∞ Capítulo Seis ∞

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Por Júlia

Acordo com um telefone tocando, demoro alguns segundos para lembrar que estou em um hotel em São Paulo. Estico o braço e atendo.

-- Bom dia Senhora Júlia. Este é o serviço de despertador. No horário previamente combinado. -- diz uma voz do outro lado da linha.

Agradeço pelo serviço e desligo o telefone. Não me recordo de ter pedido para me acordarem, mas deixo pra lá. Pego meu celular e vejo que já são 07:30 e confiro as mensagens pendentes, várias de mamãe e uma em especial que não tem na minha agenda. O número é do Dr. Luís, informando que iremos para o escritório às 08:30 e que pediu para a recepção me acordar.

Bingo.

Descobri de quem foi a ideia do despertador. Respondo a todos e corro para o banheiro tomar um banho e me arrumar, porque, sinceramente, fico com medo de não conseguir estar pronta em uma hora.


Subo até o restaurante para o café da manhã e vejo meu chefe acomodado na mesma mesa de ontem e ele levanta sua mão como forma de cumprimento. Pego um suco de laranja e duas fatias de mamão, pois meu intestino é muito preguiçoso fora de casa. E com isso, vou em direção à mesa.

-- Bom Dia! Tudo bem com você Júlia? Passou bem à noite? -- pergunta Dr. Luís.

-- Bom Dia. Sim, tudo bem sim.

Ele me olha um pouco desconfiado, com aqueles olhos de gato, que hoje estão mais claros, e não diz mais nada. Ele ao contrário de mim está comendo pão, ovos, bacon e várias frutas e em uma xícara que suponho ser café. Termino meu suco e as duas fatias de mamão. E o aguardo terminar seu café.

-- Você não vai comer mais nada? Está se sentindo bem? -- insiste Dr. Luís.

Sorrio com sua pergunta.

-- Estou bem sim. Obrigada. Já estou satisfeita.

-- Se você não gostar das coisas que tem aqui podemos passar em outro lugar. Ou se quiser comer algo diferente, pode me falar que eu compro para você. -- diz ele.

Fico feliz com sua preocupação e decido lhe explicar melhor.

-- Eu não costumo comer muito na parte da manhã, Dr. Luís, eu sempre passo mal quando faço uma refeição completa. Então, só um copo de suco pra mim é o suficiente. Não precisa se preocupar. Obrigada. -- fico comovida com sua preocupação e feliz com seu cuidado.

--Tudo bem. Mas se ficar com fome me fala que providencio na hora. Não quero ver você desmaiar de fome. -- brinca.

Depois do café fomos para o escritório e o Dr. Luís cumpriu exatamente o que prometeu, ficamos o dia inteiro juntos. Ele me mostrou todo o escritório e me apresentou para todos os funcionários, almoçamos todos juntos no mesmo restaurante de ontem. Gostei muito da interação do pessoal e o dia passou muito rápido.

Apesar de ser sexta-feira, todos combinaram de trabalhar no sábado até as 12:00. Com isso, me preparei mentalmente para passar o fim de semana em São Paulo.


No sábado foi do mesmo jeito, trabalho corrido até à hora do almoço e quando percebemos a tarde já estava acabando, dando lugar para um noite fresca que garoava lá fora.

No hotel, começo a colocar em ordem as coisas na mala, quando ouço um toque na porta e vou atender. O Dr. Luís pede para entrar e dou passagem para ele fechando a porta em seguida. Como meu pijama e um camisão de manga longa até o joelho não fico incomodada com sua presença.

-- Trouxe a passagem aérea para você. Amanhã vamos sair bem cedo, consegui um voo às 06:00. Assim, você não perde o domingo e aproveita seu dia. -- fala sem graça colocando a passagem na mesa de cabeceira.

-- Está ótimo. Obrigada. -- digo.

-- Se você quiser podemos sair para comer alguma coisa. Ou se preferir pode pedir para entregarem no quarto também. -- ele dispara olhando-me de cima a baixo.

Minha primeira reação é cruzar os braços e distanciar um pouco, sem saber o que dizer. Com meu silêncio então, ele continua.

-- São Paulo também é famosa pelas boas pizzarias. Se você quiser podemos comer uma pizza.

-- Pizza? Pizza eu quero, me arrumo rapidinho. -- falo imediatamente sem pensar.

Dr. Luís começa a rir da minha empolgação e vai se arrumar também para sairmos.

A pizzaria é linda, com estilo rústico. Toda decorada com luzinhas estilo festa junina. As pizzas foram servidas em rodízio, nunca comi tanta pizza, tanto doces quanto as salgadas. Nisso meu chefe acertou, as pizzas de São Paulo são diferenciadas e não consigo escolher apenas um sabor como preferida, todas são maravilhosas. Com a barriga bem cheia voltamos para o hotel e minha vontade era deitar e dormir, mas vejo que tenho que deixar a mala pronta porque amanhã vamos madrugar no retorno para BH.

Mal virei na cama e o telefone despertador toca.

É hora de partir.

Vou para o banheiro e tomo um banho rápido, pego meu conjunto de moletom branco do Mickey e Minie que deixei separado para a viagem. Nos pés, o único tênis que veio na mala. Um Adidas velhinho que é meu xodó branco com três listras na lateral rosa.

Arrasto minha mala para fora do quarto e chamo o elevador. Ao chegar no térreo as portas do elevador se abrem e a primeira pessoa que vejo é o Dr. Luís que está na recepção e me olha estático. Entrego para a recepcionista o cartão da minha suíte e ela me informa que está tudo certo e que a conta já foi fechada. Agradeço-lhe e desejo um bom dia.


Dr. Luís que ainda não pronunciou nenhuma palavra dirigida a mim, pede a recepcionista para chamar um táxi e aguardamos no hall do hotel.

Como estava muito cedo, não aceitei comer nada.

Ao contrário de mim meu chefe tomou uma xícara de café no aeroporto.

-- Você aceita um café Júlia? – ele pergunta levando a xícara fumegante à boca.

-- Não obrigada. Não tomo café.

-- Não gosta?

-- Não é isso. O café me dá enxaqueca.

-- Entendi. Prefere um suco, então?

-- Não. Agora não. Estou bem. Obrigada.

Ele não insiste.

E eu ainda estou com muito sono. Fiquei até tarde arrumando as malas e minha vontade é voltar para cama e dormir até esquecer que dia é hoje.

Por estar bem confortável e quentinha no meu agasalho preferido, no avião consigo dormir até chegar ao nosso destino.

Ao desembarcamos pego minha mala e acompanho Dr. Luís e vejo o Geraldo nos aguardando.

Coitado. Fico pensando.

Até ele teve que acordar cedo no domingo. Ele nos recepciona, pegando minha mala e eu me acomodo no carro com a intenção de continuar a dormir o sono que foi interrompido ao pousar. Mas não consigo relaxar. Diferentemente da ida, agora o meu chefe não para de falar. Querendo saber de tudo que aconteceu na sua ausência e o Sr. Geraldo, por sua, quer contar até o que passou na TV.

Desisto de cochilar e volto minha atenção para a prosa que está longe de acabar.

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