O SEGREDO E O IMPERADOR

Capítulo 3

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SPENCER

Red não estava em casa. Seu turno já havia começado no bar fazia algumas horas. Eu estava deitado no colchão, aproveitando que a dona dele não se encontrava por ali. Ela não permitia mais que eu dormisse em sua cama improvisada. E eu não a culpava por isso, mas minhas costas já estavam cansadas do chão duro.

Encarava a lâmpada do teto. Red e eu tínhamos comprado e instalado uma há alguns dias. O sol já havia se posto, então a luz estava ligada, iluminando todo o quarto de amarelo. Eu preferia o quarto escuro, mas logo teria que sair e eu não queria levantar agora só para desligá-la.

Continuei deitado refletindo sobre como minha vida havia mudado nos últimos dias. Fazia mais de duas semanas que estava ficando na casa de Red. Ela era bastante solidária. E eu era eternamente grato por isso, mas precisaria recompensa-la assim que possível. Como eu faria para pagar Red pela ajuda que ela estava me dando?

Oportunidades não caíam do céu, afinal.

Eu tinha encontrado um trabalho de dois dias por uma grana aceitável: serviria num pequeno evento de duas noites. Mas o dinheiro que ganharia já estava todo reservado para as refeições diárias. Quem sabe se eu tivesse sorte algum tipo de reviravolta milagrosa aconteceria logo e eu ganharia no bilhete de loteria que Red me fez comprar dias atrás.

Mas não estava muito otimista quanto a isso.

Ouvi o trânsito do lado de fora, não era um lugar muito movimentado por ali. Estávamos a quilômetros do centro do Condado de Fletcher. Tinha um mês que o condado era minha casa. E tudo aqui era tão afastado do restante do reino que ninguém desconfiava de minha verdadeira identidade.

Por aqui eu era conhecido apenas como Spencer Tudor, órfão de pais trabalhadores de uma cidade distante que se mudou recentemente a fim de começar uma vida nova. Ninguém desconfiaria, por que o fariam? Red tinha vindo para cá com o mesmo propósito, então era um bom disfarce.

Uns vinte minutos depois que cansei de minha própria companhia, passei a mão pelo rosto para expulsar o ócio e o sono e decidi me levantar. Bocejei algumas vezes durante o processo, mas logo estava de pé. Assim, caminhei até a cozinha — mas não me esqueci de desligar a lâmpada do quarto no processo. A Red dizia que não erámos da realeza então tínhamos que economizar em tudo, inclusive a energia elétrica. Eu escondia um sorriso ao ouvir todas as dezenas de vezes que esqueci de apagar a luz ou que ficava com a geladeira aberta por muito tempo. Mas acabei aprendendo. Respeitar as regras da dona do lugar era o mínimo que eu poderia fazer —, abri a geladeira, peguei a garrafa de água e bebi dois copos seguidos. Como iria sair, os copos de água me ajudariam a manter-me hidratado durante o caminho, estava frio demais. Depois do meu "trabalho temporário", havia combinado de encontrar Red no bar.