CAPITULO 6

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JESSAMINE

Quando eu mais precisei do seu apoio,
você me virou as costas. Isso partiu
meu coração em vários pedaços"
- Annelise Bakker


Preciso respirar fundo pela terceira vez enquanto choro descontroladamente. Por mais que El tenha tentado me consolar com seu abraço que me lembre como é estar em casa, foi praticamente em vão. Me sinto vulnerável como nunca antes. Ou melhor, estou vulnerável como nunca antes. Nesses momentos, a falta de uma dose mais alta de medicação pesa minha cabeça, mas sei que não posso o fazer. Seria muito arriscado para o meu bebê, e não quero prejudica-lo. Não quando seu pai acabou de dizer absurdos que nunca esperava ouvir.

Porra, ele me sugeriu fazer um aborto sem nem ao menos ouvir minha opinião. Sem saber qual era a minha vontade, como se fosse a coisa mais fácil do mundo. Aquelas palavras me ofenderam mais  do que perguntar se era realmente  o pai. Trenton sabe que é meu único parceiro sexual em um bom tempo, de onde surgiu essa dúvida? Deveria ser o desespero falando mais alto. Espero que seja. Secando minha última lágrima, levando-me o suficiente para ver meu reflexo no espelho acoplado no armário que era de Roxy. Estou horrível. Literalmente acabada, com os olhos inchados, sujos pelo rímel, e o principal: Sentindo meu coração se partir em mil pedaços. Eu não pedi para ele me amar. Não pedi para Trent se apaixonar por mim ou algo do tipo. Tudo o que queria era um pouco de apoio. Palavras de conforto, a garantia que o teria ao meu lado independente do nosso histórico amoroso. Porém, o que recebi foi um belo balde de água fria. Acredito que apenas não desmoronei na sua frente pois me distraí com El o xingando. Eles até me chamaram para ir tomar o bendito sorvete, mas não consigo sair da cama. Não com o peso do mundo nos meus ombros.

Como vou cuidar dessa criança sozinha? Meus pais não vão me dar apoio. No máximo, vão esfregar na minha cara o quão fui irresponsável e talvez, só talvez, oferecer alguma ajuda financeira.

Vou ter que arrumar dois empregos e alugar um apartamento. Quem sabe três.

Fraldas. Fraldas custam o olho da cara.

Sem contar roupas, berço, brinquedos...

Não, não vou sofrer por antecipação. Tenho tempo. E uma poupança de aproximadamente dez mil dólares, deve me ajudar em algum aspecto. Posso ver com Dominique e Ellen se não posso "alugar" o quarto de Roxy em troca de limpar a casa toda semana. E fazer comida, quem sabe. Eu vou conseguir. Não preciso de ajuda, muito menos de um homem que não me quer. Se consegui ser um bom exemplo para minha irmã descontrolada, posso cuidar de um bebê. Quase dá no mesmo, né?

Duas batidas na porta me fazem dar um sobressaio, apoiando a mão no peito pelo susto tomado. Deve ser alguma das meninas com sorvete, tentando me animar de alguma forma.

— Não estou com fome para sorvete. — Falo o mais alto que posso, pois a voz embargada me impede de dizer com clareza. — Deixem na geladeira, eu pego depois.

— É... eu não tenho sorvete. Me desculpa. — Meus olhos quase saltam para fora do rosto quando vejo Trenton abrindo levemente a porta, sem adentrar o cômodo. — Podemos conversar?

— Depende. Vai me sugerir uma clínica de aborto? Ou o contato de alguém que faz teste de DNA? — Ironizo, revirando meus globos oculares com força. — Dá o fora daqui.

— Jess, eu sei que fui um babaca de classe alta. — Murmura sem desviar o

olhar do meu. — Por favor, me dê uma chance de tentar me explicar.

— Explicar o quê? O motivo de você ter sido o cara mais escroto do mundo? Não me faça perder tempo. Eu e meu filho não precisamos das suas explicações fajutas.

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