Epílogo II

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PoV. Arthit

Eu tinha consciência dos olhares que recebia, dos cochichos que os outros alunos tentavam disfarçar, mas minha audição aguçada não os deixava passar despercebidos.

Estar parado em pé, ali no meio do gramado, prestes a começar um ano numa escola sobrenatural. Era excitante e assustador ao mesmo tempo.

Fechei os olhos e respirei fundo, procurando me acalmar. Não precisava me apavorar. Forcei minha mente a lembrar de todos os conselhos das pessoas que eu tanto confiava e amava.

Tio Zhan me ensinou que todos temos um lado mau.

Tio Yibo me ensinou a sempre ser gentil com todas as pessoas, até aqueles que me machucarem.

Tio Can me ensinou a ter paciência, porque as coisas podem ficar confusas, mas no fim, vão valer a pena.

Tio Tin me ensinou a nunca julgar alguém por fazer uma escolha diferente da que eu faria.

Tio Salawat me ensinou a sempre manter o foco em quem sou e nunca tentar mudar pelos outros.

Tio Tine me ensinou a não deixar o mundo tirar a felicidade de viver de dentro de mim, mesmo nas horas mais sombrias.

Pai Tharn me ensinou a ser leal às pessoas que me amam, porque elas são o bem mais precioso do mundo.

Pai Type me ensinou a ser corajoso e sempre ir atrás daquilo que quero.

Essa era minha família, todos homens maravilhosos que me criaram no meio do caos, me ensinando a encontrar a calmaria no meio da tempestade.

Eu ouvia tanto das outras pessoas, sobre como eles foram corajosos e impediram que uma mulher lunática destruísse Magicae Ludum e o mundo.

Me sentia orgulhoso por crescer rodeado por pessoas maravilhosas. Foram poucos anos, porque cresci de forma acelerada até meus dez anos, e depois do meu aniversário de onze anos, meu desenvolvimento passou a ser igual ao de uma criança normal.

Hoje, tenho quinze anos de idade, e de frente para a enorme construção que era o colégio Magicae Ludum, senti meu coração batendo depressa, na expectativa de um ano cheio de novidades que eu nem podia imaginar como seriam.

— Tudo certo, amor? - uma mão gentil e morena pousou no meu ombro direito e eu sorri pequeno, nem precisando me virar para saber que aquele era um dos meus pais.

— Tudo. - assenti, ainda olhando para o gramado em frente a grande porta de entrada, onde os novatos se aglomeravam esperando o diretor aparecer para fazer seu discurso.

— Você vai ver como tudo é muito mais calmo do que pensa. - outra mão pousou no meu ombro esquerdo. Essa era de pele mais clara, mas mais grossa e pesada.

Meu sorriso permaneceu, quando a lembrança da voz do tio Can me dizendo que a graça está nos detalhes, me atingiu. E ele estava certo, porque parado ali, com meus dois pais logo atrás de mim, cada um com uma mão em cada ombro meu, eu percebi que meu pai Tharn, que era alfa de uma alcateia e muitas vezes visto como assustador por seus inimigos, se mantinha do meu lado esquerdo. O lado do coração. Porque ele era mais calmo e gentil.

Enquanto do meu lado direito, estava meu pai Type. Um vampiro com mais de trezentos anos, temido pelos seus inimigos e protetor dos seus amigos. O lado direito era o lado da força, da mão que eu segurava espadas. Porque ele era o mais protetor e bravo.

Me virei, ficando de frente para os dois e vendo que estavam de mãos dadas.

Eram uma vista de calmaria. Um alto e musculoso, olhos castanhos simples e cabelo do mesmo tom, recentemente cortados. As roupas sociais, que escondiam parcialmente as tatuagens dos braços. Era meu pai Tharn.

Never Enough - YIZHAN (Adaptação)Onde histórias criam vida. Descubra agora