Capítulo 6 - Coisas de Meninas

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Capítulo 6 – Coisas de Meninas

''Merda.'' Trixie pulou da cama, pegando suas roupas do chão.
''O que aconteceu?'' Disse Katya, tonta e sonolenta.
''Eles vão acordar a qualquer momento, tenho que voltar para o meu quarto.'' Trixie disse em voz baixa.
''Vamos dizer que tivemos uma festinha do pijama ou algo assim, volta para a cama, meu bem.''
''Katya nós moramos na mesma casa, por que faríamos uma festa do pijama?''
''Porque somos amigas e adolescentes?''
E então Trixie se tocou. Seus avós não tinham motivo para suspeitar que ela e Katya tivessem qualquer tipo de relacionamento além da amizade. Trixie terminou de vestir suas roupas e voltou para a cama, deitando-se ao lado de Katya.
''Ontem...'' Katya disse com um sorriso.
''Ontem.'' Trixie deu uma risadinha, acariciando o rosto de Katya.
''Foi tão bom para você quanto foi para mim?''
''Depende, quão bom foi para você?''
''Foi absolutamente incrível.''
''Então sim, foi tão bom para mim.''
As meninas riram e se beijaram, suavemente.
''Você disse que eu fui a melhor que você já teve ... isso é verdade ou algo que você disse no calor do momento? '' Trixie perguntou ..
''Eu quis dizer cada palavra, Trix.''

Antes que Trixie pudesse dizer mais alguma coisa, elas ouviram uma batida na porta.

''Katya, Trixie está aí com você?'' Donna disse do outro lado da porta.
''Merda! Eu preciso me vestir.'' Katya sussurrou para Trixie, enquanto desesperadamente colocava suas roupas de volta. ''Está sim! Tivemos uma festinha do pijama só nossa, coisas de meninas.''
''Coisa de meninas? Sério? '' Trixie sussurrou para Katya.
''Ok, o café da manhã está pronto! Venham antes que esfrie!'' Elas ouviram os passos de Donna se distanciando com o tempo.
''Essa foi por pouco.'' Trixie disse parecendo séria.

Katya olhou seriamente para ela por um segundo antes de cair na gargalhada e então, as duas se abraçaram.

''O que acha de irmos ''pescar'' no lago depois do café da manhã para comemorar seu aniversário?'' Trixie sussurrou no ouvido de Katya.
''Perfeito.''

Quando as meninas abriram a porta, Donna e George começaram a cantar parabéns a Katya, o que fez a garota corar. Ela nunca teve tanto amor em seu aniversário, nem mesmo de seus amigos. Ela definitivamente não estava acostumada com esse tipo de amor. A mesa do café da manhã era um banquete.

''Feliz aniversário, Kati!'' Disse George dando um abraço na garota.
' Obrigado pessoal, oh meu Deus. Vocês realmente não precisavam...''
''Querida, mas é claro que precisávamos! É seu aniversário, você merece!'' Disse Donna, convidando ela e Trixie para se sentarem à mesa.
''Muito obrigado. Sério.''

Assim que todos se sentaram, Donna lançou a bomba.

''Então, como foi sua festa do pijama na noite passada?''

Katya engasgou com a torrada e Trixie gaguejou antes que pudesse falar.

''Foi ... foi divertido! Muito divertido, nós conversamos sobre, você sabe, coisas de meninas'' Trixie usando o termo ''coisas de meninas'' fez Katya rir.
''Sim, estamos cada vez mais próximas. Eu arriscaria dizer que Trixie é minha melhor amiga.'' Katya olhou para Trixie, que estava sentada na frente dela e deu um sorriso sincero.
''Você também é minha melhor amiga.''
''Ah, é tão bom ver vocês duas se dando bem! Eu sabia desde o início que aquela rivalidade não duraria.'' disse Donna, inocentemente.

Trixie e Katya trocaram vários olhares durante o café da manhã, acariciaram as pernas uma da outra debaixo da mesa, às vezes quase esquecendo a presença dos avós de Trixie.
Depois que terminaram, as meninas agradeceram pelo café da manhã e correram para o estábulo para pegar Bárbara e ir até o lago. Desta vez, sentir o calor do corpo uma da outra as atingiu de uma forma completamente diferente. Elas não tiveram que conter o carinho e os beijos carinhosos. Parecia certo. No lago, elas se sentaram lado a lado no deck, os pés balançando na água.

''Então ...'' Katya olhou para Trixie.
''Então...você realmente gosta de garotas.''
''Eu gosto. Eu gosto de você.''
''Quando você percebeu?''
''Depois que eu parei de te odiar. Sei que eu posso ser mimada às vezes, mas o jeito que eu brigava com você por coisas pequenas e estúpidas ... Quer dizer, depois que a raiva passou, percebi que realmente gostava muito da sua companhia. Mais do que gostaria de admitir. E quando você me beijou, bem aqui neste mesmo lugar...eu surtei, porque eu realmente...gostei. Mas eu nunca tinha questionado minha sexualidade antes. Porque eu gosto de meninos. Mas descobri que também gosto de meninas. Nesse caso, gosto da Trixie. Eu gosto muito de você.''

Trixie sorriu tão abertamente que sua mandíbula doeu.

''Eu tinha tanto medo me machucar, Katya. Isso é um alívio, estou tão feliz que você esteja sendo honesta comigo. Eu também gosto muito de você.''

Elas se inclinaram uma para a outra para dar um beijo lento e apaixonado. Em questão de segundos, Katya estava no colo de Trixie, uma perna de cada lado do corpo. De repente, Katya perdeu o equilíbrio e caiu de costas dentro do lago.

''Merda, porra!'' Ela disse emergindo à superfície.
''Hahaha, querida, esse é o meu efeito sobre você?'' Trixie disse, rindo alto.
''Muito engraçado.'' Katya puxou Trixie pelos pés, arrastando-a para o lago.
''Oh meu Deus, Katya! ''

Ambas as meninas estavam rindo alto. Katya envolveu as pernas em volta da cintura de Trixie e as mãos em seu pescoço. O beijo foi molhado, mas quente. Trixie estava segurando Katya o mais perto que podia, e então uma voz os pegou de surpresa.

'' Trixie? ''

Era George. Ele estava segurando duas varas de pescar, aquelas que Trixie e Katya se esqueceram de levar para a sua ''pesca''.

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Trixie e Katya estavam encharcadas, sentadas no sofá da sala. Donna estava pálida, sentada em uma poltrona do outro lado da sala, parecendo apreensiva.

''Isso é culpa sua. Você corrompeu nossa garotinha. Trixie nunca tinha feito tal coisa, tal pecado. Você entrou na nossa casa e destruiu nossa neta!'' George gritou com Katya.
''Eu não fiz nada!'' Disse Katya, chorando.
''Cala a boca! Você já fez o suficiente. Dennis vai buscar você esta noite para levá-la de volta para casa.''
''O quê?'' Trixie gritou, também chorando.
''Trixie, isso não é da sua conta, querida.'' disse Donna, tentando manter a calma.
''Claro que é! Ela é minha amiga!''
''Não fazemos amizade com esse tipo de pessoa, Beatrice. Por favor, fique fora disso.'' George disse.
''Katya, vou ter que pedir a você para ficar em seu quarto até a noite, quando Dennis chegar para buscá-la. Estou muito decepcionada com você.'' Disse Donna.
''Eu estou decepcionada com você! Eu sabia que seus vizinhos eram filhos da puta que tentaram levar vocês à falência, mas vocês...''
''Espera, o que você quer dizer com...falência?'' Trixie perguntou, parecendo confusa.
''Ah, sim, Trixie. Eles se esqueceram de dizer que aquele idiota do avô do Harry quer fazer você se desculpar publicamente e admitir que você estava mentindo sobre ser abusada sexualmente.''
''Calma... isso é verdade? '' Trixie olhou para os avós, chorando ainda mais.
''É, querida. Lamento não ter contado antes.'' Disse Donna, olhando para baixo.
''Meu Deus. Isso é demais.'' Trixie saiu e bateu a porta do seu quarto.

A sala ficou em silêncio por alguns minutos, até que Katya se levantou e foi para seu quarto.
As horas passaram mais devagar do que nunca. Nenhuma das meninas conseguia parar de chorar, em seus respectivos quartos. Elas lamentaram não ter sido mais cuidadosas. Justamente quando elas finalmente estavam certas sobre seus sentimentos uma pela outra, algo tinha que acontecer. Donna e George não eram pessoas ruins, eles simplesmente não entendiam seu amor. Mas tinha um preço muito alto e eram as meninas que pagariam.
  Quando o sol estava se pondo, Donna bateu na porta de Katya para devolver seu telefone e dizer que Dennis havia chegado.

''Posso pelo menos me despedir da Trixie?'' A garota estava com os olhos marejados.
''Sim você pode. Mas seja rápida, se George te ver ... ''
''Ok.'' Katya interrompeu a mulher, indo direto para o quarto de Trixie. A garota estava sentada na janela, olhando o pôr do sol.
''Ei. Estou indo embora.''

Trixie correu até a outra garota e a abraçou o mais forte que pôde.

''Eu não quero que você vá.'' Trixie começou a chorar de novo.
''Eu também não quero ir. Trixie ...'' Katya as separou e segurou o rosto de Trixie em suas mãos. ''Eu te amo.''
''Eu também te amo.'' Trixie puxou Katya para mais perto dela e a beijou. Era seu beijo de despedida. ''Por favor, me liga quando chegar em Boston. Eu não quero desistir de nós. Por favor, não se esquece de mim, Katya.''
''Como eu poderia esquecer você?'' Katya disse, acariciando a bochecha de Trixie, enxugando suas lágrimas. ''Você é minha pessoa favorita no mundo. Nós vamos dar um jeito. Eu prometo.''

Donna bateu na porta e então Katya soube que era sua hora de ir. Ela beijou a testa de Trixie uma última vez e saiu. Ela nunca mais viu o rosto de George depois da discussão. Donna parecia dividida, Katya não sabia como ela estava se sentindo ou o que estava pensando, mas ela dse despediu de Katya de qualquer maneira.
A viagem para o aeroporto foi pior do que quando Katya chegou à fazenda. Deixar Trixie foi pior do que deixar Boston, seu ex, seus amigos. Não havia comparação. Ela não percebeu o quanto amava aquela garota até ter que dizer adeus a ela. Foi doloroso, muito doloroso.
Katya estava sentada no avião, esperando que ele partisse, para que pudesse retornar à sua vida terrível, porém mimada, em Boston. De repente, uma garota loira com um vestido rosa-pêssego e uma bagagem terrivelmente velha e feia chamou sua atenção.

''Com licença, senhor, obrigado. Eu sinto muito, senhora. Oh, Deus, sinto muito, senhor.''

Era ela. A menina caipira que roubou seu coração. Katya pensou que estava tendo alucinações. E então ela se sentou ao seu lado. Suas bochechas estavam vermelhas, seus olhinhos castanhos tinham um brilho que iluminava todo o ambiente.

''É uma longa história, meu amor.''

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