Segredos de um verdadeiro maroto

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(P.O.V. Remus)

(30/08/1972)

Há uma semana eu descobrira que Six estava tendo aulas particulares com Madame P. só para me ajudar depois das transformações. Confesso que aquilo me assustou um pouco, afinal de contas, por mais que eu soubesse que Sirius não se importava com minhas cicatrizes, elas não deixavam de me incomodar, e saber que ele estava vendo como era terrível o processo de cura... fazia com que eu me sentisse mais exposto do que deveria. Se meu pai soubesse daquilo... Não, não era um bom momento para se pensar na reação que ele teria.

Assim que saímos da enfermaria naquele dia, Sirius me revelou que James estava desconfiando, e se continuasse investigando, descobriria logo, logo, sobre mim.

Me sentia culpado por continuar escondendo aquilo deles e acabar "obrigando" Six a fazer o mesmo por mim, mas por mais que eu tentasse, o medo ainda prevalecia... Sim. Sim. Belo grifano, não? Fraco e covarde!

Foi então, que tudo aconteceu.

Eu e James estávamos jogando xadrez enquanto Peter e Sirius nos observavam. O jogo estava empatado, já sabia que perderia antes mesmo de começar aquele jogo, pois Jay era muito melhor que eu e Sirius em xadrez, a única exceção era Peter, que era o melhor de nós quatro, mas eu continuava persistindo e pelejando para não perder.

- Xeque-mate, Remus – James satirizou ao ganhar o jogo, destroçando o meu rei.

- Foi uma boa partida – falei, sorrindo e me levantando de sua cama e indo para a minha.

- Foi mesmo, você joga bem também...

- Mas me deixa adivinhar – o interrompi -, não melhor que você, né? – debochei, arrancando risadas de Six e de Piet.

- Inacreditável como vocês três são chatos!

- Que isso, Potter? Não sabe nem mesmo aguentar um pouco do humor ácido do Remuxo aqui? – Six provocou, se jogando em minha cama e deitando-se no meu colo.

Eles continuaram em uma discussão boba, mas eu parei de prestar atenção. O ruído se intensificou e eu, antes que pudesse perceber, tapara os ouvidos.

- Remus...? – James chamou e eu abri os olhos... Quando eu havia os fechado?

- Hum? – murmurei e Sirius se levantou do meu colo rapidamente para me observar assim como os outros dois estavam fazendo.

- Tá tudo bem? – Congelei ao olhar de James para Peter e de Peter para James.

- Remmie...?

- Não – o cortei antes mesmo de saber sobre o que ele pretendia falar. – Preciso de um segundo.

Os três continuaram me olhando enquanto eu respirava fundo, me acalmando aos poucos e sentindo o ruído virar apenas um tintilar.

- Preciso contar uma coisa pra vocês. – Destapei os ouvidos e abracei minhas próprias pernas.

- O segredo de vocês dois? – James questionou e eu olhei para Sirius, piscando algumas vezes.

- O segredo é meu, mas o Sirius descobriu.

- Relaxa, Remus. – James sorriu e eu arregalei os olhos na mesma hora ao perceber que ele...

- Você...?

- Sei.

- Desde quando? – Six questionou e ele deu de ombros.

- Acho que, no fundo, eu sempre soube, mas... nunca tinha prestado atenção. – Peter, de repente, o olhou indignado.

- Você falou que ia esperar! Agora só eu não sei!

- Sim. Sim, Piet. Eu disse que esperaria, mas quando reparei em pequenos detalhes, eu descobri. Não sei como não reparamos antes, na verdade e...

- Remmie...? – Os olhos dos três se voltaram para mim.

- Eu disse algo errado? – James perguntou e eu neguei. – Então, por que tá chorando?

- V... você descobriu também. – Eu não sabia exatamente se estava chorando ou rindo, talvez os dois ao mesmo tempo, em um combo de pânico e desespero. – E... eu... – Escondi meu rosto e tentei parar de chorar, mas não consegui e o ruído estava começando a aumentar de novo, e...

- Remus? – Senti uma mão encostar em meu ombro e neguei, me recusando a olhar. – Você é parte da família, isso não muda nada – James disse e me abraçou. – Não vai se livrar da gente tão cedo, maroto.

- V... vocês são inacreditáveis... – Ele me apertou ainda mais no abraço e eu pude ver Sirius sorrindo para nós.

- Gente...? – Olhei rapidamente para Peter. – Eu não tô entendendo nada.

- Ah... – Me distanciei de James e mexi em minhas próprias mãos. – E... eu tenho uma doença, Piet.

- Doença? Você vai morrer? – perguntou exasperado e James e Sirius riram, fazendo com que eu olhasse bravo para eles.

- Eu tenho licantropia...

- Aham... – Peter assentiu e continuou me olhando, sem entender nada. – O que é licantropia?

- Ah... er...

- Quer que eu explique? – Sirius perguntou e eu neguei.

- Quando se tem licantropia, Piet, a pessoa d... durante um dia do mês, especificamente no ápice da lua cheia, se torna um lobo e... e não consegue controlar nada do que tá acontecendo consigo mesmo...

- Um lobisomem? – Assenti. – Ah, tá. Eu já ouvi vários contos trouxas sobre lobisomens...

- Como os próprios nomes já dizem, são só contos – James falou. – Mentiras que foram contadas de boca a boca pelos trouxas, nem tudo é verdade.

- Nem tudo é mentira – contrapus.

- Tá... – Peter disse. – Então, o segredo é que você vira um lobo uma vez por mês... Tá bom.

- Só... isso?

- Sim – respondeu.

- Vocês não têm mesmo... er... medo de mim?

- Remuxo, a gente morre de medo de você, mas são por outros motivos! – Sirius exclamou com um sorriso bobo enquanto me abraçava de lado.

- Suas cicatrizes são das transformações, né? – Jay questionou, se sentando no chão.

- James! – Six bravejou.

- Tá tudo bem, Six. Eu entendo a curiosidade. Respondendo a sua dúvida, James, sim, cada uma delas.

- Tem alguma coisa que a gente possa fazer pra te ajudar? – perguntou novamente.

- Vocês já estão me ajudando, na verdade... Vocês não saíram correndo de mim... mesmo depois de descobrirem.

- Chega a ser inacreditável que por algum momento você acreditou que sairíamos correndo – Peter afirmou.

- Você é um maroto! – James participou. – Jamais poderíamos abandonar uns aos outros.

- Isso mesmo! Somos Os Marotos! – Six disse, sorrindo alegremente e voltando seu olhar um tanto quanto perverso para mim.

- Sirius...?

- ABRAÇO COLETIVO DOS MAROTOS NO LOBINHO! – E quando eu vi, os três estavam me dando um abraço bem apertado, e eu ri. Gargalhei de emoção, me sentindo seguro ali com todo aquele carinho e união que eu nunca pensei que sentiria na minha vida. Eu me sentia confortável em ser apenas eu com eles.

...continua no próximo capítulo...

Os Marotos (Livro 1)Where stories live. Discover now