| Chapter 9

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15 de Janeiro de 2015

O mar passava por entre os dedos das minhas mãos como se não a estivesse a tocar mas era o suficiente para me dar balanço para a frente. Quando estava a uma distância considerável da beira-mar abrandei os meus movimentos de braços até parar por completo no meio de toda aquela água. 
Agarrei-me com as mãos às laterais da prancha e sentei-me de frente para o nascer-do-sol. O azul-escuro predominante na linha do horizonte já tinha desaparecido dando lugar agora a uma explosão de vermelhos, rosas mas sobretudo de laranja. 
Agora perguntam... Como é que alguém no seu perfeito juízo agarra na prancha e manda-se ao mar às 6 da manhã? Bem, insónias? Talvez. Mas eu não tenho juízo por isso essa pergunta não se destina completamente a mim. Bem agora a sério. As sensações que o nascer e o pôr-do-sol nos causam são inexplicáveis. Por breves minutos uma onda de paz atravessa todo o nosso corpo e esquecemo-nos do mundo à nossa volta. Neste momento sou eu e o mar. 


*** 

Niall: Onde andaste? - perguntou assim que entrei na sala 
Eu: Bom dia também para ti. - sorri 
Niall: Que bom humor matinal. - abanou a cabeça 
Eu: Nada me irá estragar o dia nem mesmo tu. - apontei para ele 
Niall: Como se eu quisesse fazer isso. - aproximou-se de mim e deu-me um beijo na bochecha - Estava preocupado não te encontrei em lado nenhum. 
Eu: Estive na praia. - encolhi os ombros 

Descalcei os meus chinelos e mandei-os para perto da porta. Andei até ao tapete central da sala e esfreguei os pés nele para tirar o excesso de areia deles. Depois de limpos andei descalça até ao frigorífico e tirei a garrafa de leite. Fechei o frigorífico e tirei um copo do escorredor da loiça. Abri a garrafa e despejei o líquido para dentro do copo. Fechei mais uma vez a garrafa e pousei-a em cima do mármore do lava-loiças. Encostei as costas a ele e levei o copo aos lábios.

Niall: Como é que consegues beber isso frio? - fez uma careta 
Eu: É hábito. - lambi os lábios 
Niall: Tu não és normal. 

Niall saiu da sala e deixou-me ali sozinha. Depois de beber todo o leite comecei a arrumar a cozinha tendo em conta toda a barafunda em que ela se encontrava. 
Um barulho atrás de mim acordou-me de alguns pensamentos parvos que estava a ter. Larguei o que rinha na mão e virei-me. 

Pai: Bom dia. - sorriu fraco 
Eu: Bom dia. - retomei o que estava a fazer 
Pai: Será que algum dia vais voltar? 
Eu: Não sei. - encolhi os ombros - Não por enquanto. 
Pai: Eu percebo. - ouvi-o suspirar 

Depois de lavar toda a loiça tapei-a com um pano. Limpei as mãos a uma toalha e apressei-me a sair da cozinha. 

Pai: Vou-me embora hoje. - ouvi ele dizer quando entrei no corredor 

Bem não era mau ele ir embora mas fogo quem é que eu quero enganar? Por mais merda que ele tenha feito ele continua a ser meu pai. E mesmo que eu não admita, secretamente perdoei-o. Nunca na vida alguém conseguirá passar o resto dos seus dias a odiar os seus pais por causa se um passado. 
Abri a porta do quarto e fechei-me lá dentro. Objectivo de hoje: Não sair daqui enquanto o meu pai não se for embora. 
O ano que aqui passei serviu para pensar bastante. Também tomara que podia eu aqui fazer sozinha? Não me arrependo-me de ter vindo para aqui. Esta mudança fez com que eu percebesse coisas que nunca tinha percebido. Mas sobretudo fez-me perceber que o ódio não nos leva a lado nenhum. E por esse mesmo motivo já perdoei a minha família mesmo que eles não o saibam. Ao menos se um dia morrer, morro de consciência tranquila e sem remorsos de ninguém. Sou pessimista? Um pouco, mas também me considero realista. Passado é passado e tem de ser assim que ele tem de permanecer. 
Os meus pensamentos são bastante confusos mas é como eu me sinto neste momento... confusa. Talvez agora e desde que aqui cheguei. Foram tantas mudanças num curto prazo de tempo que o meu cérebro não teve tempo de assimilar cada pormenor e além disso assim que está tudo a ir ao sítio acontece algo que destabilizada tudo por completo.

| Continua....

Nada de especial eu sei mas eu escrevi este capítulo tendo em conta o meu estado de espírito neste  momento. 
Eu estou tal e qual a Sienna... confusa e a tentar assimilar cada detalhe da realidade.

Espero que estejam a gostar da FIC 

The Island | N.H.Where stories live. Discover now