Capítulo 4

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24 de Dezembro de 2011

Eram 5 horas da manhã quando Noah apareceu na casa dos Backer com uma caixa de biscoitos caseiros que sua mãe fazia para o natal. Cora o viu chegando com a sua bicicleta azul, e logo desceu para abrir a porta pro amigo. Seus pais desconheciam aquele encontro quase matinal, o que fez os dois tremerem de medo ao montar o plano de fuga. Para a felicidade juvenil dos amigos, a mãe de Noah tinha um sono tão pesado quanto o dele, já os pais de Cora dormiam ao som de músicas suaves para melhorar a qualidade do sono, algo que sua mãe havia lido na revista Caras e que havia dado certo para ambos. Então, os dois subiram as escadas de fininho e se direcionaram ao quarto de Cora.

— Se eu ficar de castigo a culpa vai ser sua! — Falou Noah, preocupado.

Sentaram-se na cama e abriram a caixa de biscoitos, que cheirava a baunilha com leite.

— Você é um grande medroso Haon... — Falou cora com a boca repleta de biscoito.

— Então, é o seguinte, ano passado meu plano de tirar o BV não deu muito certo, pois você é bem desqualificado no quesito cupido, mas eu já perdoei você; Até porque se não fosse por você eu não teria conhecido o Léo. Estamos ficando a mais de um ano, escondido das nossas mães, e por Deus, elas não podem descobrir, ao menos não por enquanto. Mas hoje quero fazer algo especial para comemorar nosso primeiro beijo e preciso da sua ajuda.

— Você não precisou da minha ajuda pra beijar um cara que mal conhecia.

— Noah! — Reclamou Cora.

— Tá bom, rainha Cora, mil desculpas. — Falou Noah com uma reverência.

Noah com o tempo foi percebendo que beijar em beijar cora àquela noite foi um ato fora do comum até mesmo pra ele. Muitas vezes ao longo dos meses, ele voltava a lembrar daquele beijo e mais ainda do que sentiu ao pegá-los no flagra. Cora era sua quase irmã e ele não podia sentir nenhum mínimo sentimento carnal por ela. Deve ser a puberdade, pensou. Então tentou esquecer o que havia acontecido e o que estava sentindo, mas o que ele não esperava era que sua amiga estivesse apaixonada, e esperava menos ainda que se incomodaria profundamente com isso.

— Noah, você precisa me ajudar! — Implorou Cora

— Você realmente gosta dele? — Perguntou mesmo sabendo a resposta.

— Muito!

— Então claro que ajudo! — Deu um sorriso, forçado.

Cora tinha tudo em mente, o lugar, as flores, o que ela iria dizer e tudo aquilo que tornaria perfeito este momento. Então aproveitou que o natal daquele ano seria na casa dos seus avós e montou uma singela surpresa no quintal da sua casa, no mesmo lugar e no mesmo horário que se beijaram. Cora gostava muito do Léo, assim como ele gostava muito dela, se viam apenas nos feriados, quando suas mães juntavam as duas famílias para festejar. Mas se falavam todos os dias pelo MSN.

Uma hora antes da meia noite, Cora saiu da casa da avó, passou na casa de Noah que morava ali perto e os dois, juntos de bicicleta, partiram para casa. O quintal da residência dela estava repleto de luzes de natal, e ao meio, foi localizada uma mesa de varanda, com um retroprojetor que projetava fotos tiradas durante o ano pelo casal. Dali a alguns minutos, como combinado, Léo chegaria, o que fez Cora ficar ainda mais nervosa. Estava tudo pronto, e devia muito daquilo ao seu amigo.

Noah passou o dia e a tarde de natal planejando e montando luzinhas no quintal da casa de Cora enquanto ela surtava e desistia da surpresa a cada quinze minutos. Noah era um amigo dos mais fiéis possíveis, e seria ainda mais se não estivesse apaixonado. Era um sentimento que o causava medo e que ele sabia não ser correspondido. Entendia acima de tudo que amar é ver a pessoa feliz mesmo estando com outra, e aos 13 anos ele sabia que estar apaixonado pela melhor amiga era uma burrada das grandes. Ele poderia sair dali sendo o único magoado, mas corria quaisquer riscos, se fosse necessário, para não corromper sua amizade com Cora, afinal, ela ainda era sua melhor amiga.

A lista de desejos de Cora BeckerWhere stories live. Discover now