Capítulo 2

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BRIANNA

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BRIANNA


Estava sentada à mesa. Uma xícara de café em minha frente, mas eu não a bebia. Café me deixava nervosa e hoje eu precisava me manter o mais sã possível. À mesa diversos tipos de chás, panquecas, o black pudding, que é um tipo de chouriço, pão frito, ovos fritos com fatias de bacon. Conseguia encarar tudo isso, mas eu simplesmente não conseguia comer baked beans. Nasci no país da feijoada então comer feijão branco assado com molho de tomate no café da manhã era algo inimaginável para qualquer brasileiro. Até nisso Parish era diferente do Brasil. Diferente do meu Amazonas.

Que saudade do bolo de macaxeira, do açaí, da pupunha, da tapioca, da banana frita e do meu favorito: sanduíche com tucumã, ovo, queijo, presunto, castanha, e banana. De qualquer forma, eu também estava sem fome, mas comia pedacinhos de uma fatia de bolo doce apenas para não passar o resto do dia sem nada no estômago. Sentia-me um pouco ansiosa, mas decidi ignorar o sentimento. Como quem finge esquecer-se de um problema que não tem solução. Precisava demonstrar neutralidade, como se nada me afetasse. Já era considerada a bastarda do Conde Eagle e não merecedora das terras de meu pai por todos os amigos da família que eu nunca soube que fazia parte, então precisava ser forte.

Teria um longo dia pela frente.

Além disso, os que viviam e trabalhavam na propriedade ainda não confiavam em mim devido ao que ficou conhecido no Condado de Fletcher como o "Incidente de Gipsy Vanner" que ocorreu logo após a minha chegada. Mesmo que aquilo já fizesse mais de um ano e que eu tivesse trazido cavalos novos de uma raça árabe prestigiada para nossos estábulos desde meu retorno. Tia Louise ainda precisava apaziguar as coisas por mim e isso já estava ficando cansativo.

Eu era a herdeira, não minha madrinha.

Os treinadores, os montadores, até mesmo outros veterinários ainda desconfiavam de mim. Já tinha ouvido dizer que essa chegada de cavalos novos aqui na propriedade Gypsy Vanner fazia parte de todo meu esquema. Como se eu tivesse fazendo tudo de maneira calculada; para aproveitar dos melhores serviços que a propriedade oferecia e no final lucrar tudo sozinha. Até parece que eu era capaz de uma coisa dessas!

Acho que só iriam confiar em mim quando eu conseguisse o maldito marido que a cláusula pedia. Isso mostraria para todos que eu queria honrar os pedidos de minha família — de meu pai e de minha avó que sequer conheci — e não estava ali apenas para aproveitar das riquezas das terras. Nada daquilo fazia sentido na minha cabeça, mas eu já estava ficando sem tempo.

Estava prestes a completar vinte e quatro anos. Só tinha mais dois anos para cumprir aquele requisito ou eu perderia tudo. A propriedade iria a leilão e sei de muitas famílias que estavam loucas para meter a mão no legado da Gypsy Vanner.

Tia Louise vivia me dizendo que tinha tudo sob controle, mas era difícil não ficar preocupada mesmo assim.

Observei a cozinha, estava vazia tirando a mim. As paredes abarrotadas de quadros, penduricalhos e fotos eram minha única companhia. Levantei e passei por um canto com muitas fotografias de meu pai. Ele nunca tinha feito parte de minha vida. E por mais que eu dissesse que isso nunca me afetou, não deixava de imaginar como teria sido se sempre soubesse que eu era filha de um Conde rico de um reino europeu.

O SEGREDO E O IMPERADORWhere stories live. Discover now