my eclipsed sun

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Maçã podre. Se James pudesse se comparar a algo seria isso, uma maçã jovem que havia apodrecido antes do tempo e havia caído de uma alta árvore. Ele se sentia assim não só pelo fato de que sua luta que havia sido algo sem vitória, mas também pelo fato de que ele não sabia para qual casa voltar.

Deveria ele adentrar a casa de sua amante e repousar na cama sem o calor do corpo dela, que se comparava ao sol, justamente agora que estava congelando devido a esse eclipse total que ela deixou para trás? Ou deveria ele rastejar de volta para casa que dividia com Betty? Cujo ar estava dominado pelas fumaças do fogo que ela havia ateado naquele ambiente, como uma arma fumegante, a prova irrefutável, de que ela havia disparado contra ele e tudo o que havia restado foi morte e cheiro de enxofre como consequências de suas próprias escolhas. Seu ateliê parecia ser a opção menos dolorosa no momento, mas antes ele precisava rastejar de volta para um tipo específico de beleza negra, que não era sua esposa.

Caminhando em direção do bar que ele conhecia tão bem, com as mãos dentro dos bolsos de sua jaqueta jeans, ele sentia nas pontas de seus dedos os dólares amassados enquanto um ricochete de memórias vinha lhe assombrar na forma de Betty feliz rodeando seus braços enquanto ambos dançavam em comemoração da compra daquela que seria a primeira propriedade deles como casal.

– E um brinde à nossa nova casa! – Betty falava erguendo a taça de vinho, ela estava no auge de seus vinte anos e com o cabelo ainda de tiara vermelha.

– Já deu muitos brindes, senhora Lancaster – Ele fala dando ênfase no sobrenome dela, pois era um pequeno lembrete de como James se orgulhava de seu casamento.

– Não me dê sermões, Sr. dança-na-rua-bêbado-no-meio-da-nossa-lua-de-mel! – Ela fala rindo se lembrando de James semanas atrás.

– Eu não estou nem um pouco a fim de lembrar disso, tá bom? – James fala rindo também se lembrando de seu estado de embriaguez – De preferência, finja que nem lembra.

– Eu irei sempre me lembrar de você – Betty fala sorrindo tímida e arrumando uma mecha do cabelo pondo-a atrás da orelha. Ela tinha sua forma de expressar amor de forma inesperada, o que era surpreendentemente romântico para ele. Poucas foram as vezes que ela continuou a se demonstrar daquela forma.


Por mais que fosse doce a lembrança, James tenta afugenta-las para assim sua mente o deixar descansar em paz, tudo era só mais uma lembrança de como ele escolheu dois caminhos e acabou em destino nenhum em sua própria vida. Ao chegar finalmente no bar, ele se livra dos dólares amarrotados e em troca leva para seu ateliê algo muito mais corrupto que dinheiro, algo que ele aprendeu a usar como abafador de seus problemas pessoais desde que sentiu o impacto de suas frustrações.


O tipo de pessoas que frequentavam cassinos de luxo em Las Vegas era como crocodilos o cercando – grande parte deles eram amigos de Betty que usavam roupas caras, relógios brilhantes e suas ações poderiam valer tanto quanto eles apostavam nas mesas de pôquer. Era apenas o segundo ano de casamento com Betty e ambos passaram a sair mais e interagir com as pessoas como um disfarce da solidão que estavam começando a sentir um com o outro, mas naquela época consideraram apenas como uma "abertura" em seu casamento.

– Garçom, mais uma bebida, por favor. – Levanta a mão fazendo o anúncio um dos novos amigos de Betty, Julian Fitzgerald, o mais novo milionário europeu em hospedagem na América. Ele tinha sotaque britânico e seus cabelos naturalmente ruivos chamavam atenção onde quer que fosse. Depois do seu pedido, ele joga os dados na mesa e consegue ganhar a aposta que fizera com o número ganhador.

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