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A chuva tinha parado, e eu podia ver a claridade lá fora pelas cortinas escuras, não lembro quando dormi , mais me sentia muito melhor agora, minha perna ainda doía um pouco mais eu podia andar .

O som dos passarinhos lá fora me fez quase sair correndo pela porta, me segurei firme no trinco da porta rezando pra não estar trancada , e não estava...

- Já levantou, que bom, quer dizer que está melhor, estamos de saída no fim do dia .

- De saída? - perguntei arrumando a camisa preta que ia até meus joelhos , eu não vestia nada além dela, as minhas roupas rasgadas eu não fazia ideia de onde estavam.

- Você pode vestir a calça que eu coloquei na cama, e coloca isso aqui. - Me afastei quando eles se aproximou ficando de joelhos na minha frente.

- Calma! Isso é pra não machucar mais ainda os pés . - E com cuidado, um cuidado que eu não sabia que existia no mundo o homem chamado Thomas colocou suas meias e um sapato que coube perfeitamente nos meus pés .

- Parece que você andou muito por aí.

Fiquei alguns minutos olhando pra ele e senti vontade de chorar , ninguém nunca me deu nada, ninguém nunca teve cuidado comigo, o que ele estava querendo?
Me afastei rápido ficando a alguns passos dele.

- Assim está melhor.

E levantando ele abriu um sorriso pra mim que não consegui retribuir, por não saber como.

- Aquele é Rufus, ele trabalha pra mim, pode confiar nele .

Sentei um pouco distante deles olhando enquanto faziam comida na fogueira e fiquei me perguntando de onde eles vieram, o que iam acabar querendo de mim, e lembrei do som de tiro que ouvi quando me encontrei com eles a primeira vez, onde eles teriam escondido a arma? eu precisava dela pra me defender, eu tinha aprendido a usar uma só de olhar, as vezes meu pai apontava a dele pra mim, ele gostava de ver meu rosto com medo , e eu decorei cada coisinha que ele fazia quando segurava.
Eu precisava da arma e então pegaria outro rumo.

Não podia ir com eles a qualquer lugar que fosse, e não podia ficar muito tempo parada, minha cabeça estava cheia de "e se " , e se a chuva tivesse apagado o fogo todo fazendo papai e o velho virem atrás de mim?
E se eles me achassem? Como eu ia fugir? Pra onde? Eu não podia voltar pro ateliê, não suporta pensar nisso.

- Acha ela confiável? - O homem chamado Rufus mal encarado falava baixo com o outro que olhava pra mim de longe mechendo em algumas sacolas.

- Olha pra ela , a garota tem hematomas por todo o corpo, você viu os tornozelos? Alguém fez algo muito ruim pra ela.

- Ela parece estar fugindo a dias, você viu as roupas? E os pés?

Ouvi tudo de cabeça baixa , um deles não confiava em mim, e ele estava certo, não precisava que confiassem em mim, o outro homem parecia bom, mais eu não iria confiar em nenhum , precisava me alimentar e sumir, mais pra onde?

- Ei você ! Pode chegar mais perto, vamos comer temos um longo caminho até a estrada .

Estrada? Era uma saída desse inferno verde... Finalmente!
Meu coração bateu forte e eu senti que ia desmaiar.

- Moça ? Ei... Consegue abrir os olhos?

Minha cabeça estava pesada e minha boca seca me alertava que tinha alto errado, era uma sensação que eu conhecia bem.

- O que ela tem?

- Isso... Isso é, olha as veias dela, ela é viciada em alguma porra de droga, e agora que tá limpa vai demorar pra ficar bem, se é que ela sabe como é que fica bem.

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⏰ Last updated: Dec 03, 2020 ⏰

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