PRÓLOGO

3.6K 215 52
                                    

Agosto de 2020

Enquanto eu levava Laura para o carro, não pude deixar de suspirar em frustração. Mais um jantar em família, e mais um discurso imposto a mim.

"Rafaella, você precisa se abrir mais. Não dá pra ficar no seu mundinho pra sempre. Não é saudável. Nós só queremos sua felicidade. Já faz quatro anos."

O mesmo discurso todas as vezes.

Quatro anos desde o quê?

Quatro anos desde que minha filha fez 1 ano e seu pai a abandonou. Desistindo, dizendo que não podia conviver com uma filha deformada.

Depois que ele disse isso da minha menina, eu abri a porta pro escroto. Mostrei o caminho da rua. Fora da minha vida. Da nossa vida.

Papéis foram assinados, seu anel de noivado devolvido, e é isso aí.

De repente, virei mãe solteira aos vinte e três anos. Mãe de uma menininha maravilhosa que não pode me ouvir. Não ouve quando eu digo o quanto a amo.

Quando descobri que estava grávida, eu... surtei.

Eu tinha acabado de começar no meu novo emprego, depois de estudar música por cinco anos. Irônico, eu sei. Música sempre foi uma parte enorme da minha vida, e daí uma filha que é surda. Mas não me ressinto. Eu amo aquela menina com todo o meu ser, e ela é realmente perfeita do jeitinho que é.

Mas enfim, eu surtei quando descobri que estava grávida. Em parte, porque eu não estava pronta para ser mãe, e por outro lado porque eu e Daniel não éramos... compatíveis. Eu sei que nos amamos por um período, mas não era sério. E era mútuo. Era passageiro.

Mas eu encarei minha responsabilidade, Daniel me pediu em casamento, e quando a barriga começou a aparecer, ele parecia totalmente envolvido. Parecia estar mesmo desejando ser pai dessa criança. E nós demos um jeito. E na época tudo estava perfeito. Daniel no entanto... não estava entusiasmado. Mas ele foi "levando".

Laura Kalimann nasceu no dia 02 de abril, o dia que eu fiz vinte e três anos... e logo, Daniel não estava mais "levando".

Descobrimos que nossa filha era surda.Todos nós ficamos arrasados, claro, mas Daniel estava horrorizado. E demorou um ano pra ele dizer "chega".

Eu não ligo a mínima por mim, mas eu fiquei enojada com o seu comportamento para com o anjo a quem eu dei à luz.

Já foi tarde, idiota.

De uma forma ou outra, eu diria que a minha vida é boa. Sei lá.

Eu amo o emprego em que estou há dois anos compondo músicas para shows da Broadway, e eu moro com minha menina num bom apartamento que fica literalmente há cinco minutos do meu trabalho. E com uma vista do Central Park, a localização não poderia ser melhor.

A pedra no meu sapato é o discurso insistente de minha mãe sobre um novo amor.

Eu não ligo a mínima pra isso. Relacionamentos não existem pra mim, e tem sido assim nos últimos anos.

Depois que Daniel foi embora eu tentei namorar algumas vezes, mas sempre acabou mal. Sempre que trazia alguém pra casa para apresentar à Laura é que dava tudo errado. A pessoa começava a pisar em ovos ao lidar com ela, e a gente ia se afastando - não importa quantas vezes eu dizia "relaxa!". Porque minha menina não só é inteligente, como também é super fácil de lidar, e você não precisa da linguagem de sinais para coisas simples. Mas sim, elas se afastam, o que faz com que minha garotinha passe a acreditar que as pessoas não gostam dela.

Eu terminei essas merdas de relacionamentos na mesma hora, porque ninguém é mais importante do que a Laura.

Não importa, eu estou bem sozinha. Sem companhia. Sem alguém com quem dividir as coisas.

Não preciso. 

Não mesmo.

Com vinte e oito anos, eu estou indo muito bem sozinha.

🗼

Veio aí?!

Então, vou ser breve. Essa adaptação já tinha sido iniciada por outra autora, porém por algum motivo ela desistiu e apagou, pra desespero de muitos e inclusive meu. 

Depois da súplica de algumas Rabiazinhas da Sociedade Hamtaro, eu decidi tentar a minha adaptação, sendo assim,  cá estou eu. 

Me perdoem desde já os erros, não sei o que estou fazendo, mas por vocês estou fazendo. E é isso. 

APROVEITEM!  E me contem o que vocês estão achando. 

UM SINALWhere stories live. Discover now