∞ Capítulo Vinte e Oito ∞

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Por Luís

Chegamos em casa.

Dispensei a Lia o restante do dia e meus sogros preferiram nos deixar sozinhos.

Eu achei bom, porque depois do que me falaram eu fiquei com muito medo de Júlia ir embora para sempre.

Entramos no quarto e vou preparar a banheira. Volto e chamo Júlia para tomarmos banho juntos.

Ela fica o tempo todo nos meus braços sem dizer uma palavra, está calada desde quando saímos do cemitério e apenas chora baixinho. Ficamos um tempo na banheira e choramos juntos.

Quando sinto que a água começa a esfriar ajudo ela a sair. Vou até closet, pego um pijama e visto ela.

Deitados na cama ela me abraça forte e volta a chorar.

Como eu queria ter o poder de voltar no tempo e mudar essa história.

Quando penso que ela pegou no sono ouço sua vez baixa e a dor em meu peito vem esmagando.

--Eu não peguei ele nos braços, Luís. -- diz em um fio de voz. --Eu nem amamentei o meu filho. --volta a chorar.

Eu não consigo dizer nada.

Beijo o topo da sua cabeça e a abraço mais forte.

No dia seguinte quando a Lia chegou, ela preparou algumas refeições, mas Júlia não conseguia comer e eu também não estava diferente.

Ela não tinha reação.

Naquele momento eu tive a impressão de que uma parte da minha menina morreu também.

No segundo dia comecei a ficar preocupado.

Júlia não reagia e eu temia que ela adoecesse.

Não se alimentava, não levantava da cama e não proferia nenhuma palavra, era como se ela não estivesse neste mundo.

Eu não sabia o que fazer para tirá-la desse abismo profundo.


No dia seguinte, recebi a visita de Marcos e Andréia e também dos meus sogros.
Eles me ajudaram com Júlia e ela teve uma leve melhora.

A dor de perder o Davi ainda existe, ainda machuca muito, mas não posso sucumbir. Preciso cuidar da minha mulher.

Preciso ser forte por ela.

À noite sentado sozinho na mesa de jantar, pego meu computador e faço uma coisa que meu coração está pedindo.

Fico imerso em minha tarefa e me assusto quando vejo a Júlia parada no batente da porta, me olhando.


Olho pra ela e noto como ela mudou nessas duas semanas. Parece que se passaram anos. Ela perdeu muito peso. Esta com grandes olheiras. Perdeu o brilho de menina que carregava, e quem não a conhece tem a impressão que Júlia carrega o mundo em suas costas. Ela caminha em minha direção e dou espaço pra ela sentar no meu colo.

--O que você está fazendo? --pergunta olhando para o notebook na mesa.

Suspiro e beijo sua face, afagando seus cabelos.

--Estou enviando um email para os meus irmãos.

Júlia me olha sem entender o que acabei de dizer.

Eu não consigo explicar o porquê. Eu só senti essa vontade e decidi mandar o email contando para eles tudo o que me aconteceu.

Depois de tantos anos sem contato com eles, eu senti falta de tê-los por perto.
Ela me beija rápido e sai deixando-me sozinho para terminar minha tarefa.

Com tudo pronto, fecho o computador e ao sair da sala vejo que a porta da sacada está aberta.
Caminho em direção a sacada e vejo Júlia de pé.

Ela está com os braços em volta do seu corpo e com olhar perdido sem focar em nada.

Aproximo-me e a abraço apertado por trás. Sinto ela relaxando em meus braços.

Abaixo minha cabeça e fico exalando o seu cheiro.

Depois de algum tempo assim, começo balançar nossos corpos bem devagar, como se estivéssemos em uma dança lenta.

Abro os meus lábios e, com uma nova onda de choro se formando em minha garganta prestes a ser liberada, solto a voz em um tom baixo.

--"♫Eu tenho tanto pra te falar mas com palavras não sei dizer como é grande o meu amor por você.....E não há nada pra comparar para poder te explicar como é grande o meu amor por você."♫

Não suportando mais segurar, deixo as lágrimas caírem e choramos mais uma vez abraçados.
Quando consigo parar de chorar, giro ela em meus braços e falo o que eu nunca disse antes em palavras.

--Eu te amo Júlia. --digo olhando em seus olhos. --Eu te amo muito.

Com essa declaração, beijo seus lábios para ratificar as palavras que acabei de proferir.

Fomos para o nosso quarto e dormimos abraçados tentando nos consolar mutuamente.

Acordo com uma leve batida na porta e confiro o relógio, vejo que passa das 10:00.
Levanto e abro a porta.

--Tem visita pra você Luís. Estão te aguardando na sala. --diz Lia.

--Eu já vou. Obrigado. --respondo.

Volto minha atenção pra cama e vejo que Júlia ainda dorme quietinha. Então, vou em direção ao banheiro e faço minha higiene pessoal. Após, saio do quarto e quando chego na sala estanco surpreso.


Não esperava ver, tão rápido, meus irmãos e uma das minhas cunhadas.
Meu irmão mais velho é o primeiro a se levantar e vir em minha direção.

Ele não espera uma reação da minha parte.

Simplesmente me puxa pelos ombros e me aperta em seus braços.
Sem perceber começo a chorar e sinto outros braços a minha volta e uma mão nas costas fazendo um afago.

Mais calmo, sento no sofá de frente para os meus irmãos e minha irmã ao meu lado segura forte minha mão.

--Você não está sozinho, Luís. Você pode contar conosco sempre. --diz meu irmão mais velho.

--Obrigado por virem.

--Você se afastou de nós. Mas estamos aqui para o que você precisar. Somos uma família. --fala meu outro irmão.

--Eu sei. E peço desculpas a vocês por ter me distanciado.

--Não precisa disso, Luís. Nós estamos aqui agora. --minha irmã fala fazendo um carinho em minha mão e também nas costas. -- E sua esposa? Como ela está?

--Eu e a Júlia não somos casados.

--Você sabe que tem que resolver isso, não é? --ela pergunta e eu confirmo com a cabeça.

Eu já estava pensando em pedir Júlia em casamento.

Mas eu queria esperar até o Davi crescer um pouco, para casarmos com tudo que tínhamos direito, com festa e lua de mel.

Fico conversando um pouco com eles, até que minha irmã se levanta.

--Vamos lá conversar com ela, Cris. --ela chama minha cunhada.

Minha irmã pede para a Lia levá-las até o meu quarto e eu fico conversando com meus dois irmãos na sala.

INFINITO AMORWhere stories live. Discover now