"Eu acho que você está sendo infantil."
"Uma pena eu não ter pedido sua opinião."
"E mesmo assim continua conversando comigo. Se sente solitário, Thresh? Sei que é chato ter apenas almas amedrontadas para conversar."
Thresh estava a minha frente, em pé com o rosto a alguns centímetros do meu, fazendo com que fosse possível até sentir o toque de suas chamas espectrais. Suas correntes me prendiam com força, me mantendo de cabeça para baixo do teto, fazendo o guardião me observar com divertimento.
"Você fala demais. Que tal se começar a gritar?"
Com um puxão, ele apertou ainda mais as correntes em meu corpo. A dor ela agonizante, mas eu jamais deixaria ele ganhar. Então eu comecei a rir.
"Esse não é o tipo de som que eu gosto de escutar saindo da boca de minhas vítimas."
"Hahahahah. Desculpa. Eu acho hilário como você se esforça para ser alguém em uma ilha amaldiçoada. Eu até bateria palmas, mas minhas mãos estão meio ocupadas."
Mal sabia Thresh que eu conhecia mais sobre ele do que esperava. Em minhas aventuras pela Ilha eu encontrei a antiga biblioteca arcana, e nela, todos os registros sobre ele, o tenebroso espectro conhecido como Thresh. Ele já foi um homem simples, embora problemático, que trabalhava como guardião de uma ordem fundada na Ilha das Bênçãos. Os mestres da ordem reconheceram os longos anos de serviço que Thresh havia prestado e incumbiram a ele a custódia de alguns cofres escondidos sob a cidade de Helia. Lá, uma coleção secreta de artefatos perigosos era guardada a sete chaves. Por ser incrivelmente determinado e metódico, Thresh foi considerado apto para o serviço... Porém, já naquele tempo, suas tendências cruéis haviam sido notadas por seus companheiros. Embora essas tendências ainda não tivessem se manifestado de forma homicida (ou, pelo menos, não de forma que deixasse provas), muitos de sua ordem o excluíam.
Ficou claro que Thresh havia recebido uma tarefa que o afastaria de outras pessoas, impedindo que ele ganhasse o reconhecimento que julgava merecer. Após tantos anos solitários na escuridão, Thresh foi se tornando um homem cada vez mais ressentido e invejoso, patrulhando os longos corredores com seu cajado-lanterna e tendo como única companhia seus pensamentos amargurados.
Sua oportunidade surgiu quando os exércitos de um rei louco conseguiram atravessar o véu das névoas e chegar às Ilhas das Bênçãos sem que fossem convidados. Thresh se deleitou com a carnificina que essa visita indesejada provocou. O rei invasor se mostrou obcecado pela ideia de ressuscitar sua falecida rainha, e Thresh o levou de bom grado até as famosas Águas da Vida.
Apenas aqueles presentes na ocasião poderiam relatar o que realmente aconteceu quando o rei depositou o corpo sem vida da esposa nas Águas. No entanto, as consequências desse evento estremeceram Runeterra por completo. Uma onda catastrófica de energia maligna surgiu, envolvendo Helia e se alastrando rapidamente pelo resto das Ilhas das Bênçãos. Assim, a névoa que um dia protegera as pessoas se tornou sombria e letal. Todos os seres vivos em seu caminho sucumbiam em um instante. Mesmo assim, seus espíritos não podiam seguir em frente, aprisionados em uma nova existência macabra entre a vida e a morte. O próprio Thresh foi um dos primeiros atingidos. Porém, enquanto os outros gritavam de desespero, ele se deliciava com seu destino.
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Coletânea Loltubro 2020
Random**Versão 2022 começou a ser lançada. Não deixem de dar uma olhada! Coletânea de oneshots escritas durante o mês de outubro com a lista do league of legends! Inicialmente postado no Spirit e escrito com a ajuda dos meus seguidores e as ideias que ele...