CAPÍTULO 16 - QUERO (MUITO) ENTENDER

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Deve ter uma câmera em algum lugar. Uma instalação no canto da sala ou naquele armário pequeno atrás da mesa do professor. Talvez um gravador debaixo da minha mesa ou um fotografo escondido do lado de fora da janela da sala.

Não sei, qualquer coisa que explique a loucura que acabou de acontecer.

Sério que Isabela e Marcos me convidaram para sair? E com os dois ao mesmo tempo? Como minha vida passou de um filme de comédia C para um romance maluco de uma série da MTV?

Ai meu Deus, eu vou acabar pegando dependência em alguma matéria se passar tanto tempo sem conseguir prestar atenção nas aulas.


O sinal bate e ainda estou preso nas loucas teorias que fico criando em minha cabeça. Eu me viro devagar olhando para trás, esperando que os dois estejam me encarando, mas suspiro aliviado quando não os vejo em seus lugares — ai, eles saíram sem falar nada comigo. Ainda bem! Preciso de um tempo sozinho para processar tudo isso.

Não... Eu preciso processar isso com Maria Fernanda.

Saio da sala sem me preocupar de arrumar minhas coisas já que nem tirei o caderno da bolsa e sigo apressado em direção ao auditório até que alguém segura em meu braço e eu paro com um solavanco.

Ai, todo dia isso, penso antes mesmo de me virar e dar de cara com um garoto mais novo do que eu, mas bem mais alto, cabelo castanho e usando preto da cabeça aos pés.

— Ei, Karl Marx, né?! — Ele dá um sorrisinho de lado, me soltando e cruzando os braços sobre o peito. — Eu sou Tobias, Tobias N!

— Hm... legal —digo.

— Então, to precisando que um trabalho tenha uma nota muito boa — ele fala. — Será que não rola aquele toque da sorte?! Nem precisa ser beijo não, só um abraço mesmo já ajuda o cara aqui!

Eu fico o encarando, surpreso com a forma descontraída como ele fala isso e fico chocado quando digo:

— Claro, só um abraço.

Ele se inclina e me dá um abraço rápido, batendo em minhas costas.

— Valeu cara, fico te devendo uma!

Fico olhando enquanto ele sai andando pelo corredor e só volto a andar quando percebo que a galera está me encarando.

Entro no auditório e vejo Fernanda rindo encima do palco, enquanto dá comandos para a galera a ajudar com a organização do cenário para o início dos ensaios na próxima semana. Sigo pelo corredor até parar ao lado de Gustavo, que filma tudo o que está acontecendo.

— Por que ela está de bom humor? — pergunto.

— Ela não está — Gustavo responde. — É tudo para a câmera!

Solto um risinho e sigo andando até a escada lateral para subir no palco.

Ainda estou nos bastidores quando Fernanda vem correndo até mim, com as mãos levantadas amarrando o cabelo.

— É tão difícil ser administradora de um evento e ainda por cima garota propaganda de sua própria marca — ela fala me encarando. — Não sei como as pessoas podem dizer que a Paris Hilton não é inteligente.

Solto uma risada.

— Nunca vi alguém tão dedicado com algo quanto você tem se dedicado com essa peça, Fê. Vai ser incrível!

— Eu sei, agora vem me ajudar. Pega essas ferramentas no canto e trás pra cá, são parte do cenário — ela se vira e me deixa sozinho. — Gustavo, para de filmar que eu já me desmontei toda!

Todos Querem (Muito) Beijar Karl MarxWhere stories live. Discover now