CAPITILO 4

484 79 14
                                    

JESSAMINE

"Ter pessoas ao seu lado para te suportarem
nos piores momentos é essencial para
manter a sanidade mental"
- Annelise Bakker


    Eu consigo.

    Eu vou conseguir sair dessa.

    Testes de gravidez também dão falsos positivos, certo?

    Essa é minha única esperança.

    Os enjoos que tive essa semana foram por nervosismo, não por um feto.

    Por favor, Deus. Me perdoe por todos os meus pecados e me conceda essa benção.

    Repito todas essas palavras comigo mesma conforme balanço as pernas, olhando as pessoas ao meu redor, que em sua maioria são compostas por casais felizes, e não por três amigas nervosas, uma marrenta, uma desesperada, e outra aflita. No caso, eu sou a desesperada, Dominique a marrenta, e Ellen a aflita. Estamos no consultório esperando pela minha vez há aproximadamente meia hora, juntas, torcendo pelo melhor: O teste ter dado um falso positivo. Após descobrir minha suposta gravidez, elas me acolheram em seu apartamento durante toda a semana, tendo em vista que estou literalmente fugindo de Trento, e ambas não queriam me deixar só em um momento tão delicado. Apesar de ser um gesto extremamente nobre, me sinto levemente incomodada em ficar lá sem pagar absolutamente nada, usufruindo de seus bens como uma visita qualquer, mesmo com a garantia de que não sou nada disso. Porém, o meu maior problema é ele. Se ficasse no alojamento, Trent iria me encontrar facilmente, e não conseguiria olhar nos seus olhos escondendo uma verdade que pode ou não mudar o rumo das nossas vidas. Então, inventamos uma pequena história: Disse para Dom contar que fui passar a semana com minha irmã, Eleanor. Alex – O qual está por dentro de todo o nosso esquema e nos ajudando – corroborou com a mentira, não nos entregando, tendo te mentir para um de seus melhores amigos por um bem maior. Tenho completa noção de que estou tomando uma atitude errônea, mas não quero preocupa-lo por nada. Bom, nada até agora. Em alguns instantes, iremos descobrir se devemos nos preocupar ou não.

    — Essa clínica de quinta categoria está demorando para um senhor caralho. — Dom reclama, correndo os olhos com desgosto pelo lugar, arrancando-me uma risada. — O que foi? Esse lugar está aos pedaços!

    — Mas é o que meu dinheiro paga, madame. — Rio repetindo sua atitude. — Não é tão ruim assim.

    — Na verdade, é sim. — Ellen intervém fazendo o mesmo. — Me desculpe, Jess, mas nunca vi um lugar tão fuleiro e aos pedaços.

    — Se você não fosse tão orgulhosa, poderíamos estar em um lugar melhor. Sabe que tenho contatos.

    — Caso eu precise me preocupar com uma gravidez que não sabemos se é real ainda, reconsidero suas palavras. — Dou uma piscadinha, tentando esconder o quão estou nervosa.

    — E não vai ser. Estou na sua torcida. — Ela segura minha mão antes que eu possa continuar minha mania de cravar as unhas na pele, algo que tenho costume de fazer quando estou muito nervosa. — Não quero crianças me rondando tão cedo.

    — Caso você realmente esteja, o que pretende fazer? — El pergunta com a maior delicadeza do mundo. — Não precisa responder se não quiser.

    — Queria ter a resposta para essa pergunta. — Sorrio fraco, mordendo o lábio inferior. — Não faço a menor ideia. Sempre quis ter filhos, mas não assim. Nessas circunstâncias, saindo do meu útero e com alguém que não me ama. Pensar em ter filhos de sangue me causa náuseas. Não quero uma criança nascendo como eu.

DESTRUÍDO [COMPLETO NA AMAZON]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora