Que peixão

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— EU FIZ O QUÊ? — O desespero que me tomou conta ao ouvir as coisas que eu tinha dito na noite anterior não foi pequeno. — Me digam que isso é uma piada.

— Qual parte? A que você disse que nem guindaste te tirava de cima do Jungkook ou a de que ele te pegou no colo e te deixou aqui em cima da cama, ainda te deu um beijo na testa e sorriu? — Guinho indagou em meio a uma risada. — Vergonha pior foi o Rafael que me deu um tapa na bunda como se eu tivesse dado esse direito a ele.

— E como 'tá me chamando de Rafael eu sei que 'tá puto, não precisa ficar repetindo isso. — Hoseok revirou os olhos. — Mas, Minnie, JK ficou de boa. Ele é o cara mais paz e amor que eu conheço, você precisa relaxar.

Mas como eu iria relaxar quando meu coração estava acelerado e meu corpo todo tremia de tanta vergonha? O pior não era o que eu tinha dito, mas sim o fato de que o meu quase crush havia escutado. Isso sim é vergonhoso.

Minha vontade foi de comprar uma passagem de volta para Porto Alegre no mesmo instante, porque era certo que eu nem mesmo conseguiria olhar nos olhos de Jungkook outra vez. Não. Não. Não. Isso é muito vergonhoso! Caramba!

— Pelo menos você tá com pouca dor de cabeça. — Guinho comentou. — Porque vamos ao AquaRio hoje.

Me animei um pouco, porque era um dos lugares que eu mais queria ir, mas aí Hoseok completou:

— E o Jungkook vai junto.

Já posso chorar?

Eu tomei um banho frio, sentindo que nem isso diminuía o calor nas minhas bochechas cada vez que eu processava o fato de que tinha falado besteiras demais para Jungkook. Fora os flashes que me vinham a mente, como do momento que falei que queria lhe beijar e puxar seu cabelo. Não consigo lidar com o fato de que isso não é uma simples brincadeira dos meus amigos.

Realmente aconteceu.

E dói admitir.

Me vesti de qualquer jeito, coloquei uma bermuda preta, uma sandália e a uma camiseta branca, sentindo-me derrotado e com vontade de dormir o dia inteiro apenas para tentar esquecer a noite anterior.

Nós encontramos Jungkook logo após o café da manhã. Ele se vestia melhor do que normalmente, estava bem bonito, mas eu não conseguia encarar seu rosto, mesmo que minha curiosidade tenha atiçado ao ouvir Hoseok dizer que era um milagre ele estar com o cabelo todo solto — o que até então eu também não tinha visto, só com algumas mechas presas e outras soltas de forma bagunçada e linda.

Dentro do carro piorou, porque eu sentei no meio, com Guinho do lado esquerdo e o carioca do meu lado direito. Hoseok sempre ia ao lado do motorista, conversando como se o conhecesse há séculos — isso acontecia com todos os motoristas dos dois aplicativos diferentes que utilizávamos.

— Você está irritado comigo? — Jungkook quebrou o silêncio que tinha entre nós. — Fiz algo que te incomodou?

Eu não consegui responder, por mais vergonhoso que fosse admitir eu quase comecei a chorar. Me sentia uma criança agindo desse jeito.

— Ele 'tá com vergonha, é só isso. — Guinho falou, ao meu favor.

— Não precisa ter vergonha de mim, bebê. — Falou bem baixinho, no meu ouvido. — Mas você fica ainda mais mordível com essas bochechas vermelhas.

E deixou um beijo em uma delas, me fazendo sorrir pequeno e, finalmente, olhar na sua direção. Pensei em lhe pedir desculpas, mas ele não parecia incomodado e, por conta disso, resolvi parar de ficar pensando nisso. Até mesmo aceitei a carícia que ele decidiu fazer na minha mão segundos depois, elogiando que ela era pequena e cabia bem na sua.

Garotos de IpanemaWhere stories live. Discover now