onda de desconforto me subiu pelos pés. Senti os pelos do meu braço arrepiarem. Paralisei no lugar porque não fazia ideia de quem iria atravessar aquela porta. Mas não demonstrei nada. O meu exterior sempre foi completamente neutro em relação ao que eu sentia no interior. O trinco mexeu, a porta branca de madeira abriu lentamente e por ela passou uma silhueta feminina.

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